TRINTA E TRÊS

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Capítulo Trinta e Três

Atena enrijeceu, se perguntando quanto da conversa ele teria ouvido, mas Poseidon, parado bem na soleira da porta, tinha uma expressão neutra no rosto, então talvez ela não tivesse entregue seu segredo. Ainda.

- Helena - ele cumprimentou simplesmente, e então se virou para Atena.

Suas sobrancelhas franziram no momento em que ele olhou para a deusa, e ela imediatamente teve certeza que ele havia reparado em seu rosto vermelho.

- Bom dia, amor - foi só o que ele disse, mas ainda corria os olhos pelo rosto de Atena. - Já terminou o café?

- Amor...? - Helena divagou, muito baixo, mas não recebeu qualquer atenção.

- Ainda não, mas não estou com fome - Atena respondeu e se levantou, esfregando as mãos para se livrar dos farelos de pão. - Você precisa de mim?

- Quero te mostrar uma coisa, se não estiver ocupada.

Engolindo em seco, Atena simplesmente fez aparecer uma roupa decente em seu corpo e o seguiu para fora do quarto. Assim que dobraram a esquina do corredor e se viram sozinhos, Poseidon se virou para ela e se aproximou de seu rosto, parecendo muito preocupado.

- Vai me contar o que aconteceu? - ele perguntou.

- Nada aconteceu - Atena abriu um sorriso forçado. - Por que a pergunta?

- Não minta para mim, Atena - Poseidon rolou os olhos. - Por que você estava chorando?

- Não é nada, Poseidon. Eu não estava chorando.

O deus dos mares respirou fundo, parecendo buscar paciência além de si.

- Tudo bem - ele pareceu chegar em um consenso consigo mesmo. - Não vou te obrigar a me contar. - ele estendeu o braço para Atena. - Quer dar um passeio?

Atena franziu as sobrancelhas, mas aceitou o braço estendido dele antes mesmo de saber o destino. Poseidon começou a andar em um ritmo lento.

- Para onde estamos indo? - perguntou Atena.

Eles fizeram a curva em um corredor e entraram em uma ala que Atena não tinha visto antes, nem em seu tour com Helena pelo palácio. Ela olhou para o lado, observando Poseidon brevemente. Naquele dia, ele estava vestindo um jeans escuro e uma camiseta turquesa folgada; tão informal que seria difícil saber que ele era o rei de Atlântida, não fosse pela inegável áurea de poder que o rodeava. O semblante dele estava tranquilo, mas havia um vinco leve entre suas sobrancelhas. Ele estava preocupado com alguma coisa.

- Eu queria te levar para conhecer a parte nova do palácio. Sei que você gosta dessas coisas de arquitetura - ele se virou para ela, e por um instante, o vinco sumiu. Atena sorriu. De fato, ela gostava. - Mas, convenientemente, tivemos uma surpresa essa manhã, e eu achei que seria interessante que você soubesse o que é.

- Uma surpresa boa?

Poseidon inclinou a cabeça.

- Não exatamente. Eu te explico tudo quando chegarmos lá. Mas enquanto isso, vamos passar pela parte reformada do palácio.

Atena ficou dividida entre a preocupação para saber o que era a surpresa não-tão-boa e o ânimo para conhecer a arquitetura nova do palácio. Poseidon não parecia muito preocupado, então talvez ela não devesse se preocupar também, mas a tal "surpresa" era suficiente para que Poseidon quisesse mostrar para Atena. Por outro lado, ela amava arquitetura - era seu domínio, oras, não poderia ser diferente - e achava até meigo o fato de que Poseidon quisesse acompanhá-la em um passeio de manhã só porque sabia que ela gostava.

Três Desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora