SEIS

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Capítulo Seis

A água estava, de fato, tão quente quanto a de uma hidromassagem quando envolveu sua pele, e tão logo seu corpo atingiu o fundo da piscina, a deusa bateu os braços e voltou para a superfície. O vento gelado que batia em seu rosto agora contrastava com a água quentinha, arrepiando os pelos de sua nuca. A deusa correu a mão por seu rosto, jogando para as costas os cabelos molhados que tampavam sua visão. À sua frente, Poseidon abriu um sorriso vitorioso e aplaudiu.

- Uma salva de palmas para o primeiro ato impensado da deusa da sabedoria - ele exclamou como quem se apresenta para uma plateia.

Atena ofegou, só agora considerando que havia feito exatamente o que ele queria que ela fizesse desde o começo. Porém, seu orgulho falava mais alto, e Poseidon conseguia tirar sua razão como nenhuma outra pessoa.

O deus nadou para mais perto dela, ainda sorrindo presunçoso.

- Já está congelada? - ele perguntou, e Atena sentiu a temperatura da água subir ainda mais ao fim de sua sentença.

Ela rolou os olhos.

- Você não estava aqui quando eu tentei pela primeira vez - ela argumentou. - Fazendo essa... Sei lá o que você está fazendo para esquentar a água.

- Mas eu te disse - Poseidon rebateu. - A sua falta de fé em mim é perturbadora.

Atena ergueu uma sobrancelha em surpresa.

- Você está citando Star Wars? - ela indagou, incrédula.

Poseidon bufou.

- Puf. Claro que não - ele negou. - Não é exatamente isso que o Vader diz.

Atena cruzou os braços.

- Pensei que você tivesse dito que não assistia a esses "filmes mortais de nerd" quando eu te recomendei - ela o acusou.

- Não assistia - Poseidon concordou. - Mas vi você assistindo um pedaço uma vez e acabei terminando sozinho. Até que é interessante.

Atena não conteve um pequeno sorriso diante de sua declaração.

- Eu sabia. Meu gosto é impecável.

De repente, a deusa sentiu uma pontada em seu olho esquerdo, e se curvou, apertando o local com a mão.

- Ouch - ela reclamou, esfregando o olho.

Poseidon se aproximou, de repente parecendo preocupado.

- O que foi? - ele perguntou.

- Acho que caiu um cisco no meu olho - Atena explicou, e caminhou para mais perto dele. - Está vendo alguma coisa?

A deusa segurou o olho aberto enquanto Poseidon se aproximava de seu rosto para examinar. Podia sentir a respiração quente dele em seu rosto e o cheiro de maresia que ele emamava, de tão próximos que estavam, e a deusa engoliu em seco, nervosa pela súbita proximidade.

- Não estou vendo nada - ele respondeu, alheio ao turbilhão dentro de Atena naquele momento. - Pode ter sido a água que irritou seu olho.

Atena piscou o olho ardente diversas vezes, já se contentando com aquilo, quando Poseidon segurou seu rosto com as duas mãos. O simples ato quase foi suficiente para que a deusa se esquecesse do olho que doía. De repente ela podia sentir seu coração palpitando rapidamente em seu peito e a sensação de que seu estômago despencava. Ela não entendia porque só sentia aquilo quando Poseidon estava por perto.

O deus aproximou a boca de seu rosto, segurando delicadamente seu queixo, e logo um sopro gelado aliviava a ardência no olho de Atena. Ela piscou novamente, e dessa vez seu olho já não doía mais.

Três Desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora