QUARENTA

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Capítulo Quarenta

Atena sentiu o cheiro da pizza antes mesmo de chegar ao seu destino - uma sala que até um dia atrás ela não conhecia, onde aparentemente Poseidon gostava de ir para ficar sozinho e descansar. O aroma delicioso de frango e queijo derretido invadia suas narinas, e ela quase podia sentir o gosto da pizza quando abriu as portas da sala de televisão e encontrou as comidas dispostas sobre uma mesa de centro retangular. Poseidon procurava, em uma estante que ocupava uma parede inteira, um filme que o agradasse. Quando se virou, tinha em mãos um filme que Atena se lembrava vagamente de ter visto alguns dias atrás.

- Oh não - disse Atena, os ombros caindo. - É um romance.

Poseidon riu.

- Alguma coisa contra?

- Muita coisa contra - respondeu Atena. - Mas o que eu posso fazer?

- Exatamente - concordou Poseidon. - O que você pode fazer?

Poseidon se abaixou para colocar o disco no aparelho de DVD, enquanto Atena servia-se de dois pedaços de pizza e enchia um copo de champanhe. A deusa não conseguiu se incomodar com a proximidade com que Poseidon se sentara dela, praticamente grudado, mesmo com o espaço imenso do qual o sofá dispunha, não quando podia recostar a cabeça em seu peito quentinho. Ela o fez, e Poseidon passou o braço ao redor dela, fazendo o ambiente perfeitamente propício para dormir.

O filme começou. O longa corria como se tivesse ainda mais tempo do que realmente tinha, e o tédio chegou a ficar quase insuportável na metade do filme, quando a pizza e o vinho já haviam acabado e Atena sentia os olhos pesarem.

- Você não vai dormir, vai? - Poseidon perguntou em tom de provocação.

Atena resmungou, abraçando o tronco dele.

- Não posso prometer nada.

- Molenga. Isso porque você disse que não precisava descansar.

- Eu não precisava - Atena rebateu, a voz sonolenta. - Eu sempre trabalho até... - Ela bocejou, descansando o rosto no ombro de Poseidon. - Até não aguentar mais.

Poseidon estalou a língua.

- Teimosa até o último - ele murmurou, beijando o topo da cabeça de Atena. - Pode dormir; eu não vou contar para ninguém que você está tão velha que não consegue assistir um filme até o final.

- Vai se ferrar, Poseidon - ela murmurou, sonolenta demais para elaborar seu argumento.

Poseidon riu. E então passou o braço pela cintura de Atena, descansando a mão em sua coxa descoberta pelo shorts e acariciando sua pele ali.

Atena corou como um tomate, embora ele não aparentasse sequer ter prestado atenção ao que fazia. Poseidon reparou na vermelhidão de suas bochechas, porque perguntou:

- Como pode corar toda vez que eu encosto em você?

Aquilo fez com que Atena corasse ainda mais.

- Eu não sei - ela disse, encolhendo os ombros. - Talvez seja porque é você.

- Como assim porque sou eu? - Poseidon aproximou o rosto, seus olhos inundados de interesse.

Atena suspirou.

- É difícil explicar. Eu raramente me sinto atraída por um homem que conheço. Mas com você é diferente. Você me toca e eu sinto... Coisas diferentes.

- E você se sente atraída por mim? - Poseidon tinha um sorrisinho de lado nos lábios.

Atena se virou para ele como se tivesse que explicar a coisa mais óbvia do mundo à uma criança de sete anos.

Três Desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora