Capítulo 48

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Alguns dias depois da consulta liguei ao Nathan e pedi para ele vir ter comigo ao meu dormitório. Quando este chegou, pedi para se sentar na cama enquanto eu andava de um lado para o outro com os braços cruzados no peito e uma das mãos nos lábios.

"Anna, o que se passa?" Ele observou-me com um olhar cuidadoso.

"Okay, Nathan, eu quero que oiças bem porque só vou dizer isto uma vez, e agradecia que não interrompesses até acabar, se não não sei se vou conseguir contar tudo. Percebes?"

Ele acenou a cabeça e observou-me cuidadosamente.

"À dois anos atrás eu estava a viver com a minha Mãe, ela era uma mulher que eu admirava, tinha alguns defeitos como todos os humanos mas era uma pessoa que me inspirava. O meu pai tinha-nos abandonado à muito tempo e a minha mãe estava com o meu Padrasto, o Ethan. Ela estava muito feliz, e eu era feliz e tudo era normal. Eu não gostava muito do Ethan, ele nunca me tratou mal nem nada disso, ele fazia a minha mãe feliz e isso era tudo o que eu queria após o meu pai a ter deixado a criar uma filha sozinha. Uma tarde a vir da escola cheguei a casa e do nada tudo ficou negro, não me lembro do que aconteceu. Quando acordei estava num cave, tinha algemas no pé esquerdo que me prendia a uma parede e só me deixava andar até certo raio. Tentei chamar por ajuda mas não ouvia nada, não havia carros, percebi que estava num local qualquer distante da cidade, devia de estar no campo. Gritei durante imensas horas quando finalmente alguém apareceu. Era o Ethan que apareceu. Fui torturada durante meses, e-" Inspirei fundo e continuei. "ele aproveitou-se de mim durante esses meses. Alimentava-me apenas o necessário para ficar consciente mas não tinha forças para lutar. Todas as noites quando ele aparecia vinha com algum tipo de arma e cortava-me, espancava-me e depois violava-me até por fim desaparecer. Não sabia quanto tempo tinha passado desde que lá estava, mas só fui encontrada quase cinco meses depois. A minha mãe não queria acreditar que tinha sido o Ethan, como podia não se ter apercebido, como podia não ter desconfiado, mas não havia nada para desconfiar. O Ethan escapou, nunca foi apanhado pelo que fez. A minha mãe não soube lidar com o fato de não ter desconfiado do Ethan e o que ele me fez, então passado dois meses de me terem encontrado, ela tirou a sua própria vida e eu fugi. Nunca olhei para trás, mudei-me a cada mês de estado até por fim achar que estava segura e vir para aqui, tentar começar uma vida nova. Pensava que por fim podia esquecer o que me tinha acontecido, pelo menos o estreitamento necessário para começar aqui, mas ele encontrou-me de novo e estou aterrorizada."

Parei por fim de falar e fiquei a observar o Nathan.

"Não te atrevas a ter pena de mim, não te contei isto para me fazer de vítima, simplesmente achei que devia contar."

"Anna." Ele parou uns segundos antes de continuar. "Lamento imenso que tenhas tido de passar por isso." Aproximou-se de mim e rodeou-me com os braços, protegendo-me do mundo. "Lamento tanto ter-te pressionado desde o início." Ele tinha lágrimas nos olhos e eu afastei-me porque não aguentava alguém sentir pena de mim, eu fiz tudo para parar de me sentir impotente e ver o Nathan a olhar-me como se eu fosse um animal ferido a precisar de amor fazia-me sentir outra vez frágil e impotente. 

"Pára, não aguento a tua pena Nathan, só tenho medo de ele voltar e apanhar-me outra vez e torturar-me. Não sei se conseguia sobreviver outra vez a isso, não seria capaz de me olhar outra vez ao espelho." Abracei-me a mim própria enquanto tremia nas pernas.

"Não deixarei que isso volte a acontecer Anna, custe o que custar. Se me permites de dizer, acho que devias explicar da forma que preferires ou pedir ao teu pai para informar a tua equipa de segurança, eles não sabem com quem estão a lidar."

Eu acenei e decidi ir tomar um duche, precisava de alguma coisa para diminuir a minha ansiedade e as minhas dores.


Quando sai do duche enrolei o meu corpo numa toalha grande e deixei o meu cabelo soltar-se do coque, dirigi-me até ao meu quarto e o Nathan ainda lá estava. Abri a porta do meu guarda-vestidos para me deparar com a minha imagem no espelho. A minha cicatriz do pescoço estava bem saliente devido à vasodilatação que o banho provocou no meu corpo. Conseguia ver as outras perto do meu peito, dos meus ombros, das minhas clavículas, e ainda bem que não conseguia ver as das costas, essas distinguiam-se melhor que as da parte da frente do meu corpo. 

Tremi a ver a minha imagem e ao lembrar-me da primeira vez que me vi ao espelho com estas cicatrizes. Estava imunda de terra, o meu cabelo já não era loiro mas com um véu de terra por cima. As nódoas negras no meu corpo faziam-me não me querer ver mais, os cortes vermelhos ainda não cicatrizados e com sangue fresco assustaram-me. 

Ao lembrar-me desta imagem tentei tapar-me mais com a toalha. No momento em que olhei para o espelho outra vez o Nathan estava atrás de mim a observar-me. 

"És linda, e elas fazem-te de ti quem és hoje." Ele sussurrou-me ao ouvido e um estímulo nervoso percorreu-me a espinhal médula por completo. 

"És linda." Ele repetiu, beijando-me o pescoço, fazendo as minhas pernas tremer. 

"És linda." Beijou-me o outro lado do pescoço. 

"És linda Karenina." Ele beijou-me a clavícula esquerda.

Ele continuou-me a beijar, indo para a para a parte de trás do pescoço, abrindo a minha toalha  deixando-a cair no chão. Rodei nos meus próprios calcanhares esmagando-lhe os meus lábios nos dele. Ele respondeu ao beijo em perfeita sincronia e quando quebramos para respirar os olhos dele tinham faíscas azuis escuras a sair da íris. Ele acariciou-me as bochechas nas mãos e levou-nos em direção à cama, deitando-me gentilmente, e percorrendo o meu corpo com beijos até chegar às minhas coxas. Acariciou-as com os seus dedos e depositou-me beijos na minha zona sensível, abrindo-me e deslizando a sua língua para dentro de mim, com movimentos circulares e alternados, indo sempre mais ao fundo, e por fim colocando um dedo dentro de mim fazendo-me guinchar. Coloquei os meus dedos no seu cabelo liso e estimulei-o a não parar, a ir mais fundo, até sentir as minhas pernas a tremer avisando-me que ia acabar em breve. Com a sua mão livre ele entrelaçou os dedos aos meus, e eu apertei com força. No momento em que senti o estímulo eléctrico as minhas pernas tombaram. O Nathan beijou-me a parte interior das coxas e veio desde lá a beijar-me até ao pescoço, sussurrando o quanto eu era linda e me amava.

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