Madness

Capítulo 1

"Voo 187 com destino a Toronto pronto para embarcar." Informa uma voz feminina e aguda pelos altifalantes por todo o aeroporto.

Chegou o grande dia, os meus joelhos tremem e a minha ansiedade aumenta, a minha primeira viagem de avião e ainda por cima, uma longa viagem. Devia ter visto no Google a probabilidade do meu avião se despenhar, afinal vou estar várias horas no ar e se numa viagem de 2 horas um avião pode despenhar-se a probabilidade aumenta num voo de quase 10 horas.

"Deixa de ser maricas Anna." O meu subconsciente troça.

Inspiro profundamente e começo a avançar para a porta de embarque, e antes que dê por isso já estou com os dois pés dentro do avião e à procura do meu lugar. Passam apenas poucos segundos até uma hospedeira me perguntar se está tudo bem com um sorriso de orelha a orelha. Respondo educadamente que sim e peço uma garrafa de água. Retiro da minha bolsinha de mão um comprimido para dormir e dou um golo na garrafa. Felizmente a minha mãe insistia sempre  que eu levasse um em todas as viagens, em pouco mais de meia-hora já estou a dormir. Quando acordo olho para a janela do meu lado esquerdo e noto que já é de noite, passou quase meio dia desde que adormeci. Verifico as horas e tinha razão, já são oito da noite, falta uma hora e alguns minutos para aterrar em Toronto.

"Meu Deus Anna, dormiste quase um dia inteiro, podias ter feito tanta coisa nessas horas, como ler o programa da faculdade.. e desperdiçaste-o a dormir!". Resmungo para mim própria, repreendendo a minha atitude assustadiça perante o voo.

"Boa noite, aqui tem o nosso menu de jantar da classe económica, já passo por a menina outra vez para anotar a sua refeição.". Informa-me uma hospedeira de surpresa que nem tinha notado a sua presença.

"Muito obrigada." Respondo-lhe com gentileza e com um sorriso forçado, porque no fundo não tinha apetite, mal tinha acordado e já estava submersa de ansiedade de ainda faltar uma hora para aterrar.

....

Mal saio do aeroporto a primeira coisa que faço é chamar um táxi para me levar para o campus da Universidade, mal posso chegar lá e instalar-me. A viagem demora cerca de meia-hora devido ao trânsito e o motorista é bastante gentil e ocasionalmente pergunta se está tudo bem e outras perguntas de meter conversa.

Finalmente chego ao campus e vou directa ao edifício central procurando indicações para o meu dormitório, que sendo honesta, foi bastante fácil de encontrar. Abro a porta e o dormitório está vazio, a minha futura colega ainda não chegou, logo posso escolher a cama e o lado do dormitório que prefiro. Não é nada de outro mundo o quarto, lembra-me o quarto da minha mãe, espaçoso para duas pessoas, com paredes brancas, e os clássicos móveis que um dormitório já tem incluindo, duas camas de madeira falsa, duas mesas de cabeceira, dois pequenos armários e duas secretárias com cadeiras. Mesmo sendo assim tão simplista, por agora, já me sinto em casa.

Desfaço as minhas malas e escolho o lado direito do dormitório para ser o meu novo cantinho. Arrumo a roupa no armário e meto alguns livros em cima da secretária.

....

Acordo com o abrir da porta, e a minha primeira visão é uma rapariga de cabelos acastanhados com toques de ruivos e um grande sorriso.

"Oh, peço desculpa por te ter acordado, não sabia se já tinha chegado alguém!" Afirma a rapariga com um grande sorriso.

"Não faz mal." Sorrio-lhe gentilmente.

"Chamo-me Rebecca e tu?" Pergunta-me a minha nova colega de quarto.

"Anna."

"Olá Anna, bem parece que vamos ser colegas de quarto durante este ano todo, mais vale já indo conhecendo-nos." Sorri carinhosamente a rapariga de cabelos fogosos, a minha mais recente amiga.