Após a encomenda o Cameron chamou o resto da equipa de segurança que estava a vigiar o perímetro.
"Quero uma análise completa, impressões digitais, cabelos, tudo, porra eu até quero saber quem fez o vestido." Ele ordenava num tom alto e rude.
Eu estava congelada, sentada na minha cama, enquanto homens fardados e armados andavam de um lado para o outro. Estava petrificada na minha própria bolha, tudo ao meu lado parecia andar a outra velocidade e eu em câmara lenta, parada no tempo.
"Vamos." O Nathan não espera por um resposta minha, pega-me na mão e puxa-me para fora do dormitório.
Andámos até ao seu SUV e mal me sentei ele conduziu para longe, tão rápido que deixei de ver o dormitório em minutos. Encostei a cabeça ao vidro duro do carro e deixei o meus pensamentos consumirem-me.
Volto ao mundo real quando vejo ao longe a casa branca com proporções enormes, a tal mansão, a casa da mãe do Nathan. Ele estaciona na garagem, que tinha mais três carros lá dentro, um SUV preto, um Porsche preto brilhante, e um carro de outro marca que não reconheci, tinha um tridente como símbolo e era prateado. O Nathan dá a volta ao carro e abre-me a porta, agarrando-me na mão e colocando alguns dos meus cabelos soltos atrás da minha orelha, sorrindo-me. Subimos as escadas da garagem e vamos dar à cozinha. A primeira coisa que vejo é uma rapariga de cabelos castanhos, com a face tapada por estar a olhar intensamente para uma bola de gelado.
"Mia?" A minha voz faz a rapariga acordar do seu sonho, e esta passa-se completamente quando me vê, os seus olhos brilhavam com as luzes da noite de natal.
"AHHHHHH ANNA!" Ela berra surpreendida por me ver e abraça-me com tanta força que quase caia no chão. "Estás aqui!" Ela apertava-me com mais força.
"Ah- sim, estou." Ri-me com a sua surpresa. "Vim-te visitar." Esboço-lhe um grande sorriso.
"Já não era sem tempo!" Ela bate-me levemente no braço e de seguida abraça-me de novo.
"P-Pois, desculpa ter demorado tanto." Rio-me baixinho para disfarçar o embaraço que estou a sentir pela razão de não a ter vindo visitar.
"Anna!" Uma voz aguda mas doce enche a sala. Só podia ser a da Elizabeth, a mãe do Nathan.
"Elizabeth." Sorrio educadamente.
"Oh Anna!" Ela abraça-me com lágrimas a ameaçarem cair. "Estava tão preocupada desde que te foste embora naquela noite e não voltaste mais!"
"Lamento."
"Não faz mal querida, agora estás aqui." Ela sorrio-me mostrando os seus dentes brancos perfeitos.
Encolhi os ombros e tentei-me sentir em casa, pois isto era o que eu tinha mais parecido com um lar.
Após um jantar agradável na casa da Elizabeth, voltei para o dormitório com o Nathan, ele estava agarrado a mim, dando-me ligeiros beijos na parte de trás do meu couro cabeludo, fazendo-me sentir arrepios pelo corpo todo. Abri a porta do quarto e acendi as luzes e tudo o que me inundou foi pânico. Na parede por cima da cama da Rebecca estava um graffiti em vermelho vivo, da cor do sangue, em maiúsculas: "ACHAS QUE NÃO TE ENCONTRARIA? ANDA BRINCAR." O meu coração parou com o choque e as minhas pernas falharam, fazendo-me cair de joelhos, com o ar a sair-me dos pulmões.
"Anna! Anna! Anna!" A voz do Nathan mal se ouvia na minha cabeça, sentia que estava dentro de água e tudo era apenas um ruído longínquo. Deixei de ouvir a voz do Nathan e de seguida ouvi passadas pesadas, muitas, como se fosse uma corrida.
"Como é que isto aconteceu?! Vocês deviam prevenir isto!" O Nathan gritava com os homens de fato completo, e quando olhei para cima vi os olhos do Cameron, cheios de remorsos e de preocupação, com uma pitada de ódio neles, ódio dele próprio, ódio de ter falhado a proteger-me.
Os braços dele pegaram nas minhas costas e nas minhas pernas, levantando-me do chão e tirando-me do quarto, enquanto os gritos do Nathan ainda me assustavam. Ele levou-me até ao seu dormitório e sentou-me no sofá, indo ao seu quarto por breves minutos e voltando.
"Toma." Ele ofereceu-me uma das suas t-shirts e umas calças pijama com um padrão de xadrez, algo que não consigo imaginar o Cameron a usar.
Aceno com a cabeça e aceito as roupas, indo-me trocar na sua casa-de-banho.
"Estão grandes, mas devem servir para uma noite." Ele acrescenta, sorrindo ao ver-me com as suas roupas.
Sento-me perto do Cameron no sofá branco e deito a minha cabeça no seu colo.
O Nathan entra pela porta a dentro uns segundos depois, percorrendo com o olhar o quadro que tem à sua frente, incluindo o meu conjunto. Ele arqueia uma sobrancelha e olha para o Cameron, contendo qualquer comentário rude que ia acrescentar.
"Podíamos ter ficado no meu dormitório." O Nathan acrescenta.
"É muito perto do dela." O Cameron responde. "Ela está segura aqui."
Sei que o Nathan está a odiar a ideia de eu estar tão próxima do Cameron, mas ele não comenta, em vez disso senta-se do outro lado do sofá, colocando uma mão nas minhas pernas encolhidas.
Pouco tempo depois adormeço.
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Madness
Novela JuvenilQuando Anna chega a Toronto, com o objectivo de começar uma vida nova, depara-se com Nathaniel, um rapaz desprezível e sombrio, que logo ganha interesse em Anna e no seu desprezo ao toque humano, encurralando-a com perguntas e tentando desvendar as...