VINTE (poseidon)

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Capítulo Vinte

Se tinha algo que Poseidon realmente não queria fazer era o que fazia naquele exato momento. Não queria que a situação chegasse ao ponto de ter que levar Atena ao seu palácio, de ter que abrigá-la em suas dependências, mas aquele tipo de coisa exigia medidas desesperadas.

Logo que a deusa desmaiou - e ele fez questão de gravar bem aquele momento em sua memória, para esfregar na cara esnobe dela até o fim dos tempos -, ele a transportou até um dos quartos de seu palácio e chamou por uma equipe de curandeiros. Por sorte, não era nada muito grave. O corte nas costas da deusa era feio, se estendia desde o trapézio quase até o quadril, mas deuses se curavam rápido. O ferimento foi limpo e coberto por ataduras, que deveriam ser trocadas de tempos em tempos, mas nada complicado.

Depois disso, Poseidon fez questão de ficar no quarto até que Atena acordasse, o que não demorou muito a acontecer. Nem desmaiar como alguém normal ela o fazia.

A deusa parecia confusa ao abrir os olhos, mas logo que mirou Poseidon, saltou no lugar e se sentou. Foi uma péssima ideia. Ela levou as mãos à cabeça em seguida, resmungando todos os palavrões que conhecia. Talvez ela nunca tivesse desmaiado na vida. Parecia algo típico de Atena.

- Devagar, amor - Poseidon a empurrou delicadamente de volta para o travesseiro. - Você acabou de acordar.

Atena se recostou nos travesseiros, mas permanecia com uma postura de alerta. Sempre tão consciente, pensou Poseidon.

- Onde eu estou? - foi a primeira pergunta que ela fez, ainda zonza.

- No meu palácio - respondeu Poseidon, cruzando os braços em preocupação. - Você estava me dizendo que viu um titã dentro da casa e desmaiou.

- Eu... desmaiei? - Atena franziu o cenho, como se a ideia de um desmaio fosse absurda. - Isso não pode ter acontecido. Eu nunca desmaio.

- Bom, você desmaiou - Poseidon disse, refreando falhamente um sorriso.

Atena fechou a cara para ele.

- Não me olhe assim! - ela exclamou.

- Assim como? - a essa altura Poseidon sequer tentava esconder seu sorriso.

- Você sabe como! - Atena atirou um travesseiro nele, mas ele se desviou para o lado antes que fosse atingido, e nem a tentativa de agressão de Atena tirou o sorriso de seu rosto. - Se contar isso para alguém, eu vou fazer da sua vida um inferno.

Embora Poseidon fosse incapaz de imaginar como ela poderia infernizá-lo mais do que já fazia, ele não quis duvidar da criatividade de Atena. A deusa da sabedoria era vingativa e esperta demais, e ele tinha certeza de que, se ela estivesse mesmo determinada a fazer da vida dele um inferno, as coisas poderiam ser muito piores. Ainda assim, puramente por pirraça, o deus manteve seu sorriso aberto e deu de ombros ante o que ela havia dito.

- Está se sentindo melhor? - ele mudou de assunto.

Atena o analisou e pareceu relaxar apenas um pouco.

- Minhas costas ardem, mas estou bem - Atena tentou se sentar de novo, dessa vez lentamente. - Merda, meu pai vai ficar tão bravo comigo.

Poseidon franziu o cenho, confuso.

- Por quê?

- Quando eu aparecer no Olimpo sem ter concluído a missão - Atena completou, finalmente conseguindo sentar e colocar as pernas para fora da cama. Seus olhos não deixaram os de Poseidon. - Ele com certeza vai me dar um sermão irritante.

Poseidon estava cada vez mais confuso com o raciocínio dela.

- Atena, do que você está falando?

Três Desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora