Capítulo 42

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Ambos ficamos num silêncio ensurdecedor após Cameron acabar de falar. Não havia nada a acrescentar ou a comentar, apenas queria saber a história por de trás de toda a investigação.

"Devias contactá-lo, acho que uma parte dele ia ficar feliz por ouvir a tua voz e conhecer-te pessoalmente."

Fiquei estática, absorvendo toda a situação, todos os pequenos pormenores que se uniam como peças de legos na minha mente. Não estava pronta para um conforto cara-a-cara com a minha figura paternal, não era algo que me tinha preparado mentalmente durante os anos.

Pressionei os lábios numa linha fina e dura e continuei a focar o meu olhar na parede branca. Levantei-me suavemente do sofá de pele branco e criei um trajecto até à porta do dormitório, abandonando este sem responder ao Cameron, que continuava a evocar o meu nome.

O dia de hoje encontrava-se envolto de nevoeiro, um espesso nevoeiro que não permitia ver o horizonte, com uma ameaça de chuva iminente. Os tipos de dias que eu gostava. Enquanto andava sem destino na estrada do campus, observava um conjunto de árvores nos arredores do mesmo, quase o isolando do resto da cidade. Do conjunto de árvores um tipo delas distinguia-se, um tipo de pinheiros com uma cor verde forte e escura. O nevoeiro passava por eles como se os envolvesse e apagando-os da paisagem. O frio do nevoeiro começava a infiltrar-se nos meus pulmões, queimando-os agressivamente, mas de forma tolerante e a certo ponto, desejável.

Voltava ao meu estado normal, apática e perdida, fria e inatingível.

Enquanto estava tão focada no nevoeiro que agora também se encontrava nos meus pensamentos, não notei o carro que vinha na minha direcção e quase me atropelava. Cruzei os braços à frente do peito quase como se me tivesse a segurar para não cair. Ouvi alguém a murmurar aos gritos alguns palavrões sobre eu estar no meio do caminho em vez de estar no passeio, mas estava tão envolvida na minha miséria que não tomei consciência de nada mais. 

"Anna!" Uma voz abafada e familiar gritava o meu nome. Não me virei, continuava envolta em mim. 

O Nathan aparece posicionando-se à minha frente, impedindo-me continuar o resto do caminho desconhecido que estava a seguir. 

"Procurei por ti a manhã toda, onde é que andaste?" A voz dele continha preocupação mas os seus olhos transmitiam outro sentimento. 

"Porque é que estás aqui Nathaniel, não devias estar com a tua namorada?" Murmurei com os lábios formando uma linha rija. Cerrei os olhos com a dor que me atingia quando me lembrava deles juntos, e o meu estômago voltou-me a atacar, desta vez sem piedade. Apertei os braços com mais força contra o torso.  

Ele aproximou-se de mim, com um olhar que eu nunca tinha visto e agarrou-me firmemente o pulso, puxando-me contra o seu peito e colocando os braços ao meu redor. O meu primeiro instintivo foi debater-me, e tentar afastá-lo, mas quem eu queria enganar? Eu precisava de me sentir segura, eu precisava de algo familiar, eu precisava dele. 

Por muito que as lágrimas ameaçam-se escorrer pelos meus olhos, eu segurei-as, não permitindo chorar mais hoje. Estava cansada, desgastada, confusa e assustada. Estava tudo aquilo que detestava ver e sentir. Queria-me esconder no peito dele, refugiar-me e não ter que lidar com o mundo exterior, pelo menos por hoje. 

Não sei quanto tempo demorou aquele abraço, mas o êxtase que percorreu o meu corpo não me permitia quebrar o abraço.

...

O Nathan acompanhou-me até ao meu dormitório, ficando à porta enquanto eu entrava pelo dormitório. Olhei para trás e observei enquanto ele ficava quieto em silêncio.

"Podes entrar." Por fim convidei-o, ficando relutante com a minha decisão.

Ele avançou até meio do quarto e ficou a observar-me, com o mesmo ar relutante que eu possuia sobre o deixar entrar. 

"Desapareceste." Murmurei, aguentando a pontada de dor que me atravessou o peito.

"Pensava que seria mais fácil para ti dessa maneira." Afirmou.

"Não foi. Não seria fácil de qualquer maneira. Não pensava que ias desistir tão facilmente de mim." Confessei, sentindo as pernas a tremer e as dores gástricas a voltarem.

Ele engoliu em seco e o silêncio voltou-se a instalar. 

...


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AVISOS:

Peço desculpa pelo tempo que demorei a actualizar, houve duas razões simples para esse facto: tive que entregar um trabalho de final de estágio na faculdade e tive um problema pessoal grave. Sei que este capítulo não respondeu a quase questões nenhumas mas tentei actualizar para vocês não ficarem tanto tempo sem lerem! Espero ter o próximo capítulo pronto em breve.

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