Capítulo 41

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Não conseguia acreditar no que via, o Nathan estava com a Emma, mais uma vez. Sinto todo o meu corpo a ser puxado para o vazio, como se a força da gravidade tivesse aumentado mil vezes. O ar começa a fugir-me dos pulmões, e as lágrimas escorrem-me pelas bochechas. É isto, isto é o Inferno. Era óbvio que a pessoa que eu amava ia encontrar felicidade noutro sítio e eu seria apenas a segunda opção, ou talvez nem fosse nenhuma opção, apenas um lapso para o distrair enquanto ela estava fora. Num minuto para o outro deixei de ser a pessoa mais importante da vida dele para ser alguém que foi apenas um meio para um fim, um final feliz que ele desejava, Ela. 

Uma luz proveniente da janela reflecte directamente nos meus olhos, obrigando as minhas pálpebras a abrir com a claridade que desencadeava. Acordo em pânico mas manejo forma para levantar suavemente a minha cabeça, agarrando nos meus cabelos para não acordarem o Nathan. Este estava a dormir profundamente, apenas de boxers, deixando os seus perfeitos abdominais e pele tatuada com tinta negra distinguir-se. Mordo o meu lábio inferior instintivamente e arrependo-me de ter aberto a porta, não devia ter cedido, não devia ter dado a minha parte fraca. 

Ganho forças e retiro o meu corpo pesado da cama, tendo de passar por cima do corpo aturdido do Nathan. Apanho o meu cabelo num rabo-de-cavalo e vou em direcção à casa-de-banho para observar os estragos da noite passada. A minha cara estava pálida, como se a vida tivesse sido sugada de mim, excepto o meu nariz e os meus olhos, que se encontravam num tom vermelho vivo, devido às incomensuráveis lágrimas derramadas ontem e hoje de manhã, após o pesadelo. Estava uma confusão e sabia disso. 

Nada do que acontecera ontem fizera sentido, todos os meus instintivos estavam zonzos, e foi então que percebi o que ia decorrer de seguida, ia entrar na fase de negação até descobrir o que devia fazer sobre a situação. 

Lavei o rosto com a água fria proveniente da torneira e sequei-o cuidadosamente com uma toalha azul bebé que se encontrava pendurada ao lado da porta. Inspirei profundamente e voltei a entrar para o meu quarto - que antigamente já tinha pertencido também a Rebecca, mas que agora nada sabia dela. Vou ao encontro do meu iPhone e ao tocar no botão principal tinha onze chamadas, todas do Cameron. Num acto de extremo egoísmo decido retribuir as suas chamadas.

"Anna, finalmente." A voz dele encontra-se roca, quase muda. "Estava preocupado contigo. Lamento imenso."

 Desligo a chamada sem proferir uma única palavra e coloco rapidamente um hoodie por cima da minha t-shirt, ainda tinha a roupa de ontem vestida e não tinha tempo para me trocar. Fecho a porta do quarto suavemente, não querendo nunca acordar o Nathan, maioritariamente pelo facto de não querer ter que lidar com ele agora.

Faço o percurso até ao dormitório do Cameron, algo que não era de todo a decisão acertada para tomar. Bato à porta bruscamente e esta abre-se em segundos.

Passo pela figura semi-nua, sem olhar duas vezes para os seus olhos. O apartamento parecia na sua totalidade inteiro, mas o candeeiro perto da porta tinha sido jogado contra a parede do lado oposto, tendo-se partido em pedaços estilhados. Noto logo um padrão entre o Nathan e o Cameron.

"Quero saber quem ele é." As palavras saem dos meus lábios com uma agitação frenética. Estava cansada da espera, de não saber o que ele queria de mim, de não saber o que ele quereria de mim.

O Cameron estudou a minha face, procurando evidencias de algo que significasse o contrário do que tinha acabado de pedir, mas logo desistiu quando conclui que a minha face estava de acordo com as minhas palavras.

"Quero saber como ele é, o que quer, quero saber tudo." Os meus olhos navegam pelo quarto.

"Anna... Não sei até que ponto te posso ajudar." Ele confessa-me.

"Se não puderes responder as minhas questões então não estou aqui a fazer nada."

Ele engole em seco as minhas palavras e forma uma linha pressionada com os lábios.

"Está certo." Ele senta-se no sofá branco no meio do dormitório. "O que queres saber primeiro?"

Após as minhas exigências todas apercebo-me que não sei ao certo o que queria ouvir primeiro. Estava aterrorizada com as respostas com que me podia confrontar. 

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