Capítulo 52.

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 Leandro, eu queria conversar com você. 

 Opá, pode falar prima.  

 Sabe, eu já estou cansada de ser sempre a menininha indefesa. Primeiro foi uma garota aqui do morro, Bianca o nome dela. Logo quando eu comecei a frequentar a favela, ela já veio cheia de marra para cima de mim, nós duas já se pegamos no meio da rua, eu particularmente acho isso horrível. Mas é que ela estava pedindo para levar uma surra, em seguida foi o César. Eu não contei para o Maycon, mas não é a primeira vez que ele tenta me estuprar. Ele me ameaçou caso eu contasse. Se você não tivesse chegado naquela hora, o que seria de mim? Aposto que ele teria me matado ali mesmo. - Digo inconformada e com os olhos marejados.

 Eu te proponho uma coisa.

 O que?

 Que tu aprenda a atirar, mexer com armas. Desde a pequeno porte, até as maiores. Caso aconteça alguma coisa, tu mesma faça o trabalho. Vou te ensinar a ser mais fria, não sentir dó e nem remorso depois da primeira morte. 

 Assim como você e Maycon? Quando eu vi vocês dois ontem, não parecia com o Maycon que eu conheço e com você que eu conheci hoje.

— Exatamente. E ai, tu topa? 

 Eu não quero perder a minha essência.

 E não vai! Só vai se formar em uma patroa respeitada, temível. E ai, tu aceita?

 Beleza, eu topo. Com quem eu vou aprender?

 Comigo. 

 Tá louco mano? Já falei que eu não quero a Rayanne nessa vida. - Maycon diz entrando na cozinha. 

 Mano ela precisa aprender, tu mais do que ninguém sabe como é foda. E outra, e se acontece alguma coisa, e tu não consegue chegar a tempo? 

 Eu não sei não Leandro, não é uma boa. Depois que começa, ela não vai mais querer parar.  

 Amor olha pra mim! Eu não vou me treinar pra sair matando o morro inteiro, é apenas para a minha proteção. - Digo olhando para ele e Maycon cossa a nuca confuso.

 Só pra sua proteção! - Ele diz e eu sorrio pra ele. 

 Quando podemos começar? - Pergunto animada para Leandro. 

 Agora!

 Então, bora! 

Sigo os dois até o nosso quarto, ao entrar. Maycon arrasta nossa cama. No chão havia tipo de um sótão, ele pegou uma chave e abriu o cadeado. Meu Deus! Havia muitas armas, coisas que eu nunca tinha visto na vida. Leandro me olha com uma cara engraçada e Maycon balança a cabeça em um gesto negativo. 

Não sei se essa foi uma decisão correta, mas eu preciso disso. Eles pegam algumas armas, de diferentes tipos e tranca novamente aquele lugar. Maycon arrasta a cama e nós subimos para parte de cima, onde ficava a piscina. Carla veio correndo logo atrás. 

 Vai aprender também? - Pergunto sorrindo.

— Eu já sei. 

 Serio? - Fiquei incrédula, nunca imaginei ela com uma arma na mão.

 Sim, aprendi logo depois que papai morreu.

Permaneci em silêncio. Carla nunca havia falado de seu pai para mim, essa foi a primeira vez. Chegamos e eu fui logo me ajeitando, Maycon e Carla se sentaram na cadeira e eu fiquei ao lado de Leandro. 

— Tu vai começar com um porte menor, com a 38. Segura firme, mira e atira. Eu quero que tu acerte naquela parede toda pipocada lá. - Ri e assenti. 

 Assim? - Pergunto, enquanto a seguro mirando na parede. 

 Sim. Na hora em que tu atirar, vai sentir um impacto. Por isso, tu precisa segurar firme.

Concordo com a cabeça e me posiciono. Engatilho, assim como ele manda. Miro novamente e atiro. Nossa que sensação estranha, mas boa. 

 Uau! - Maycon deixa escapar.

***



A força do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora