SESSENTA E DOIS

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Capítulo Sessenta e Dois

Estava tudo absolutamente silencioso ali; nada além dos sons da natureza e do nome de Poseidon sendo gritado por Zeus dentro do palácio principal.

— Acho que ele viu - disse Poseidon, tentando soar inocente.

Atena o encarou com cinismo.

— Nós dois sabemos que ele viu, Poseidon - respondeu ela. - Ele estava olhando para nós bem na hora, e não aja como se você não soubesse disso.

O deus dos mares ergueu os braços no ar, como quem se rende.

— Tudo bem. Não direi uma palavra - ele suspirou. - Mas já que estamos aqui... Eu queria conversar com você antes que Zeus chegue me desafiando para um duelo até a morte.

Atena se sentou em um banco próximo, olhando para ele com curiosidade. Poseidon preferiu se sentar na grama à sua frente, encarando seus olhos fixamente.

— Eu sei que já disse isso - ele começou. - Mas eu só queria dizer novamente, antes que você faça qualquer escolha.

Atena inclinou a cabeça, indicando que ele prosseguisse.

— Eu não espero que você prefira abandonar a vida que já tem - Poseidon continuou. - Não espero que deixe de lado suas obrigações abusivas, embora eu ainda esteja muito disposto a falar com meu irmão sobre isso; não espero que você se case comigo; não espero que escolha morar em um lugar sempre cheio de gente ao invés de um palácio silencioso e tranquilo como o seu; não espero que aceite o peso de ser a rainha de todo um reino, e que faça tudo isso só por mim. E se você decidir que não, eu vou entender e aceitar completamente.

"Não vou deixar de te amar ou te amar menos em razão da sua escolha. Você é livre para seguir o curso de sua vida como achar melhor, e eu farei o possível para me acostumar com isso. No entanto... - Poseidon suspirou e segurou sua mão. - Se você, para a minha sorte, aceitar viver comigo... Eu prometo que não vai haver um único dia em que não vou dar o meu melhor para te fazer feliz, Atena. Prometo que todos os meus segundos vão ser dedicados à você e a qualquer coisa que você precisar para ficar comigo. Prometo reconstruir Atlântida até o último prédio, se for o necessário para que você se sinta em casa. Prometo que você finalmente vai poder descansar... Ou trabalhar em dobro, se preferir. Mas em todo caso... - ele concluiu, entrelaçando seus dedos. - Eu vou fazer o meu melhor para te amar ao máximo, qualquer que seja a sua escolha."

A essa altura, os olhos de Atena já estavam encharcados, e ela não tinha certeza se seria capaz de respondê-lo.

— Estou dizendo isso... - Poseidon prosseguiu. - Porque não quero que você tome uma decisão baseada no que for melhor para mim. Eu me desdobro para me encaixar em qualquer realidade que você achar melhor. Quero que você escolha pensando em você e no que te faria mais feliz.

Atena continuava incapaz de gerar uma resposta, apenas balançando a cabeça de um lado para o outro.

— Você também não precisa me responder agora, é claro - Poseidon se adiantou a dizer, vendo o estado de Atena. - Não tenha pressa nenhuma. Pode fazer tudo no seu...

Mas ele não conseguiu terminar, porque Atena se lançou sobre ele, o abraçando com todas as suas forças. Não sabia o que havia feito para merecer uma pessoa como Poseidon, mas tinha absoluta certeza de que era a mulher mais sortuda do universo.

— Eu tinha pensado nisso - ela confessou, sua voz embargada. - Mas não sabia ao certo como te dizer.

Poseidon assentiu, indicando que ela prosseguisse. Seu semblante estava preocupado, e mesmo antes de falar, Atena podia ver que ele esperava por uma resposta negativa. E por isso foi ainda melhor ver seu rosto se iluminar quando ela disse:

Três Desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora