Capítulo 52

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"Isto não me parece uma boa ideia." Refilo num murmuro.

O Nathan abre a porta do apartamento que parece ter sido há uma eternidade que estive cá. Tudo está no mesmo sítio e o apartamento parece não ter visto a luz do sol há um bom tempo, indicando que o Nathan não tem estado cá. 

Ele abre as cortinas das janelas da sala com um toque na parede, e a paisagem de Toronto ilumina a divisão com as luzes dos prédios a brilharem ao longe tais estrelas. 

"Vou tomar um duche, fica à vontade baby girl." Ele despe a t-shirt cinzenta que estava apertada no seu torso e eu desvio o olhar enquanto ele esboça um sorriso orgulhoso, deixando a divisão. 

Vagueio pela sala, indo em direção ao "escritório", que é um cubículo minúsculo com uma estante que preenche uma parede na totalidade. Em cima da secretária está o livro "Anna Karenina" que me desperta um sorriso, e no lado esquerdo do livro um monte de folhas com rabiscos imperceptíveis ao longe. Aproximo-me e a letra torna-se mais nítida e os meus olhos arregalam-se com as palavras. O barulho da água na casa-de-banho cessa dando sinal que o duche do Nathan chegara ao fim. Abandono a pequena divisão e dirijo-me para a sala lentamente deparando-me com um Nathan em toalha, mostrando o seu torso definido, com os cabelos loiros molhados pingando água, realçando os seus olhos azuis ainda mais. Todo o meu corpo estremeceu com a visão do meu extremamente atraente namorado. Namorado? Não tenho a certeza mas também não consigo pensar claramente neste momento, quando tenho um Deus Grego à minha frente. Engulo em seco enquanto ele sorri e vai para o quarto, acabando com a minha visão digna do Olímpico. 

Nesse momento atinge-me, como um raio. Retiro a minha blusa e dispo as minhas calças, retirando as meias e os sapatos, ficando apenas de lingerie preta rendada no sutiã e lisa nas cuecas. Dobro a minha roupa e entro no quarto descontraidamente, como se não estivesse praticamente nua à frente do Nathan e não estivesse envergonhada com isso. Ele vira-se quando eu entro, vestido com uma calças de pijamas azuis escuras e a a vestir uma t-shirt branca apertada. 

"Hum tens pijamas na segunda gaveta da cómoda se quiseres." Ele coça o pescoço, demonstrando nervosismo com a minha presença em roupa interior. 

"Não é preciso, vou dormir assim." Digo com a minha atitude mais confiante, tentando não tropeçar nas palavras, buscando a forma mais sexy de o fazer.

"O-Okay." Ele diz atrapalhadamente e engole em seco. O Nathan atrapalhado? Não sabia que ele ficava assim, o meu acto deve estar mesmo a funcionar. 

Ele dirige-se para a cama, recostando-se na cabeceira da cama e pegando no telemóvel. Visto a minha coragem e dirijo-me ao lado desocupado da cama, entrando devagar porque esta é mais alta que eu. Retiro-lhe o telemóvel da mão e coloco na mesa de cabeceira, passando uma perna por cima das dele, ficando sentada de frente em cima dele. Ele olha para mim confuso e ansioso e eu uno os meus lábios nos dele, freneticamente, com resposta imediata dele. Uma das suas mãos segura-me no pescoço e a outra descansa na minha cintura, inocentemente, fazendo quase pressão nenhuma. Acelero o nosso beijo, e pressiono com a minha virilha a dele e sinto a pulsação dele a aumentar e todo ele a endurecer. Continuo a pressioná-lo e ele interrompe o beijo. 

"O que se passa?" Pergunto confusa com a sua atitude.

"O que estás a fazer?" Ele pergunta-me, deixando-me ainda mais confusa.

"Estou numa sessão de namoro com o meu namorado." Respondo.

"Okay." Ele beija-me e continuamos onde paramos, mas quando tento avançar, ele não corresponde à minha tentativa.

"O que se passa?" Repito a pergunta. "Tens nojo de mim por o que te contei?!" Removo-me de cima dele. 

"O quê?! Não, Anna, vá lá, não é nada disso." Ele agarra-me no braço.

"Então o que é Nathan?! Já não me queres? Porque a minha patética tentativa de estarmos íntimos parece não te dizer nada."

"Anna, não é isso, é só que..."

"O quê?"

"Só que tenho medo de quando estou contigo dessa forma relembrar-te do que ele te fez. Da primeira vez que estivemos a fu- , íntimos, tu estavas em pânico com o meu toque e não quero relembrar-te do que te aconteceu." Oiço cada palavra e fico parada a absorver tudo o que foi dito.

"Oh." É o único som que sai da minha boca. "Isso muda tudo."

"Anna..."

"Eu entendo Nathan." Digo, estática. Ele agarra na minha mão e deposita um beijo suave, subindo pelo braço até ao pescoço, e inclina-me para trás na cama, ficando por cima de mim. Ele continuou a beijar-me no pescoço, mordendo a pele, fazendo faíscas percorrem o meu corpo. 

Beijo-o mais ferozmente e ele coloca uma mão na minha cintura, pedindo permissão para remover as minhas cuecas e atirando-as para o chão. O Nathan parecia o meu anjo vingador, com o cabelo loiro despenteado, os olhos azuis escuros e os músculos das costas contraídos. Enfio uma mão nos seus boxers e retiro-os do seu corpo, e o Nathan solta um gemido.

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Acordo com a luz da madrugada proveniente da janela e num mar de lençóis brancos, o anjo vingador ao meu lado estava a dormir profundamente, ressonando muito baixinho, num ritmo constante. Levanto-me lentamente da cama, equilibrando o meu peso para não acordar o Nathan. Escrevo num papel rabiscado que ia à livraria perto da casa dele e a padaria, comprar o pequeno-almoço para os dois. Visto-me e levo as chaves do Nathan, para quando voltar não o ter que acordar com a campainha. 

Está um dia calmo quando abandono o prédio, ainda é cedo por isso as pessoas que circulam nas ruas são escassas. Dirijo-me à pastelaria que se encontra a poucos metros do prédio e peço um bagel e um dónut, com dois cafés gelados. Percorro o caminho até à livraria calmamente, aproveitando os raios solares a baterem nas folhas das árvores. Entro na pequena e acolhedora livraria, retirada dos filmes antigos, que se encontrava mais interiorizada nas ruas do que os prédios, e percorro algumas prateleiras, procurando alguns exemplares que não tinha que estavam recomendados para a cadeira de literatura da universidade. Não encontrei nenhum que estava na lista, e sai da loja desiludida, teria de ir ao centro comercial. No caminho do pequeno beco onde está inserida a livraria, sinto um empurrão e um choque, tudo ao mesmo tempo, e deixo cair o saco da pastelaria no chão. Uma mão abafa-me a boca e o nariz, e eu reconheço o cheiro instantaneamente. Tento-me debater o melhor que posso mas eventualmente começo a perder os sentidos e tudo começa a ficar preto. 

"Eu disse que te encontrava Anna." A voz dele é a última coisa que oiço e sei que estou morta.

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