Capítulo 25

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    Eu não queria acreditar, no que estava acontecendo. Aquilo tudo era impossível, eu não sou aquilo que eles pensavam que era. Mas o pior de tudo isso, é que vai ser eu, que vou pagar por uma mentira de mim mesma, começando ir embora. Fiquei com raiva, quando eu pensei em deixar a dona Sueli, os pirralhos e a alcateia. Aqui é o meu lugar, e o único que eu tenho, eu não sei o que possa acontecer comigo se eu ir embora.

-Isso não pode estar acontecendo. _ falei colocando as minhas mãos na minha cabeça, enquanto eu tentava controlar o desejo de arrancar os cabelos.

-Mas está acontecendo, e não podemos fazer nada contra a isso. _ disse João em um suspiro de derrota.

-Tem que ter um jeito, só precisamos pensar um pouco. _ disse Gabriele em um tom de confiança, e esperança.

-Você acha em quem que o alfa vai acreditar na sua sobrinha demónio favorita, ou em uma estranha que acabou chegar na alcateia? _ perguntou Carlos ironicamente. E ouvi a Gabriele bufa irritada.

-Mas eu não posso ir embora, eu não tenho nenhum outro lugar que eu possa ir. _ falei começando a ficar desesperada. Porem eu senti a mão quente da Alice tocar a minha.

-Não se preocupe nós daremos um jeito, sempre há. E também, eu estava lá vendo a luta, e sem duvida você venceu sem uma magia. Somente por sua loba que é muito mais poderosa do que já tenha visto. E não somente eu mas à todos que estavam lá também, acham a mesma coisa. _ falou sorrindo gentilmente para mim.

-Então vocês não acreditaram o que os outros estão falando? _ perguntei os encarando. E vi que todos me olharam sérios, menos o Carlos que revirou os seus olhos.

-Claro que não sua boba. _ disse Alice rindo. -Nós pode até ter te conhecido em pouco tempo, mas sabemos que você não é uma bruxa ou má.

-E também, acreditamos que a Catarina que começou a inventar essa historia, por ter perdido a luta por uma novata. _ diz João, com um olhar de raiva e respirando fundo.

-Obrigada por confiarem em mim. _ agradeci me sentindo mais feliz, em saber que eles estavam no meu lado.

-Não se preocupe, tudo vai dar certo. _ falou Gabriele e eu assisti, tentando acreditar em suas palavras.

     Não deu tempo para conversamos mais, por causa do sinal que bateu indicando o final do intervalo. Me levantei da mesa e me despedindo de todos. Comecei a caminhar novamente pelo o corredor, porem eu parei quando sinto alguém derrubar algo em mim. Olhei para a minha blusa e vi que estava amarela. Pelo o cheiro deveria ser suco de laranja. Imediatamente comecei a olhar ao meu redor a procura do responsável, mas infelizmente eu não encontrei ninguém suspeito em tantos alunos que passavam apressados para chegarem a sua sala.

    Cansada de procurar o responsável, começo a andar à procura do banheiro mais proximo, já savendo que eu perderei a proxima aula. Andei e virei em vários corredores até que finalmente eu o encontrei. Quando eu entrei vou até na pia, e abro a torneira deixando a água escorrer. Começo a esfregar a minha blusa para tentar tirar aquela gosma grudenta. Demorou um pouco para que começasse a sair. E quando finalmente tudo saiu, me olho no espelho. Eu quase gritei de susto, quando encontrei a Catarina, Roberta e outra menina que eu não sabia o nome, me encarando com um sorriso demoníaco. Me virei onde eu pude ficar de frente elas, não entendendo razão para elas estarem aqui. Mas por algum motivo, isso me arrepiou toda.

-Olá Ana. _ falou Catarina dando um passo a frente, sorrindo. Um sorriso doentio.

-Oi tambem Catarina, agora se sair da minha frente para que eu possa ir, te agradeceria. _ falei devagar caminhando na direção da saída, mas senti o meu braço sendo segurado, e me virei irritada, vendo o seu sorriso desafiador.

-Não tão rápida queridinha. _ disse aumentando o aperto no meu braço. -Primeiro tenho te dar um recadinho para você.

     No começo eu não entendi nada do que ela falava. Até que soltou o meu braço, em um movimento brusco, que me fez desequilibrar um pouco para trás. Pensei que eu estava livre do seu aperto, mas por ironia senti o meu braço sendo segurado novamente, mas agora no outro também. Quando olhei para os dois lados, vi a Roberta e a outra garota que me segurava. As duas tinham um sorriso animado no rosto, porem quando eu olhei nos olhos da Roberta, pareceu que eu vi pena no seu olhar. Mas a minha atenção foi mudada quando a Catarina segurou o meu queixo me forçando a olhara.

