Capítulo 52

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-Filha... _ murmurou enquanto estendeu a sua mão para tocar na minha bochecha. Eu não rejeitei o seu toque, enquanto isso eu fechava os meus olhos.

      Eu tinha um estranho sentimento quando eu o ouvi ele me chamando de filha. Eu não sei se era felicidade ou incerteza. Foi muitos anos que eu sonhava por isso, mas agora eu não sei mais o que eu deveria fazer.

-Não sabe como estou tão feliz em te ver filha. _ falou com um sorriso feliz. Mas depois de um tempo me observando, esse sorriso aos poucos foi se desmanchando, retirou a sua mão na minha bochecha enquanto me olhava seriamente. -Na verdade eu não tenho cara para ficar na sua frente e pedir perdão por tudo que eu fiz a você...

    Com o seu olhar de culpa me atrevi a dizer algo, o vendo daquele jeito um sentimento ruim me perturbava. No entanto, eu fui impedida no mesmo instante por um jesto seu; enquanto a isso, uma expressão de derrota se transformou no seu resto.

-Ana, eu sei que eu não dei uma boa expressão deste no primeiro momento que nos conhecemos. Eu te acusei, te bati e até mesmo, quase te expulsei da alcateia. Esse velho tolo estava cego deste no começo, e só agora eu posso perceber como já era tarde demais. Eu vi como era o seu olhar quando você soube que eu era o seu pai, a raiva e a amargura. Sem dúvidas eu mereço por tudo isso, só espero que um dia você pode me perdoar. _ Com um sorriso frio falou aquelas palavras com nenhuma emoção em seu rosto. Mas foi o suficiente para me deixar completamente atordoada.

       Olhando no fundo dos seus olhos eu pude ver a dor que ele estava tentando esconder, e sem ao menos eu perceber, os meus olhos estavam começando lacrimejar.

       Em todo esse tempo o que eu mais sentia era medo. Eu acho que fiquei por muito tempo pensando na rejeição que eu sofri quando criança, que eu acabei ficando perturbada por ainda acreditar que eu não seria aceita. No momento que eu decidi que eu iria vir até aqui, o que eu sentia era apenas insegurança. Eu não sabia se o Jorge ao menos se importava comigo. No entanto, com toda a ajuda da dona Sueli e as palavras do Hector me deram coragem o suficiente para chegar até aqui. Apesar que a sobra que ainda permanecia no meu coração me fazia ficar sempre com uma dúvida. Mas agora... O que eu estava sentindo era sentimento tão quente, que me fazia simplesmente segurar as lágrimas que atrapalhavam as minhas vista.

          Neste momento percebi como fui uma tola deste no começo. Não foi ele que me rejeitou, mas fui eu que acabei o afastando. Eu estava com medo, mas fui cega. 

        Pensando deste modo, eu não tinha mais coragem para olhar para o seu rosto. Abaixei a cabeça sem ao menos dizer uma palavra. Tudo estava em branco, eu não sabia mais o que deveria fazer.

-Filha... _ ouvindo a sua voz, estranhamente me deu uma forte vontade de olhá-lo e falar tudo aquilo que mais me perturbava. Mas acabei desistindo no último momento, continuei me permanecendo quieta e parada. Eu ainda estava sentindo envergonhada, e não sabia como eu poderia enfrentá-lo naquele momento.

-Filha, eu sei que você ainda está com raiva, e eu mereço por isso. O que eu mais desejo é que você possa me perdoar algum dia e que.... _ ele parou de falar no exato momento quando me veja o abraçando.

        Eu não podia mais suportar a ouvir ele se culpar a sí mesmo. Na verdade eu não tinha raiva ou ódio dele, não tinha motivos para isso. Sobre aquele tapa e as acusações eu sabia que não era por maldade, a maioria da culpa foi por causa da Catarina. Talvez eu apenas pensava muito nisso por causa do medo que permanecia no meu coração.

         Então eu o abracei, com toda a força que eu tinha. Me fazendo a sentir aliviada por todo aquele tormento de antes. Todas aquelas palavras que eu não tinha falado tentei passar através daquele abraço.

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