Capítulo 13

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Uma das filhas do padrasto, que supostamente são meias-irmãs do Nathan se não estou em erro, vem bater à porta e informar que a mãe dele convidou-nos para almoçar e não aceita um não como resposta. O Nathan revira os olhos mas decide não resmungar. A mãe dele parece ser a única pessoa que consegue controlar o Nate sem ele resmungar, não pensava que ele ia ter uma relação tão próxima com a mãe. Ele agarra-me a cintura e leva-me até lá à baixo. Viramos à direita após as escadas e ao entrar naquela divisão, observo uma mesa enorme com a mãe, as supostas meias-irmãs e um homem que presumo ser o padrasto.

O Nathan senta-se ao lado da mãe, do lado oposto aos das raparigas e eu sento-me logo ao lado dele.

"Robert, esta é Anna, uma amiga do Nathaniel." A mãe dele, Elizabeth, apresenta-me ao homem.

"Olá Anna, bem-vinda." Ele sorri-me cumprimentando-me e eu sorrio de volta.

A Elizabeth traz-nos várias bandejas, uma delas com batatas cozidas, outra com o que penso ser salmão, uma com a salada mais colorida que já vi, e outra com cupcakes de todos os sabores e cores possíveis.

O almoço estava excelente, e depois de ajudar a Elizabeth com a loiça, eu e o Nathan despedimos-nos da sua família. As duas raparigas não me dirigiram a palavra o tempo todo que tive lá, nem ao Nathan, que foi o mais estranho, mas também não me importei para ser honesta.

Entramos no carro dele e ele conduz até um prédio que me parece familiar. É a casa dele, onde acordei no dia em que desmaiei.

Saímos do carro e entramos no prédio. O prédio tem um aspecto muito moderno, o branco e o cinzento parece ser as cores predominantes, assim como as janelas panorâmicas em vidro. Não vi nada disto quando tive em casa dele, lembro-me de termos entrado no elevador e saído num piso que era a garagem por isso é normal. Enquanto eu aprecio a entrada o Nathan entra no elevador e puxa-me para entrar também. Ele pressiona o botão que corresponde ao último andar, o quinto andar. Quando as portas abrem eu fico admirada, como é que não me lembro nada disto até agora? Claramente os meus nervos nem me deixaram apreciar a casa quando aqui estive. Ao sair do elevador tem-se três portas brancas com os puxadores dourados e também janelas panorâmicas. O Nate dirige-se para a porta da direita, retira as chaves do bolso e roda.

Quando entro consigo lembrar-me de algumas coisas familiares, como a sala, mesmo em frente à porta de entrada. Esta está em tons brancos com uma televisão LED enorme, encostada à parede e à frente de um sofá branco. À direita da porta têm-se uma divisão em forma de quadrado separada da sala por bancadas com bancos, é a cozinha. À esquerda há uma porta simples mas também muito bonita, ao espreitar consigo ver que é um escritório. Ando até ao sofá e na parte posterior deste, nas costas, há uma porta tipo guarda-vestidos. Desta porta eu lembro-me, é onde está o quarto do Nathan, coro ao pensar que estive ali.

Ele dirige-se para o escritório e diz-me para ficar à vontade. Observo a cada ao pormenor e vou andando até chegar à porta do quarto, abro-a e entro. Quando me aproximo da cama vejo o livro "Anna Karenina" em cima da cabeceira. Ele está a lê-lo por minha causa... E aí atinge-me o pensamento, eu faltei a manhã toda às aulas e tinha dito ao Richard que podíamos ir passear hoje. Procuro pelo meu telemóvel nos bolsos e quando o encontro procuro pelo nome do Richard nos contactos.

"Estou?" Oiço a voz do Richard através da linha.

"Richard, olá!" Eu cumprimento-o. "Desculpa, esqueci-me que era hoje que tínhamos planos combinados..."

"Oh não faz mal Anna, o convite dá para qualquer altura." Ele ri-se do outro lado. "Então mas porque é que não vieste às aulas?"

"Estou com o Nathan, é um amigo-"

"Eu sei quem ele é Anna." Ele ri-se.

"Oh... Não sabia que o conhecias." Como é que se conhecem?

"Sim.. Nós dávamos-nos antigamente." O quê? Quando? "Mas continuando a conversa, não sabia que tu eras amiga dele, pelos vistos um pouco mais que amiga." Ele solta outra gargalhada a troçar-me.

"Não sou nada!" Respondo num tom agudo devido à vergonha que estou a sentir.

"Sim sim sim... Eu vou vos deixar aos dois em paz, falámos depois Anna. Até logo."

"Até logo Richard." Despedimos-nos e eu esboço um sorriso, talvez seja o que o Nathan me tinha dito, um pouco mais que amiga e muito mais que amiga colorida, sem rótulos Anna.

Após desligar a chamada vou à procura do Nathan e como seria de esperar ele ainda estava no escritório. Assim que me vê fecha o portátil e foca os seus olhos em mim.

"O que estavas a fazer?" Pergunto após ter ficado curiosa.

"A acabar trabalho." Ele sorri-me e aproxima-se de mim. "O que é que queres fazer Anna Karenina?"

"Por mim podia ficar o dia todo deitada contigo." Respondo-lhe baixinho, um pouco com receio de ele me achar necessitada depois de dizer aquilo.

"Ainda bem, porque me apetece exactamente o mesmo." Ele esboça um sorriso e agarra na minha mão levando-me até ao sofá.

Eu empurro-o para o sofá e ele cai de costas.

"O que estás a fazer baby girl?" Ele solta um sorri maroto.

Eu sorrio-lhe de volto e sento-me na sua cintura enquanto ele agarra-me no rabo.

"Não estou a fazer nada, estás a perder o controlo Nathaniel?" Eu franzo-lhe a sobrancelha e dirijo-lhe um sorriso maroto.

Quando eu ia para o beijar o seu telemóvel treme mesmo por baixo de mim. Ele retira-o do bolso e vejo a sua cara a ficar sombria e a felicidade a desvanecer dos seus olhos. Ele olha para mim e eu sei que algo está mal, muito mal.

"A Nicole está no hospital..." Oh... só ela para arruinar este momento.

"O que aconteceu?" Tento fingir preocupação mas é difícil sentir algo bom por aquela rameira.

"Ela fez um cocktail de bebidas alcoólicas e comprimidos, eles acham que foi uma tentativa de suicídio."

Eu fico a olhar para ele em silêncio à espera que ele diga mais qualquer coisa sendo que eu não sei o que dizer.

"Eu tenho que ir ao hospital." Ele informa-me.

Eu aceno com a cabeça e saiu de cima dele.

"Anna, desculpa-"

"Não faz mal, a sério, eu vou andando." Interrompo-lhe. Não posso ser egoísta ao ponto de não o deixar ir vê-la ao hospital, ele preocupa-se com ela e isso devia ser algo minimamente bom, quer dizer que ele se preocupa com alguém..

"Babe eu levo-te ao dormitório."

"Não é preciso Nathan."

"Eu vou-te levar e não se discute mais." Ele quase me ordena a deixá-lo levar-me para o dormitório. Se fosse noutra altura eu simplesmente saia pela porta e ia sozinha, mas como foi depois de uma notícia má para o Nate eu prefiro não me revoltar ou resmungar.

...

Chegámos finalmente ao parque de estacionamento do edifício dos dormitórios. A viagem foi toda em completo silêncio, não há muito para dizer sendo que o assunto é a Nicole e eu não a tolero.

Eu abro a porta para sair e ele coloca uma mão na minha coxa.

"Eu quando vier do hospital passo por aqui."

"Não é preciso Nate." Eu respondo tentando ser o mais imparcial possível.

"Porra Anna não vais ficar chateada comigo pois não?"

"Está tudo bem Nathan." Eu beijo-lhe na bochecha e depois os lábios e saio do carro.

Por mais que ache que a atitude da Nicole foi um pedido de atenção para alcançar o Nathan, o que ela conseguiu, ele importa-se com a Nicole e eu nunca o iria impedir de a ir ver ao hospital. O Nathan é melhor pessoa do que qualquer um imagina e sabe.

....


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