3: "Isso é tão embaraçoso..."

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Segunda-feira, à caminho do aeroporto.

Eu roía minhas unhas e Harry não parecia estar muito melhor. Mexia no cabelo de meio em meio segundo, isso era o jeito dele de demonstrar que estava nervoso. Eu estava entrando em uma crise de nervos quando começo a avistar o grande aeroporto, olho para Harry e ele me dá um sorriso.

No dia anterior, Harry e eu preparamos uma placa que dizia "NIALL HORAN", como não sabíamos como ele é e nem ele como nós somos, optamos por fazer ela para chamar a atenção dele. Harry disse que ele tem nome de alguém que é meio menina, não entendi o que ele quis dizer com isso. Eu já imaginava um garoto de altura mediana, moreno e que era super simpático a ponto de abrir um mega sorriso ao ver nossa placa. Eu posso estar tremendamente enganada, mas também posso estar certa, não é? O mais estranho para mim foi ficar tentando imaginar alguém pelo nome.

O carro para, eu dou um último gritinho de desespero antes de tomar consciência e falo para mim mesma "Comporte-se, não pareça uma retardada no primeiro dia.". Assenti com a cabeça, concordando com meu subconsciente e abro a porta do carro, pegando a placa grande e meu celular. Ao entrar no aeroporto, percebo que haviam muitas pessoas ali.

- O avião deve aterrissar em breve. - meu pai diz meio... Nervoso?

Todos nos sentamos em cadeiras que eram presas umas nas outras e ficamos esperando. Minhas unhas estavam sofrendo deliberadamente hoje, temo ter que cortá-las quando chegar em casa. Harry estava ao meu lado, jogado na cadeira e batia um pé no ritmo de uma música qualquer. Aquilo estava me irritando.

- Se você não parar de bater esse pé, eu vou cortá-lo fora. - aviso baixo e ele percebe que eu apenas estou nervosa, soltando uma gargalhada.

- Calma, Dani. Logo ele chega e toda essa merda de nervosismo acaba. - ele diz tentando parecer calmo, apenas tentando.

- Calma? Você parece um perfeccionista de tanto que mexe nesse cabelo de menina seu. - aponto para a mão dele que para de se movimentar assim que completo a frase.

- Qual o problema em querer arrumar meu próprio cabelo? - ele diz ofendido.

- Nenhum, apenas não tente parecer relaxado. - digo.

Harry vestia uma camiseta dos The Rolling Stones surrada, uma calça jeans preta e apertada e um All Star branco, quer dizer, era pra ser branco. Eu vestia uma calça jeans rasgada nos joelhos e nas coxas, com uma camiseta da minha banda preferida, Bon Jovi. Preferi usar meu cabelo solto hoje, deixando alguns dos meus cachos embolados caindo em minhas costas e peito. Preciso cortar meu cabelo, está muito grande., penso. Não usei muita maquiagem hoje e coloquei um All Star preto.

As pessoas passavam por mim e olhavam para Harry e depois para mim, como se comparassem. Devia ter vindo menos parecida com meu irmão. Mas não tenho culpa de ter crescido usando as roupas dele e ter acabado me acostumando com seu estilo estranho. Quando éramos mais novos, eu não era uma menina normal, vivia pegando nos casacos e camisetas de banda dele. Eu tinha minhas roupas mas eram todas cheias de flores e coisas cor-de-rosa, e essa não é lá minha cor preferida.

Ouço uma mulher falar que um avião que havia partido da Irlanda acabara de pousar. Imediatamente, levanto-me e puxo Harry pela mão, indo em direção à porta de desembarque. Sinto que minha mãe e meu pai vinham logo atrás de nós, eles riram de minha atitude desesperada. Paramos em frente a correntes de plástico que impediam que pessoas do aeroporto fossem para a saída de desembarque, coloquei minha placa em frente ao meu tórax e abri um sorriso de meu-presente-de-Natal-está-para-sair-por-aquela-porta.

Alguns minutos depois, pessoas começam a sair. Olho para Harry e ele parece mais nervoso que eu, depois olho para meus pais e eles sorriem, encorajando-me. Viro para frente e começo a observar as pessoas esperando por qualquer sinal de nosso irlandês. Um rapaz moreno sai pela porta, olha para nós e abre um sorriso. É agora, penso. Mas ele passa por nós e se dirige a uma moça logo atrás de nós. Mas o quê? Olho para Harry e ele parece tão confuso quanto eu. Damos de ombros e olhamos para porta novamente, algum tempo depois e o número de pessoas começa a diminuir até que ninguém mais sai.

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