QUARENTA E DOIS

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Capítulo Quarenta e Dois

Atena pediu que seu café da manhã fosse servido na cama assim que uma criada entrou em seu quarto, se oferecendo para arrumar o cômodo. Não teria estômago para se sentar na mesma mesa que Poseidon depois da noite passada. Não teria coragem nem de encarar Helena, Proteu ou o general depois de tudo o que havia dito.

Depois de tomar café e se aprontar devidamente, enquanto a criada arrumava sua cama, Atena decidiu que iria procurar por Jac. No meio dos pensamentos tortuosos da última noite, sequer havia lembrado de perguntar para Poseidon por que o garoto havia fugido e o que tinha no saco que ele levava. Atena ainda não estava forte o suficiente para perguntar tudo aquilo para o deus dos mares agora, então iria simplesmente encontrar Jac e obter suas próprias respostas.

Sabia que Poseidon o estava mantendo sob vigia, e depois da tentativa de fuga, Jac certamente estaria no calabouço. Só o que faltava agora era encontrar o tal calabouço. Atena vagou por minutos que pareciam não ter fim pelos corredores, descendo escadas sempre que encontrava uma, já que a arquitetura padrão sugeria que as celas deveriam ficar debaixo do palácio. Felizmente, sua teoria se provou certa. Depois de caminhar tanto que suas pernas começavam a doer, chegou a uma grande e grossa porta de ferro em um corredor úmido e mal iluminado. A porta era guardada por dois sereianos com lanças nas mãos. Atena tentou manter a postura e caminhar com naturalidade, mas mesmo assim foi barrada pelos homens, se é que podia chamá-los assim, com as caudas no lugar de suas pernas.

- Desculpe, minha senhora, mas a entrada só é permitida com a permissão do rei.

Atena sorriu, transmitindo tranquilidade.

- O rei me deu permissão para circular por qualquer área do castelo.

- A senhora pode provar o que diz?

Atena pensou em qual seria a reação de Poseidon se ela aparecesse na frente dele e pedisse autorização para qualquer coisa agora. Um arrepio subiu por sua espinha só de imaginar o olhar que receberia.

- Então peço perdão, mas não pode entrar - o soldado acrescentou.

Atena respirou fundo. Não queria ter que chegar a esse ponto, sabia que os sereianos estavam apenas fazendo o que foram designados a fazer, mas não tinha outra escolha.

- Qual o seu nome, soldado?

- Hans, minha senhora.

- Hans. Muito bem. Já que não posso entrar, talvez eu deva encontrar Poseidon - disse Atena, fazendo menção de se virar para sair -, e dizer que um certo soldado está me impedindo de passar...

- Mas minha senhora...

- ... Sendo que ele ordenou expressamente que todos os funcionários do castelo obedecessem as minhas ordens.

- Ele ordenou?

- Sim. Posso chamá-lo aqui para confirmar, se quiser. Não acho que ele vá ficar satisfeito em ser incomodado a essa hora por conta de um inconveniente pequeno como esse, mas posso levá-los até o escritório dele para tirarem essa dúvida. Sei que ele é muito ocupado, mas certamente não vai se importar de ser interrompido rapidamente, certo?

A reputação de Poseidon no palácio, aparentemente, era mais temível do que Atena imaginou. Hans olhou para seu companheiro de guarda, que permanecera calado durante todo o tempo. Os dois trocaram um olhar significativo, e pareceram chegar a um acordo mudo. Ninguém queria interromper o rei.

- Bem, já que a senhora está dizendo... - Hans hesitou. - E sabemos que o rei não gosta de ser interrompido enquanto trabalha. Creio que a senhora esteja falando a verdade.

Três Desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora