Capítulo 4

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"Hey." Matt cumprimenta-me com um sorriso enorme e caloroso.

"Hey." Boa Anna, que originalidade..

"Vamos?"

"Sim, claro." Sorrio-lhe e fecho a porta do meu dormitório.

"Então, Anna, conta-me mais sobre ti." Mais sobre mim?

"Sou uma pessoa como as outras." Não tenho nada de interessante em mim.

"Hum.. Não acredito. Posso dizer algumas coisas sobre ti que sei: és envergonhada, tens um sorriso maravilhoso, és educada, calada, e tens um óptimo gancho direito." Oh meu Deus, ele viu-me a dar o soco ao Nate.

"Tu viste isso? Ahm eu por norma não sou agressiva..."

"Não te preocupes, achei fantástico, nem todas as raparigas sabem se defender por elas próprias." Interrompe-me tornando o momento menos vergonhoso para mim.

"Oh, obrigada, tive aulas de auto-defesa quando era mais nova." Informo-lhe.

"A sério? És uma caixinha de surpresas, e ainda dizes que és aborrecida." Sorri-me de forma doce.

"Obrigada. E tu, que segredos interessantes tens escondidos?"

"Não tenho segredos escondidos, sou um livro aberto e uma pessoa simples e directa. " Onde é que eu já ouvi isso.... "Estou em Química Aplicada, sempre achei interessante química. Vim de Georgia. Tenho três irmãs, uma mais velha e duas mais novas. Gosto de todas elas mesmo quando elas me fazem a vida negra."

Sem dúvida um livro aberto. Enquanto caminhamos sem rumo, Matt vai-me contando mais coisas sobre o seu passado e a sua vida em Georgia, que inclui uma ex-namorada maluca, uma mãe superprotetora, um pai amável e cavalos. O Matt parece um rapaz impecável e com vários interesses em comum comigo, não me sentia tão próxima de alguém à imenso tempo, principalmente tão próxima de um rapaz. Não pensei tão cedo que ia-me aproximar de outro rapaz desde, desde que aquilo aconteceu, mas com o Matt é diferente, parece ser seguro, mas não vou apressar as coisas, mal nos conhecemos e tempo é coisa que não falta.


"Obrigado por vires passear comigo."

"O prazer foi meu." Respondo-lhe muito envergonhada ainda.

Matt aproxima-se de mim e dá-me um beijinho na bochecha, cheguei a afastar-me uns milímetros mas ele nem notou e ainda bem. Retorno o beijinho e entro no edifício. Está escuro e sossegado, devem estar todos nas festas das fraternidades. Ainda bem, assim consigo ver um filme em paz e dormir cedo.

Chego à porta do meu dormitório e olho em volta, não, está tudo calmo e sem sinal de outros estudantes. Rodo a chave e entro no meu quarto. Preparo os livros e a roupa para amanhã, tomo um duche na casa de banho e visto o pijama mais confortável que tenho. Deito-me na cama e entro no site da Netflix. Passado poucos minutos adormeço que nem uma pedra, acabei por não ver filme nenhum.

....

Acordo com um mau estar e um aperto no estômago. Eu lembro-me desta sensação, outra vez não por favor. Corro para a casa de banho e vomito na sanita. Uma, duas e três vezes até perder as forças e sentar-me ao lado dela e a apoiar-me.

"Pensava que já tínhamos ultrapassado isto Anna." O meu subconsciente consegue ser o meu pior inimigo.

O melhor é respirar profundamente e continuar sentada ali, caso o meu estômago decida revoltar-se contra mim outra vez e fazer-me vomitar pela quinquagésima vez.

Os meus planos são interrompidos por um bater na porta forte e zangado. Será que a Rebecca esqueceu-se da chave do quarto e está podre de bêbada? Espero que não, sou terrível a lidar com pessoas bêbadas. A Rebecca não parece ser rapariga de chegar a esse estado mas nunca sei o que esperar de pessoas que mal conheço, não conheço o passado dela nem a afinidade dela com o álcool para especular seja o que for.

Ganho forças para me levantar e dirijo-me à porta, espero que ela não se assuste com a minha cara de zombie e o meu cabelo rebelde.

"O que se passou?" Oh não.

O silêncio instala-se por uns segundos.

"Fala comigo porra." Não.

O meu quarto e a minha porta sofrem com uma entrada à bruta.

"Não podes entrar assim no quarto das outras pessoas." Idiota.

"Ainda não respondeste à minha pergunta." Nem quero. "Estás horrível." Obrigada.

"Anna."

"Eu estou bem." Finalmente respondo-lhe. "Devo ter comido algo estragado no restaurante. Já te podes ir embora, não te quero ver mais, deixei isso bem claro quando sai do carro." Queres que seja fria? Eu posso ser fria.

Ele aproxima-se de mim, e o meu estômago dá outra volta e vou a correr para a casa de banho vomitar. Ele aparece por trás e segura-me o cabelo com uma mão, desviando-o da minha cara. Só quero que ele vá embora, está-me a fazer pior.

Quando acabo de vomitar ele entrega-me uma toalhita e eu limpo a boca e aperto o autoclismo. Tento levantar-me mas apercebo-me que não consigo. Nate mete os braços na minha cintura e puxa-me para cima.

"Por favor, não." Afasta-te de mim por favor.

Mas ele não me liga e agarra em mim e deita-me na minha cama. Eu odeio-o.

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