-Me solta, Catarina. _ falei sentindo o ódio me consumir.

-Claro que eu vou te soltar querida, mas primeiro eu tenho resolver uma pequena coisa. _ diz.

-Que coisa? _ perguntei irritada, contudo ela somente riu divertida.

-Isso. _ no mesmo momento, senti uma forte dor na região do meu estômago, que me fez ficar sem ar por um tempo e me curva. Na mesma hora eu queria devolver o soco, mas os meu braços estavam presos. -Viu queridinha, é isso o que acontecesse quando alguém mexe comigo. _ disse rindo alto junto com as duas do meu lado. Ela estava muito perto de mim, então eu joguei a minha cabeça para trás, e logo dei o impulso para frente a golpeando com força, a dando cabeçada. Quando eu olhei vi que o seu nariz estava em outro ângulo estranho, e sangrava sem parar.

-Então gostou queridinha? _ perguntei agora com um sorriso no rosto. No entanto não durou por muito tempo. Senti um chute atrás do meu joelho, me fazendo me desequilibrar e ficar agachada. Os meus cabelos foram puxados, para trás com força, que me fez gemer de dor.

-Desgraçada!! _ gritou a garota que puxava os meus cabelos.

-Muito bem Rita. _ elogiou Catarina limpando o sangue do seu rosto, e se aproximando. -Agora é a minha vez. _ disse logo me dando um murro no rosto. Eu senti um gosto metálico na minha boca, sabendo que era sangue. Não deu tempo para cuspi o sangue, por causa que, ela apertou com mais força a minha bochecha. Me arrisquei a olhar para a Roberta, porem no mesmo momento que os nossos olhos se encontraram ela o desviou. E me perguntei se ela tinha concordado em fazer isso comigo.

-Eu poderia fazer a sua vida em um inferno Ana, mas como eu sou boazinha vou somente fazer com que o meu tio te expulse da alcateia. E isso será a prova que eu preciso. _ apontou para o seu próprio nariz. Sorrindo vitoriosa. Essa garota era realmente louca.

-Eu não tenho medo de você Catarina. _ falei com um pouco de dificuldade, mas isso a fez desmanchar o seu sorriso, fazendo uma careta de raiva.

-Então vamos ver se vai pensar a mesma coisa depois disso. _ diz, e não demorou muito para que ela começasse a me bater.

     Ela me dava vários chutes e socos, murros e pontapés. A minha loba gritava para que eu a deixasse a sair, para que eu a matasse. Mas eu sabia que tudo isso pioraria ainda mais para o meu lado. Então no máximo eu tentava a me proteger de qualquer jeito, principalmente o meu rosto. Quando ela finalmente se cansou, me deixou jogada no chão sagrando como se eu fosse um lixo. Eu tentei pelo menos mexer um músculo do meu corpo, mas foi completamente impossível, a dor veio junto com o grito. Com o meu grito a Catarina se pareceu satisfeita e foi embora, junto com as suas amigas. Me permaneci deitada, respirando com dificuldade, com os olhos lacrimejados. Pareceu que eu fiquei daquele mesmo jeito por horas, e nesse tempo todo eu me recusava a derramar sequer uma lágrima. Aos pouco eu voltava a me mexer, ate que finalmente consegui me manter de pé.

    Quando eu percebi que eu conseguia a andar, eu sai daquele banheiro. Andei pelos os corredores e finalmente sai da escola. Eu não me importava de deixar os meus materiais, a dor não deixava eu me importar com mais nada. Caminhei pela mata, até que achei a trilha onde me leva ate a cabana, mas eu fui na direção oposta. Eu não queria que dona Sueli me visse assim. Então peguei o caminho que me levava a cachoeira. Não sei o por que, mas eu sabia que eu precisava ir até lá. O pensamento dele veio na minha mente, mas logo votei a focar no caminho por onde eu andava. Com bastantante esforço, eu finalmente consegui chegar na onde eu queria. A paisagem do redor da cachoeira é o mais lindo que eu já tenho visto. Me aproximei da água, e comecei a lavar os meus machucados. Apesar de tudo, aquele ar puro me fazia bem, que aos poucos me fazia esquecer da dor. Depois de lavar os meus ferimentos, me deitei na grama e fiquei observando o céu. Aos poucos os meus olhos foram se fechando. Mas acabei ouvindo galhos secos se quebrando. Por um momento pensei que fosse a minha imaginação, um animal ou talvez o homem estranho. Mas tudo isso mudou, quando eu ouço rosnado atrás de mim.

     

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