40: "É suícidio, Niall!"

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A cozinha estava quase inabitável. Eles bagunçaram tudo no cômodo e eu, como uma boa garota, resolvi arrumar tudo enquanto Niall ia buscar Mary e Henry. Ele se despediu de mim com apenas um beijo na bochecha, algo que não esperava dele, principalmente quando estavam meu pai e minha mãe a alguns metros de distância.

Estava tão concentrada em como tudo estava bem entre Niall e eu que nem notei quando alguém chegou na cozinha. Horan tem contado tudo para mim e tem respondido as minhas perguntas, não negando informações. É óbvio que Niall ainda despertava minha curiosidade em vários aspectos. Por que Niall odeia tanto o pai? Não pode ser apenas porque ele o mandava para acampamentos nas férias. Ou então, o que aconteceu na França? Niall comentou que tinha uma amiga que morreu, mas por que ela morreu? Niall a matou?

Eu não sei exatamente onde estou me metendo, quer dizer, ele matou uma garotinha de seis anos para provar que era fiel a uma instituição. Mas a forma que ele agiu não me deixa pensar algo ruim dele. Ele, claramente, se culpa por isso e alguém que se culpa a ponto de ter pesadelos não pode simplesmente ser considerado culpado. Não importa o que dizem sobre Niall, eu serei a única pessoa que não irá julgá-lo.

- Está muito pensativa... - ouço uma voz grave atrás de mim. Eu estava na pia empilhando algumas caixas de fast foods.

Viro-me e encontro Harry sentado, encarando o balcão com as sobrancelhas erguidas e a tipoia em seu braço direito.

- Pois é... - digo simplesmente. - Está melhor? - pergunto, apontando para seu braço.

- Não consigo mexer, dói demais. - Harry faz uma pequena expressão de dor adorável. Seu cabelo estava todo bagunçado mas sua pele havia tomado um pouco de cor. - Pode fazer alguma coisa para eu comer? - ele pede com uma voz doce.

- Claro! - sorrio e procuro por alguma coisa na cozinha ainda bagunçada. - Ouvi dizer que suco de laranja é bom para quem perdeu sangue... Você vai tomar muito suco e... - vou em direção a geladeira.

- Mamãe foi comprar coisas para mim hoje, deve estar aí mesmo. - ele me incentiva a procurar na geladeira.

(...)

Niall estava demorando. Não deveria levar mais de meia hora para ir buscar Mary e Henry, porém ele demorou. Quase uma hora e ele não havia chegado. Eu estava na cozinha ainda, sentada no balcão com meu rosto sendo apoiado por minha mão esquerda. Na sala de jantar da casa de Niall, estavam Liam, John, Anne, Bill e Mark. O equipamento que Liam iria precisar chegou há pouco e ele logo começou a instalar toda a aparelhagem. Harry tinha ido se deitar, pois estava cansado e entediado. Tive que ajudá-lo a comer, sua mão direita estava presa então, eu tive que dar comida na boca dele, claro, depois de prometer que nunca contaria isso a ninguém. Eu o compreendia por ter ido dormir, mas não poderia fazer o mesmo que ele enquanto Niall não chegasse.

Já estava prestes a perguntar a alguém por que ele demorava tanto quando ouvi a porta ser destrancada. Apenas uma pessoa tinha a chave então... Só podia ser Niall. Levantei da mesa às pressas e corri um pouco para a sala, que dava uma boa visão de quem chegava.

Mary passa primeiro sacudindo os cachos, logo em seguida Henry. Encarei a porta e ninguém mais entrava porém, antes que eu entrasse em colapso, Niall adentrou a sala com as chaves do carro balançando entre os dedos. Seu olhar se encontrou com o meu e ele sorriu amavelmente. Corri até ele e praticamente saltei em cima dele. Horan respondeu ao abraço mas logo nos separou olhando confuso para mim.

- Por que demorou tanto? - pergunto baixo, notando que Mary e Henry estavam observando a casa.

- Além de Mary não saber onde era a entrada, encontrei um certo doutor com o carro quebrado. - ele indica a porta onde Dr. Carter adentrava a casa com as barras da calça enlameadas, e o rosto um pouco sujo do que parecia ser graxa. Ele trazia uma maleta em mãos, aquelas comuns aos médicos.

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