Capítulo 23

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Anna

Depois do jantar eu e o Nathan voltámos para o seu quarto e o telemóvel dele vibra com o toque familiar dos iPhone's quando recebem uma mensagem. Observo-o atentamente enquanto ele lê a mensagem e rapidamente bloqueia o telemóvel colocando-o longe de si, algo perturbo-o na mensagem que acabou de ler.

"Passou-se algo?" Atrevo-me a perguntar mesmo sentido um pouco de desconforto ao fazê-lo.

Ele dirige um sorriso malicioso para mim e percorro com os dedos o seu cabelo na direcção ascendente em que já se encontra naturalmente.

"Nada de importante." Ele esboça outro sorriso e aproxima-se passo a passo de mim depositando um leve beijo numa das minhas têmporas.

Sei que ele está a tentar tranquilizar-me, mesmo quando me disse que não havia nenhuma necessidade para não estar tranquila mas por alguma razão sinto-me ansiosa, um mau ansiosa, do tipo que se aproxima de um ataque de ansiedade e eu acabo desmaiada no chão por não conseguir controlar o ritmo da minha respiração. O tipo de ansiedade que se tornou familiar pouco a pouco no meu ser.

...

Num abrir e fechar de olhos duas semanas já tinham passado desde o jantar em casa da mãe do Nate e os dias têm sido bastante estáveis e agradáveis, algo que nem eu imaginaria que podia ser com um Nathan ciumento ao meu lado. Temos jantado e passado as noites praticamente sempre juntos, a ver filmes antigos, a jogar algo, a trocar carícias ou a estudar. Se por um lado a minha relação com o Nathan estava óptima com o Matthew era o completo oposto. Desde o almoço no restaurante mal o vi e a única vez que lhe tentei falar fui dispensada pela aparência da pseudo-namorada Nicole. Pelo menos foi assim o que pareceu quando ela esmagou-lhe os lábios brutalmente sugando todo o ar que os pulmões do Matt tinham. Sinto tantas saudades dele, adorava passear com ele e sentir-me confortável a falar com ele, mesmo quando ele era o único a partilhar a sua vida pessoal, era reconfortante. Uma das coisas que mais me entristece foi o facto de ele nunca me ter tentado contactar, foi uma decisão egoísta afastar-me por completo. Compreendo a dor de ver alguém que amamos amar outra pessoa, mas também afastar a pessoa que amamos de nós é das piores dores que existe no mundo, talvez o Matt não gostasse assim tanto de mim e foi por isso que foi mais fácil abandonar-me.

"Nunca te tomei pelo tipo de rapariga de ter a cabeça nas nuvens." Uma voz familiar interrompe-me o pensamento e deixo cair um monte de livros em cima dos meus pés fazendo soltar um gemido de dor.

"Assustaste-me!" Resmungo alto de forma que ele entenda alto e bom som que não é educado aparecer sem avisar.

"Se tivesses com atenção no trabalho não te terias assustado." Ele esboça-me um sorriso malicioso e ajuda-me a apanhar os livros que caíram.

"O que é queres Cameron?" Reviro-lhe os olhos enquanto coloco os livros em cima do carrinho.

"Mal-humorada até num belo dia destes?" Ele franze a sobrancelha, sorri e entrega-me um dos livros para as mãos. "Vim procurar um livro e pensei em visitar-te para ver se estava tudo bem contigo, sendo que agora tens sempre o teu fiel guarda-costas a afastar-te de todo o contacto humano possível."

"Eu tenho contacto humano, mas não é contigo." Retorço-lhe a maldade e ele finge-se magoado com as minhas palavras.

"Ai sim? Com quem então?" Honestamente só tenho tido interações sociais com o Nathan mas eu sempre fui muito reservada. "Bem me parecia." Ele esboça outro sorriso e segue-me enquanto eu ando com o carrinho para outro corredor colocando os livros pela ordem alfabética dos seus autores.

"Ainda no outro dia tivemos juntos." Eu relembro-lhe.

"Tivemos cinco minutos sentados no auditório antes do resto dos alunos chegar e tu estavas a terminar o relatório."

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