A força do amor

Capítulo 27.

Abro meus olhos lentamente e vejo Maycon me encarando.

— Bom dia princesa!

— Bom dia! O que tanto olhava? - Pergunto sorrindo.

— O quanto tu é novinha e muito gata!

— Não sou tão novinha assim, e muito obrigada pelo gata. - Me levanto da cama.

— Claro que é! Ou vai me dizer que se acha velha com 16 aninhos?

— Que nada, estou aprendendo muita coisa nessa idade.

Dou uma piscadinha e me enrolo em um lençol, já que a noite passada dormi nua.

— E eu estou adorando ensinar! Viu, tu fica melhor sem esse pano ai. - Disse com um sorrisinho sacana no rosto.

Fui até a beirada da cama e peguei um travesseiro que havia ali, joguei o mesmo em Maycon e corri em direção ao banheiro, só deu para ouvir ele gritar.

— Ousada! Eu vou te pegar viu Rayanne.

— Uhum, tenta a sorte! - Digo quase morrendo de dar risada.

Ouvi passos e corri para trancar a porta do banheiro. Fiquei lá quietinha, mas por dentro estava adorando. Eu só espero que ele não tenha outra chave. Escuto o barulho da maçaneta, olho para a mesma e a vejo girando.

— Espertinha! Tu trancou a porta, mas uma hora tu vai ter que sair dai e eu vou te pegar.

Não respondi. Comecei a tomar banho, me ensaboei toda e depois me enxaguei. Aproveitei para lavar o meu cabelo, que mesmo sendo liso, não estava um dos melhores.

Desligo o chuveiro e vou procurar uma toalha, droga! Não acredito que esqueci.

— Maycon?

— Que é?

— Será que você poderia me trazer a toalha? Eu esqueci.

— Tu vai ter coragem de sair desse banheiro? Já esqueceu que tu tacou um travesseiro na minha cara?

— Me desculpa, Mayquinho lindo do meu coração. - Digo dando risada.

— Beleza, tu me convenceu!

Posso ouvir o barulho da gaveta do guarda-roupa sendo aberta, sinal que ele vai mesmo trazer, ufa.

— Aqui Rayanne, a toalha!

Abro um pedacinho da porta, e pego a toalha.

— Obriga...

Maycon me puxa pelo braço e faz com que nossos corpos fiquem colados.

— E agora em? - Ele pergunta sério.

Eu não aguento e começo a gargalhar, tento sair dos braços dele e correr para o banheiro. Mas não adianta.

— Me solta, eu juro que não faço mais isso. - Sinto minha barriga doer de tanto rir.

— Com uma condição!

— E, qual é?

— Um beijo.

No mesmo instante, meu coração disparou e minha expressão ficou séria. Senti um medo enorme de me machucar, já que eu sou apaixonada por ele, uma pessoa que nunca vai me levar a sério.

— E se eu não te der o beijo?

— Ai eu não vou jogar limpo. E tu não teria muita escolha. - Diz com os olhos semicerrados.

— Você não teria coragem!

— Tá me desafiando novinha?

— Sim, e estou também duvidando de você.

Sorrio, pensei que ele fosse permanecer sério, mas me enganei. Ele abriu um dos sorrisos mais lindo que eu já vi.

Nesse momento ele segurava o meu braço, mas me soltou e me pegou pela cintura. Me encostou na parede e começou a me beijar loucamente, nossa como é bom sentir o beijo dele, eu explorava cada canto da boca dele, aproveitei ao máximo. Ele separou nossos lábios e me olhou.

— Tu é linda, tem um corpo lindo. - Disse olhando para mim que ainda estava nua, já que não deu tempo de me enrolar a toalha.

— Não sabia que o dono do morro sabia elogiar.

Resolvi provocar ele um pouquinho, queria ver até onde ele chegava.

— E, porque tu acha isso Ray?

Me distanciei um pouco, peguei a toalha e a enrolei em mim. Sabia que iria cortar o clima, mas eu precisava falar.

— Uai, porque você não é o fodão? Vive em um mundo, rodeado de drogas e armas. Tem várias mulheres em cima de você. Bate, grita, xinga quando desrespeitam você. Igual você fez comigo lembra? Não quer nada sério com ninguém e acaba iludindo as pessoas.

Logo após ele escutar aquilo, seu semblante mudou. Mas não consegui identificar muito bem, havia um pouco de tudo nele. Ficou alguns segundos em silencio até que disse:

— Se eu cheguei até aqui, foi por puro mérito meu. Pode perguntar pra quem tu quiser aqui, eu não maltrato ninguém do meu morro, a não ser claro, quem me desafia. Eu fui treinado pra ser o que eu sou, tá ligada? Eu não iludo ninguém, elas que se ilude sozinha. Nunca dei esperanças pra nenhuma dessas putas. Tu me chamou de monstro uma vez, lembra? Cada um pensa da maneira que quiser, mas tu pode ter certeza, que mesmo eu não me prendendo a uma mina só, eu já disse e vou dizer de novo. Tu não é como as putas daqui, eu posso não valorizar mas eu reconheço e respeito seus sentimentos por mim, tendeu?

Fiquei sem reação com cada palavra que ele disse.

— Se eu te chamei de monstro, foi porque eu realmente não te conhecia.

Abaixei a cabeça e senti meus olhos encherem de lágrimas. Maycon colocou uma das suas mãos em meu queijo e levantou minha cabeça.

— Ei, relaxa!

— Você não é igual a o César, esse sim é um monstro.

— O que tu disse? César fez alguma coisa com tu Rayanne?

Ele estava com raiva, muita raiva. Não acredito que eu deixei escapar isso!