EPÍLOGO - PARTE II

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Epílogo - Parte II

Por uma incrível coincidência do destino, Poseidon cruzou as portas do salão principal exatamente no momento em que Atena apareceu no topo das escadas. Ela estava acompanhada por Proteu e aparentemente distraída em alguma conversa com o deus, e não reparou que Poseidon caminhava em sua direção.

A deusa da sabedoria só foi tirada de sua conversa quando, no colo de Poseidon, Lyssa começou a balbuciar "ma ma ma ma" desesperadamente. Como se tivesse ouvido um alarme de incêndio, a cabeça de Atena virou na direção deles, e no primeiro instante ela sorriu para a pequena bebê que chamava seu nome, mas então seu olhar recaiu sobre Poseidon...

E ela franziu as sobrancelhas.

Ele sabia que estava encrencado quando recebia aquele olhar. Poseidon se voltou para sua filha com preocupação.

- Sabia que é feio ter um progenitor favorito? - ele murmurou para a garotinha que ainda não havia se contentado com o fato de que Atena não estava bem à sua frente. - Eu te dei ambrósia! O que mais eu posso fazer?

Os olhinhos verdes de Talyssa recaíram sobre si. Ela era, ao contrário dos irmãos, uma mistura equilibrada de Poseidon e Atena. Tinha os cabelos loiros muito claros da deusa da sabedoria, mas os olhos verdes de Poseidon, e quanto ao gênio... Bem, ela indubitavelmente gostava mais de Atena, no momento. Poseidon não sabia se isso significava que ela seria igual à mãe.

Aparentemente sim, porque ela categoricamente ignorou a afirmação de Poseidon e voltou a chamar a mãe, dessa vez estendendo os bracinhos para a frente. Atena sorriu quando chegou no último degrau da escada e também estendeu os braços para a garotinha, que se jogou em seu colo com gritinhos animados. Proteu parou alguns passos atrás, observando quietamente a cena.

- Oi, princesa. Eu também senti sua falta. - Atena acariciou a cabeça de Lyssa, que deitou-se em seu ombro, um gesto que Poseidon sabia ser um abraço. - O que é que você e seu pai estavam aprontando, hein?

A última frase, Atena disse olhando fixamente nos olhos de Poseidon, como se pudesse extrair a verdade da mente dele. O deus dos mares apenas sorriu. Ele era o único naquele palácio que nunca havia se intimidado com o olhar tempestuoso de Atena - o que era um grande feito, porque ela de fato tinha o dom de tirar a verdade de qualquer um.

Aquela verdade, no entanto, ele teria que esconder dela por algum tempo.

Lyssa começou a balbuciar em sua própria língua, entendendo que a mãe havia falado com ela, e Atena apenas riu, seu semblante se suavizando. Poseidon aproveitou a brecha para puxar sua cintura e deixar um beijo rápido em seus lábios. Atena retribuiu, mas seu olhar ainda era extremamente questionador.

Antes que ela pudesse abrir a boca para dizer qualquer coisa, Lyssa envolveu o pescoço de Poseidon com um braço e o da deusa com outro e juntou seus rostos outra vez, sorrindo.

- Pa pa - ela riu, envolvendo os dois deuses em um abraço.

Poseidon passou os braços em torno de Atena e de sua filha também.

- Agora que está no colo da mamãe você me abraça, é? - ele indagou. Lyssa, muito esperta, parecia entender cada palavra. - Um dia eu vou descobrir o que a sua mãe tem que eu não tenho, princesa. E aí vou ser seu favorito.

Atena bufou, alisando o vestidinho da garota.

- Leite. Acredite, ela só está grudada em mim por causa dos meus peitos. - ela garantiu.

Poseidon abriu um sorriso malicioso.

- Você me deixa com um pouco de inveja, Talyssa.

Atena deu um soquinho no peito de Poseidon, e às suas costas, Proteu fingiu estar com ânsia de vômito.

Três Desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora