QUARENTA E CINCO

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Capítulo Quarenta e Cinco

A primeira coisa que Atena fez, uma vez de volta em Atlântida, foi procurar por Jac. Havia deixado o garoto dormindo em seu quarto, mas ainda não tinha certeza se ele sobreviveria aos ferimentos que sofreu, mesmo depois da magia curativa que ela fez. Foi com muita surpresa que Atena abriu a porta e não encontrou nada além de lençóis ligeiramente desarrumados em sua cama e um quarto vazio. Chamou pelo nome dele, mas não teve resposta.

A temperatura do sangue de Atena subiu. Se Jac fosse encontrado perambulando pelo palácio pelos soldados que o prenderam e agrediram, ele estaria encrencado de novo. Certamente não sobreviveria a uma segunda surra. Com esse pensamento, ela saiu a procurar por ele. Não era uma tarefa fácil - o palácio de Poseidon era imenso, e Jac poderia estar em qualquer lugar. Atena percorreu todas as alas de todos os andares, e quando já estava ofegante e suada, cruzou as portas que levavam para a cozinha e lá estava Jac: sentado no chão com um sanduíche em mãos. Ela quase riu de nervoso com a cena.

O barulho das portas se abrindo chamou a atenção de Jac, que olhou em sua direção, alarmado. Seu semblante se aliviou quando ele viu Atena na soleira.

- Senhora Atena... - ele colocou a mão sobre o peito. - A senhora me assustou.

- Digo o mesmo, Jac - Atena adentrou a sala, deitando um olhar demorado sobre o garoto.

Jac estava muito melhor do que quando Atena o tirou do calabouço, embora ainda parecesse debilitado. Já vestia as roupas emprestadas de Poseidon - que, como a deusa imaginou, ficavam largas em seu corpo, porém melhores do que as anteriores - e seus olhos já não estavam vermelhos de cansaço.

- Não deveria andar pelo palácio - Atena o repreendeu assim que chegou perto o suficiente. - Se os soldados de Poseidon te encontrarem, você está encrencado.

- Desculpe, minha senhora - Jack encolheu os ombros. - Eu estava morto de fome e não te encontrei em lugar nenhum, então decidi vir aqui.

- Está tudo bem - Atena suspirou, parando ao lado dele, sem, no entanto, agachar. - Eu não estava mesmo no palácio. Tive que sair para cuidar de alguns assuntos.

- E Pos... Digo, o rei estava com a senhora?

- Sim, ele estava comigo. - Atena franziu o cenho.

O silêncio se instalou entre eles quando Jack deu mais uma mordida no sanduíche. Atena não queria atrapalhar sua refeição, já que ele aparentemente não comia a dias, mas precisava fazer algumas últimas perguntas antes de seguir para seu quarto para arrumar as malas de volta ao Olimpo.

- Você dormiu?

Jac meneou com a cabeça.

- Pode-se dizer que eu desmaiei - ele sorriu.

- Ótimo - ela tamborilou os dedos nas coxas. - Eu preciso voltar ao meu quarto, tenho coisas a fazer. Volte ao centro de treinamento, ou onde quer que os soldados fiquem hospedados e continue seu treinamento. E Jac... - ela deu um olhar de aviso. - Não volte a roubar, por mais nobre que seja sua causa. Não estarei aqui para te livrar mais uma vez. Fique na linha e quem sabe você consiga mesmo entrar no exército e ajudar sua família.

Jac assentiu, engolindo um último pedaço de pão. Ele se colocou de pé e abaixou a cabeça em uma reverência para Atena.

- Não voltarei a cometer esses erros - ele garantiu. - Estou em dívida com a senhora para sempre pelo que fez por mim. Como posso lhe agradecer?

Atena sacudiu a cabeça.

- Só fique fora de problemas.

Jac sorriu.

Três Desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora