Nathan
Quando vejo a Anna a desmoronar-se em lágrimas o único pensamento que me ocorre é bater em mim próprio. Como é que o meu ódio e ciúmes por um rapaz à toa fez com que eu saltasse para cima de outra rapariga? Sou um monte de merda, um idiota, magoei a rapariga pelo qual estou completamente apaixonado e não tenho coragem de lhe contar. Amanhã vou-a fazer sorrir, vou tentar compensar as lágrimas que ela derramou no meu peito.
...
Anna
Acordo com a luz do sol a bater-me nos olhos através das persianas. O Nathan já está acordado a olhar para o tecto em silêncio absoluto. Eu olho para ele e ele sorri-me.
"Bom dia baby girl."
"Bom dia." Levanto a cabeça para o observar mais de perto, e ele aproxima-se de mim debitando um beijo nos meus lábios.
"Hey. Fala-me mais de ti." Ele pede-me.
"Porquê?" Eu questiono-lhe franzido a sobrancelha.
"Quero-te conhecer melhor. Para ser mais do que teu amigo primeiro quero ser teu amigo." Não estava à espera dessa resposta mas foi uma boa surpresa.
"Então e o que queres saber?" Pergunto-lhe tentando parecer acessível com a sua sugestão mas honestamente não há muito que eu queira partilhar.
"Eu sei que não gostas de falar de coisas pessoais mas podes confiar em mim Anna..." Ele informa-me, confortando o meu medo.
"Não me lembro do meu pai." Um sorriso forma-se na sua cara.
Fico confusa com a sua reacção e ele apressa-se a explicar.
"Eu não me dou com o meu." Ele sorri outra vez.
"A sério?" Eu franzo a testa.
"Sim. Ele tomou algumas decisões que me fizeram afastar dele e eventualmente detestá-lo enquanto pai." Ele faz uma pausa. "Ele é boa pessoa e tudo mais mas foi um terrível pai quando eu e a minha irmã mais precisávamos."
"Oh... Acho que também posso dizer isso do meu, ele abandonou-me dois anos após eu nascer. Ficámos só eu e a minha mãe na altura."
O Nathan acarinhou-me a bochecha.
"És próxima da tua mãe?" Ele fita-me com os seus olhos profundos azuis.
"Tínhamos uma boa relação." Eu admito baixinho e os as pupilas dele dilatam.
"Oh... peço imensa desculpa.. eu-"
"Não faz mal Nate, já foi há quase um ano..." Eu interrompo-o sentido a minha garganta a ficar seca.
É verdade que já passou algum tempo e que entretanto já tive de lidar com os piores meses e com situações que sinto tantas saudades dela que sinto o coração a ser-me arrancado do peito, mas ainda custa muito falar sobre ela.
"Anna" Ele interrompe os meus pensamentos. "obrigado por partilhares isso comigo." Ele beija-me a testa.
"Quantos anos tem a tua irmã?" Eu pergunto-lhe. Desde que ele me falou sobre ela que a curiosidade se instalou em mim.
"Ela tem dezassete, quase a fazer dezoito, está a crescer demasiado depressa." Ele sorri ao pensar nela. "Tens algum irmão?"
"Não, sou só eu." Eu sorrio-lhe mas vejo os seus olhos a mudarem de um tom azul claro para um mais profundo.
O Nathan ficou em silêncio mas eu sei que o que lhe disse afectou-o. Isto é uma das principais razões que eu não gosto de partilhar a minha vida pessoal, é demasiado triste e solitária. Estou sozinha desde que a minha mãe morreu, alguns familiares ofereceram-me casa e apoio mas preferi ser eu a tomar conta de mim própria. Nunca fui chegada a nenhum deles por isso nunca me senti à vontade para aceitar. Não sei se o meu "pai" sabe que a minha mãe faleceu e que eu estou sozinha no mundo, talvez finalmente aparecesse, talvez não. Mesmo que ele aparecesse eu não o iria reconhecer, mal me lembro dele e a minha mãe fez questão de queimar qualquer memória dele. Compreendo-a perfeitamente, quem é o homem que abandona a sua família? Nunca soube o porquê do seu abandono mas agora também é demasiado tarde para descobrir, deixei de me importar alguns meses após o funeral da minha mãe.

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Madness
Teen FictionQuando Anna chega a Toronto, com o objectivo de começar uma vida nova, depara-se com Nathaniel, um rapaz desprezível e sombrio, que logo ganha interesse em Anna e no seu desprezo ao toque humano, encurralando-a com perguntas e tentando desvendar as...