QUINZE

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Capítulo Quinze

O Acampamento Meio-Sangue parecia estar em perfeita atividade, apesar do horário. Os jovens e algumas crianças corriam de um lado para o outro, revestidos de armaduras brilhantes e carregando todo tipo de armas, desde pequenas adagas até lanças compridas.

Poseidon os havia levado para a frente da Casa Grande, de onde era possível ouvir a voz de Dionísio conversando energeticamente com Quíron. Atena soltou a mão de Poseidon e se adiantou para abrir a porta principal, logo acima da varanda. Ambos, o centauro e o deus do vinho, estavam sentados em frente a uma mesa de bilhar, onde algumas peças de dominó e uma porção de cartas de baralho jaziam dispersas.

Quíron levantou-se imediatamente, com toda a altura que tinha em sua forma original, quase batendo a cabeça no teto baixo da casa, e fez uma reverência para os dois deuses, um de cada vez. Dionísio, por outro lado, se limitou a resmungar um "oi" quase ininteligível, e virar a própria cadeira giratória de forma que pudesse olhar para os rostos de Atena e Poseidon.

- Meu senhor e minha senhora - saudou Quíron. - É um prazer tê-los aqui.

- Quíron - Atena meneou com a cabeça. - E Dionísio. É sempre um horror te ver.

- Igualmente, minha querida - Dionísio ergueu uma lata de diet coke como quem faz um brinde. - E Poseidon...

- Dionísio - o deus dos mares meneou com a cabeça, ligeiramente. Era indiferente demais a Dionísio para ter qualquer tipo de afeição ou apatia por ele.

- A que devemos a honra de suas visitas? - perguntou Quíron, claramente tentando aliviar a tensão que se fazia presente na sala.

- Quero saber sobre meus filhos. - Atena respondeu imediatamente. - E imagino que Poseidon tenha vindo fazer o mesmo.

- Oh, ficaram sabendo da chuva de meteoros, certo? - Quíron indagou. - Infelizmente, fomos pegos de surpresa. Por sorte, os filhos de Deméter e as ninfas conseguiram fazer uma barreira provisória sobre o Acampamento com algumas plantas até que tudo acabasse. Nenhum chalé foi atingido. Ainda assim, alguns poucos semideuses se feriram.

- Percy estava aqui? - Poseidon perguntou.

- Ele e a menina Elizabeth chegaram anteontem do Acampamento Júpiter - dessa vez quem respondeu foi Dionísio. - Por um dia não teriam sido pegos.

- O nome é Annabeth - Atena corrigiu ríspida. - Onde ela está? Ela foi ferida?

- Ela e o garoto estão na enfermaria - foi tudo o que Dionísio disse.

De toda forma, Atena não ficou para ouvir mais. Saiu da casa às pressas, correndo pelo acampamento até a pequena construção onde os semideuses eram tratados. Alguns adolescentes, claramente filhos de Apolo, circulavam pelo ambiente, checando pacientes deitados sobre as macas, e esses não eram poucos.

Atena correu os olhos por toda a extensão do lugar, procurando por um de seus filhos. Com alívio, percebeu que não havia nenhum deles ali além da garota loira deitada em uma maca do outro lado da sala, ao lado de um menino que estava sentado em uma cadeira de plástico e conversava com ela.

Atena andou até a cama, e os dois semideuses a olharam, surpresos. Percy Jackson, o menino na cadeira, até tomou o cuidado de se afastar um pouco de Annabeth. Lembrando-se de que tinha uma imagem minimamente digna a manter, Atena tratou de se acalmar e deixar a feição o mais inexpressiva que pôde. Ainda não estava acostumada - e nem disposta a se acostumar - com demonstrações de sentimentos na frente de semideuses.

- Senhora Atena - Percy se colocou de pé, fazendo uma reverência assim como Quíron.

- Percy - disse Atena, acenando com a cabeça.

Três Desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora