QUARENTA E OITO

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Capítulo Quarenta e Oito

- Onde ela está? - Atena perguntou, estreitando os olhos para os cantos mais suspeitos do quarto. - Eu quase me esqueci que você não estava sozinho. Ela já foi embora? Finalmente se cansaram?

Poseidon ergueu uma sobrancelha, surpreso.

- Onde está quem?

- A mulher com quem você passou a noite - disse Atena, já se levantando. - Eu não quero atrapalhar nada, se ela ainda estiver escondida detrás de alguma cortina. Eu só queria, você sabe, conferir se você estava mesmo vivo...

Poseidon franziu o cenho, cada vez mais confuso.

- Que mulher, Atena?

- Não se faça de desentendido, Poseidon - Atena se inclinou na direção dele, a raiva queimando em seu peito. - Eu não consegui dormir a noite toda por causa dos gemidos! Com um palácio desses, você deveria tentar isolamento acústico. - ela murmurou. - Ou uma mulher menos escandalosa.

Poseidon sorriu, algo muito raro desde sua briga, mas era aquele sorrisinho enviesado que fazia com que Atena quisesse enfiar sua cara no chão.

- O que é isso? - ele perguntou.

- Isso o quê?

- Na sua voz - Poseidon passou a mão pelos cabelos, como se soubesse o quanto aquele gesto a irritava. - É um som muito familiar. Parece até... ciúme.

- Não seja absurdo. Eu já disse que não sinto ciúme! - Atena exclamou, indignada. - Você acha que tudo tem a ver com você? Só estou tirando satisfação do motivo pelo qual eu não consegui dormir!

Poseidon se inclinou para frente, e mesmo seu semblante sério era incrivelmente sedutor.

- Eu não sei o que você ouviu, mas te garanto que não fui eu, embora eu não devesse te explicar nada já que a senhorita deixou claro que me quer longe. - ele chegou mais perto. - Mas se é o que quer saber, a única coisa que eu fiz ontem foi dormir com o maravilhoso isolamento acústico das paredes do meu quarto - ele respondeu, a voz rouca. - E você já deveria saber que o quarto de Helena é bem ao lado do seu. Suponho que isso sirva de explicação.

Uma onda de vergonha preencheu Atena quando a compreensão inundou sua cabeça. Ela levantou os olhos para fitar Poseidon, com seu sorriso zombeteiro e a postura despreocupada. Poderia ter suspirado de alívio ao ver seu semblante normal de volta, mas aqueles olhos verdes estavam tão próximos dos seus, os lábios tão provocativos, que ela não conseguia pensar em mais nada. Ele todo era um convite, e olhava para ela de forma muito sugestiva. Que mal faria se apenas...?

Sem pensar muito bem no que fazia, Atena se inclinou em sua direção, ficando na ponta dos pés para alcançar seus lábios. Quase instantaneamente, o deus se abaixou e uniu a boca à sua, os envolvendo em um beijo saudoso. As mãos de Poseidon voaram para as costas de Atena, grudando o corpo da deusa no seu enquanto dançava com sua língua.

- Eu só queria ouvir ter ouvido os gemidos de uma pessoa essa noite - Poseidon teve a audácia de dizer, separando ligeiramente os lábios dos de Atena. - Mas ela estava muito ocupada me enlouquecendo. - o deus deu uma mordidinha leve em seu lábio inferior. - Você torna tudo tão difícil, Atena. Não me pediu para ficar longe?

Atena respirou fundo.

- Por favor, não me lembre disso agora - ela implorou, segurando a nuca de Poseidon. - Eu sinto sua falta. Me deixe ter esse momento só um pouquinho.

Poseidon hesitou, mas como se estivesse tão sedento quanto ela, voltou a se inclinar sobre Atena e devorar seus lábios.

Ela sabia que era imprudência, e Poseidon já tinha tanto poder sobre ela que Atena não conseguia se manter longe dele por muito tempo. Mas estavam sozinhos naquele quarto, ninguém podia vê-los. Talvez pudesse se deixar levar só daquela vez.

Três Desejos - concluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora