— Leandro, eu queria conversar com você.
— Opá, pode falar prima.
— Sabe, eu já estou cansada de ser sempre a menininha indefesa. Primeiro foi uma garota aqui do morro, Bianca o nome dela. Logo quando eu comecei a frequentar a favela, ela já veio cheia de marra para cima de mim, nós duas já se pegamos no meio da rua, eu particularmente acho isso horrível. Mas é que ela estava pedindo para levar uma surra, em seguida foi o César. Eu não contei para o Maycon, mas não é a primeira vez que ele tenta me estuprar. Ele me ameaçou caso eu contasse. Se você não tivesse chegado naquela hora, o que seria de mim? Aposto que ele teria me matado ali mesmo. - Digo inconformada e com os olhos marejados.
— Eu te proponho uma coisa.
— O que?
— Que tu aprenda a atirar, mexer com armas. Desde a pequeno porte, até as maiores. Caso aconteça alguma coisa, tu mesma faça o trabalho. Vou te ensinar a ser mais fria, não sentir dó e nem remorso depois da primeira morte.
— Assim como você e Maycon? Quando eu vi vocês dois ontem, não parecia com o Maycon que eu conheço e com você que eu conheci hoje.
— Exatamente. E ai, tu topa?
— Eu não quero perder a minha essência.
— E não vai! Só vai se formar em uma patroa respeitada, temível. E ai, tu aceita?
— Beleza, eu topo. Com quem eu vou aprender?
— Comigo.
— Tá louco mano? Já falei que eu não quero a Rayanne nessa vida. - Maycon diz entrando na cozinha.
— Mano ela precisa aprender, tu mais do que ninguém sabe como é foda. E outra, e se acontece alguma coisa, e tu não consegue chegar a tempo?
— Eu não sei não Leandro, não é uma boa. Depois que começa, ela não vai mais querer parar.
— Amor olha pra mim! Eu não vou me treinar pra sair matando o morro inteiro, é apenas para a minha proteção. - Digo olhando para ele e Maycon cossa a nuca confuso.
— Só pra sua proteção! - Ele diz e eu sorrio pra ele.
— Quando podemos começar? - Pergunto animada para Leandro.
— Agora!
— Então, bora!
Sigo os dois até o nosso quarto, ao entrar. Maycon arrasta nossa cama. No chão havia tipo de um sótão, ele pegou uma chave e abriu o cadeado. Meu Deus! Havia muitas armas, coisas que eu nunca tinha visto na vida. Leandro me olha com uma cara engraçada e Maycon balança a cabeça em um gesto negativo.
Não sei se essa foi uma decisão correta, mas eu preciso disso. Eles pegam algumas armas, de diferentes tipos e tranca novamente aquele lugar. Maycon arrasta a cama e nós subimos para parte de cima, onde ficava a piscina. Carla veio correndo logo atrás.
— Vai aprender também? - Pergunto sorrindo.
— Eu já sei.
— Serio? - Fiquei incrédula, nunca imaginei ela com uma arma na mão.
— Sim, aprendi logo depois que papai morreu.
Permaneci em silêncio. Carla nunca havia falado de seu pai para mim, essa foi a primeira vez. Chegamos e eu fui logo me ajeitando, Maycon e Carla se sentaram na cadeira e eu fiquei ao lado de Leandro.
— Tu vai começar com um porte menor, com a 38. Segura firme, mira e atira. Eu quero que tu acerte naquela parede toda pipocada lá. - Ri e assenti.
— Assim? - Pergunto, enquanto a seguro mirando na parede.
— Sim. Na hora em que tu atirar, vai sentir um impacto. Por isso, tu precisa segurar firme.
Concordo com a cabeça e me posiciono. Engatilho, assim como ele manda. Miro novamente e atiro. Nossa que sensação estranha, mas boa.
— Uau! - Maycon deixa escapar.
***
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A força do amor
Novela JuvenilUma história de romance, onde mostra que o amor supera qualquer dificuldade e barreiras que a vida coloca em seu caminho. Maycon e Rayanne, duas pessoas completamente diferentes, onde o destino mostra que são capazes de amar um ao outro, sem que nad...