CINQUENTA E DOIS

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Capítulo Cinquenta e Dois

- Poseidon, você não vai acreditar no que aconteceu!

A porta do quarto foi escancarada com um estrondo, dando entrada para a figura magra e baixinha de Helena, que entrava aos saltos no cômodo. Atena, ainda em estado sonolento, custou a abrir os olhos para encarar a criaturinha alegre, parada cheia de expectativa à sua frente.

- Oh, Atena, não sabia que estava aqui - Helena piscou, com um olhar curioso. - Parece que teremos muito a conversar mais tarde. Sabe onde Poseidon está?

Atena apalpou o lado da cama bagunçada onde Poseidon dormira, agora vazio, se espreguiçando no processo. Quando sentiu os lençóis roçando ininterruptamente sua pele, a realidade veio à tona como uma pancada. Ela sorriu. A última noite havia sido inacreditável. Em seus quatro milênios de vida, Atena nunca pensou que fosse chegar a ter aquela experiência. Havia quebrado, de vez, o seu voto que nunca existiu. E estava feliz por isso. Não se arrependia de absolutamente nada. Era um sentimento realizador.

Ela só desejava que Poseidon estivesse ali quando ela acordasse, para variar. Queria saber como seria acordar ao lado dele. Queria ainda estar envolta em seu abraço e observar seu rosto adormecido. Aparentemente, teria que deixar esses desejos para outro dia.

Ela olhou para Helena, a pequena figura que aguardava uma resposta com as sobrancelhas erguidas. Poseidon não havia dito aonde estaria, mas Atena conhecia a rotina dele e também ouvia o característico barulho de água caindo. Não demorou a adivinhar.

- Imagino que ele esteja no banho, como sempre. - ela disse à Helena. - Você parece agitada. É uma notícia boa ou ruim?

- Hum, não sei dizer. É apenas uma notícia... Diferente. - Helena inclinou a cabeça. - É sobre um evento na cidade sobre a qual eu e Poseidon estivemos conversando há um tempo. Nada para você se preocupar. Só vim até aqui porque geralmente Poseidon está sozinho a essa hora da manhã. Mas não quero atrapalhar vocês. Posso conversar com ele no café da manhã. Aposto que hoje o humor dele está bem melhor do que ontem, se é que você me entende. - e para concluir, Helena deu uma piscadela desconcertante.

Atena sentiu-se corar. Precisava aprender a controlar esse rubor sempre que falavam dela e Poseidon juntos. Já não deveria mais ser algo tão anormal.

- Erm... Não tem problema. Você pode esperá-lo aqui, se preferir - ela ofereceu.

Helena sacudiu a cabeça com um pequeno sorriso no rosto.

- Como eu disse, não quero atrapalhar - ela deu alguns passos para trás, caminhando para a porta sem dar às costas à Atena. - Vejo vocês mais tarde, pombinhos.

Atena rolou os olhos.

- Até mais tarde, Helena.

A garota ainda tinha um sorrisinho perspicaz quando saiu do quarto, batendo a porta atrás de si. Atena estava quase acostumada ao jeito intrometido de Helena, mas não se acostumaria completamente tão fácil.

Não era familiar para ela ter pessoas circulando tão livremente em seus espaços pessoais como acontecia em Atlântida. Ela se perguntou se por isso Poseidon não percebia quando, certas vezes, invadia seu espaço. Talvez ele fosse tão acostumado com aquilo que uma repetição daquele comportamento fosse natural. Atena demoraria, de toda forma, a aprender a lidar com esse tipo de coisa vindo de qualquer pessoa que não fosse o próprio deus dos mares. E por falar nele...

A porta do banheiro se abriu com um clique e Poseidon saiu de lá, enrolado em uma toalha branca em volta da cintura. Tão lindo como sempre havia sido. Dessa vez, Atena não sentiu necessidade de olhar para o outro lado e fingir que estava dormindo. Ela apenas sorriu de volta quando os lábios do deus se esticaram em seu rosto.

Três Desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora