Capítulo 59.

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 Bom dia Ray! 

 Bom dia Paty! Me desculpe pelo atraso, Maycon não me dá uma folga. 

 Entendo safadinha! - Sorrimos.

Guardo minha bolsa e vou até o provador, como eu sai correndo de casa não me arrumei direito. Dou uma ajeitada no cabelo e pronto. Ontem eu já havia feito o cadastro da mercadoria, então hoje era mais simples. 

Fiquei alguns minutos observando as meninas, mas já estava ficando cansada e com dores nas pernas. Então aproveitei para fazer alguns pedidos, por sorte, era sentada. Paty e eu conversamos bastante, ela disse que sua mãe estava com saudades de mim. Prometi que qualquer dia desses iria visita-lá.

O dia estava passando bem devagar, mas graças a Deus já era a hora do almoço.

 Paty, já estou indo almoçar. Quer que eu traga alguma coisa pra você? 

 Brigadeiro amiga, hoje eu estou com vontade de comer gordice! 

 Já é! 

— O que é isso, Já é? - Paty faz uma careta engraçada.

 Mania dos meninos. - Gargalho e saio andando.

Vou até a lanchonete mais próxima. Compro três brigadeiros pra Paty, e para mim apenas um salgado e uma coca-cola. Me sento na cadeira e começo a comer meu "almoço" sem pressa. Aproveito para dar uma olhada no meu celular. 

Assim que termino, pago pelo meu pedido e me retiro. Penso em ir até a praia dar uma olhada naquele lindo mar, mas o meu coração aperta e acabo travando. Sinto falta da minha mãe, do meu pai, da Judith e da minha cadelinha Lua, todos estão bem longe daqui. Melhor eu voltar para a loja!

Caminho lentamente. Passo na frente de várias lojas e uma delas me chama a atenção, é uma loja infantil. Fico observando de longe, mas sinto como se alguma coisa me mandasse entrar. Extinto talvez, não sei. Vou em direção a mesma e entro. Logo uma moça se aproxima.

 Boa tarde, senhorita! Posso ajudá-la?

 Obrigada! - Sorrio e me retiro da loja. 

Respiro fundo e volto as pressas para a loja. Onde é que eu estava com a cabeça de entrar em uma loja de bebe ? Devo estar pirando, só pode. Encontro Paty sentada mexendo no computador, passo por ela e deixo os brigadeiros.

 Obrigada, baby! - Ela sorri.

 Por nada, amore. - Sorrio de volta.

 Ray, você notou como hoje está movimentado? 

 Mas aqui sempre foi movimentado! 

 Não, você não entendeu. Eu to dizendo lá fora, acabou de passar vários carros de polícia. Você não viu?

 Não! - Digo nervosa. — Paty, você viu em que direção eles foram? - Pergunto apreensiva.

 Sim. Ray, eles foram na direção da Rocinha.

O que?  Isso não pode estar acontecendo, não pode ser verdade. Saio correndo para a rua, pego meu celular e disco o número do Maycon, ele não atende. Tento no celular da Carla, do Douglas e nada de eles me atenderem. Volto para a loja desesperada.

 Paty! - Grito e ela está me olhando triste.  Eu vou, minha favela precisa de mim. - Deixo uma lágrima escapar e ela assente, vem até a mim e me abraça fortemente. 

 Se cuida Ray, por favor. Sei que eu não fui a melhor e nunca vou ser, mas você é muito importante para mim!

 Eu amo você amiga! - Nos separamos e eu sai. 

Corri até onde se encontrava a moto, montei na mesma e sai rasgando. Andei o mais rápido possível, passei por todos os sinais vermelho. Até chegar no morro, não acreditei no que eu estava vendo. 




A força do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora