QUARENTA E UM

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Capítulo Quarenta e Um

Atena escolheu ir para seu quarto e tomar um banho enquanto esperava. O peso do mundo parecia estar em seus ombros, e um banho quente sempre fazia parecer que, por alguns segundos, ela não tinha um fardo tão grande para carregar. Dessa vez, nem mesmo isso foi o suficiente para esvaziar todas as preocupações que ela tinha na cabeça.

Droga, Atena não queria magoar Poseidon. Há algumas semanas não teria se importado em fazê-lo se fosse em prol de um bem maior, mas agora ela tinha passado quase duas semanas na companhia dele e o conhecia mais a fundo do que jamais havia conhecido.

Durante aquele curto período de tempo, ela fez parte da vida íntima de Poseidon em todos os sentidos. Conheceu a bondade dele com outras pessoas (Helena e Jaliah eram apenas dois exemplos), conheceu a gentileza dele quando realmente se importava (o modo como ele cuidou e se dedicou a ela na maior parte do tempo pelos últimos dias), conheceu facetas da personalidade dele que nunca tinha visto. Descobriu que Poseidon era inteligente e pensador como ela. Descobriu que ele tinha um coração imenso e se importava demais com coisas pequenas. Atena não queria ser responsável por quebrar aquele coração de forma nenhuma, mas era necessário que o fizesse. Por Poseidon.

Ela correu os dedos pelo cabelo. Sentia vontade de chorar. Queria deixar suas lágrimas caírem sem preocupações e se misturarem a água da banheira, sem deixar provas de seu momento de fraqueza.

Mas não chorou. Não conseguia chorar. O que precisava não era sentir autopiedade e se debulhar em lágrimas. Precisava ser a deusa forte que sempre tinha sido. Precisava vestir a máscara da mulher que sustentava o Olimpo e mantinha a Civilização Ocidental funcionando. Precisava ser o que todos os deuses - exceto Poseidon - pensavam que ela era.

Atena sabia que ele não compraria aquilo com facilidade, porque a conhecia muito mais a fundo. Poseidon perceberia que havia algo de errado, perguntaria e forçaria até que ela contasse, mas dessa vez, ela não podia ceder. Por ele.

Era difícil, mas ela precisava se lembrar de porquê o havia afastado da primeira vez, em primeiro lugar. Havia um empecilho entre eles desde tempos muito antigos, e Atena não imaginava até quando haveria, mas qualquer que fosse o caso, era sua obrigação se manter fiel à promessa que fizera para si mesma. Afinal, Poseidon não sabia o que ela sabia. Era sua obrigação cuidar daquele caso.

Saiu do banho uma hora depois. Sentia sono, mas precisava esperar acordada por Poseidon, então pegou um livro na esperança inútil de que conseguiria se distrair. Atena simplesmente encarou, com um olhar vago, o primeiro parágrafo do primeiro capítulo, perdida em pensamentos, até que uma batida soasse em sua porta.

Seu coração tropeçou. Ela sabia que era ele.

Enquanto dizia para ele entrar, Atena se colocou de pé, se munindo de toda a força que tinha. Ela precisaria.

Alheio a tudo o que ela esteve pensando nas últimas horas, Poseidon entrou no quarto com um sorriso cansado e fechou a porta atrás de si. Ele parecia tranquilo, o que indicava uma das duas coisas: Jac não representava perigo ou Poseidon não havia descoberto o que ele de fato era.

- Oi, amor. - ele olhou ao redor do quarto. - Decidiu dormir aqui de novo?

Atena deu um passo à frente, engolindo em seco.

- Sim - disse ela, a voz trêmula. - Na verdade, eu preciso conversar com você.

Poseidon franziu o cenho e caminhou até ela.

- Sobre o que? - seu tom era preocupado. - Aconteceu alguma coisa?

- Não - respondeu Atena. - Quero dizer, na verdade, sim. Mas não algo em específico. Eu só tomei uma decisão e preciso deixar claro para você.

Três Desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora