Capítulo 55

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           Fiquei lá atordoada por um longo período de tempo antes que fui capaz de sacudir-se fora do meu atordoamento. Embora já desconfiava que havia algo de errado, aquilo realmente foi uma grande surpresa. Mas pensando bem, as coisas até faziam sentido agora. Pelo menos, eu entendia uma parte do ódio que o professor tinha por mim, porem eu ainda tenho um sexto sentido que não era apenas por causa disso, havia algo mais profundo.

-Com a Catarina sendo a sua filha favorita, fazia de tudo para estragar o nosso dia, inclusive tornando a nossa aula de história em um inferno. _ continuou a resmungar a Alice parecendo não perceber da minha reação. -Eu ainda não entendo como eles poderiam ser parentes do alfa Jorge...

-Infelizmente não podemos fazer nada. _ falou o João o suspiro.

-Ana aconteceu alguma coisa? _ perguntou a Gabriela, trazendo os olhares dos outros na minha direção. Sentido esses olhares sobre mim balancei a cabeça em negação enquanto tentava sorrir.

-Não é nada sério... _ falo lentamente. -Mas tem apenas uma coisa que eu não consigo entender, se ele é irmão do Jorge por que ele não tornou-se o beta, mas em um professor de história? _ pergunto agora um pouco confusa, apesar de eu ter um sentimento estranho. Eu não queria aceitar que este horrível professor seria o meu novo tio. Agora que eu ainda estava tentando engolir da ideia que a Catarina seria a minha "priminha", acabo tendo outra desagradável surpresa.

-Por incrível que pareça ele já foi o beta da alcateia. _ comentou a Gabriela com um suspiro. -Mas o que parece, é que o alfa Jorge não tem confiança no seu próprio irmão.

-Por que? _ perguntei ainda mais confusa porem eu também estava bastante curiosa.

-Não sabemos ao certo, mas ouve um boato que... _ começou a falar o João abaixando cada vez mais a voz, e permanecia a olhar para os lados para ver que ninguém nos observava. -Dizia... Que foi ele o culpado a trazer as bruxas para a nossa alcateia.

-O que?? _  falei em voz alta, na verdade eu queria gritar, se não fosse a Alice tampando a minha boca com as suas mãos antes do tempo. Mas era impossível para me manter a calma naquele momento.

         Aquela dor de cabeça que eu sentia desde quando eu acordei acabou voltando, fazendo com a raiva crescesse em meu coração.

-Fique em silêncio ou por acaso está querendo chamar toda a atenção da escola com os seus gritos? _ resmungou o Carlos.

-Mas... O Jorge não fez nada? _ pergunto depois de um eu respirar bastante para tentar pelo menos me acalmar um pouco.

-Não havia prova o suficiente para acusá-lo. Então era impossível para expulsá-lo da alcateia. _ disse a Alice.

-Mas também não era apenas esse boato. _ falou o Carlos deixando aquela cara de deboche, se tornando mais sério. Eu tive uma leve impressão de ver raiva em seu olhar. -Dizem que foi ele que dedurou onde era o abrigo secreto da nossa alcateia para as bruxas. Aquele abrigo, era o lugar onde que a nossa antiga Luna estava se escondendo.

-....

        Por algum momento não mostrei sequer alguma reação. Mas aquela dor de cabeça acabou se tornando insuportável e com isso uma vontade de matar crescia a cada instante. Matar! Matar! A voz de Malu não saia da minha cabeça, de alguma maneira eu sabia que eu estava começando a perder o controle do meu próprio corpo. Mas isso para mim não me importava, a única coisa que não saia da minha mente era aquelas palavras.

       Foi ele... Foi ele que trouxe as bruxas até a minha mãe. Foi ele que a obrigou a fugir. Foi ele...

-Ana!! _ sinto duas mãos agarrarem nos meus ombros me obrigando a encarar a Alice que me olhava assustada. -Os seus olhos...

-Me solta... _ respondi com ódio em um rosnado, que a fez me soltar no mesmo instante e baixar a cabeça em submissão.

          Eu me afastei deles e caminhei na direção da sala de aula. Era lá que ele estaria...

       Naquele momento eu não conseguia pensar em mais nada apenas a vontade de matar. Eu queria matá-lo, eu queria...

          Quando eu estava preste a chegar na sala, o sinal da escola toca. Mas o que era para ser um simples barulho, para mim era mil vezes pior. Era como se uma marreta estivesse batendo dentro da minha cabeça. Não consegui mais aguentar cai de joelhos e tampei as minhas orelhas com as mãos para tentar abafar o som. Os gritos de Alice e da Gabriela tornou aquele tormento ainda pior. Fechei os meus enquanto eu me sentava devagar no chão e esperando que aquele barulho acabasse. Pode até ter durado segundos, mas para mim pareceu uma eternidade.

       Quando finalmente acabou pude soltar um suspiro de alívio. Abri os meus olhos e encontrei a Alice, Gabriela, João e Carlos me encarando com preocupação. Com a ajuda deles consegui me levantar ainda um pouco tonta mas melhor, pelo menos aquela dor de cabeça acabou sumindo.

-Desculpa... _ murmurei sem graça, eu me lembrava que tinha rosnado para os meus amigos. E olhando para Alice na minha frente, tentei ignorar os olhares dos outros alunos que passavam ali perto.

-O que aconteceu menina? Você nos deu uma tremendo susto. _ falou a Gabriela com os olhos regalados, mas em seguida acabou me puxando para um abraço.

-Eu não sei... _ falei fracamente e retribuindo o abraço. Eu realmente só me lembrava do ódio que senti em saber que aquele homem miserável fez com a minha mãe, da dor de cabeça e a forte intensão de matar. Eu sentia que naquele momento eu realmente perdi o controle de mim mesma.

-Esta tudo bem. _ disse e se afastou. Parecia que ela não queria insistir no assunto.

          Todos ficaram em silêncio, apesar que eles ainda me olhavam com um olhar estranho. Já eu não tinha a ideia do que eu poderia dizer, eu somente estava querendo tirar aquele sentido de perder do controle em meu coração.

-Você vai querer ir para sala de aula agora Ana? _ perguntou o João em um sorriso, quebrando aquele silêncio constragedor.

-Melhor não. _ digo. - Não quero ir na aula daquele homem, mas não se preocupem eu ficarei bem, vocês podem ir para a suas salas eu não quero atrapalhar mais ninguém.

-E quem disse que você atrapalha, nós somos seus amigos. Não importa o que você faça, vamos sempre esta juntos. _ falou o João com um tom de heroísmo que fez o Carlos rir.

-Isso também pode ser uma boa desculpa para nós não ir para sala de aula e fazer lições o tempo todo. _ disse Carlos enquanto continuava a rir, mas logo uma careta formou em seu rosto por causa de um cotovelada nada educada por parte de Alice.

-Cala a boca Carlos. _ diz a Alice furiosa, mas ele apenas deu de ombros voltando o seu sorriso debochado.

         Olhei para os dois naquela pequena briga e não consegui segurar a risada. Mas por dentro eu estava realmente agradecida, eu sei que eles estavam tentando me distrair um pouco. E esse pequeno gesto me fez sentir um calor de conforto em meu coração.

-Vamos pessoal, temos que sair daqui antes que alguém nos pegue aqui fora. _ diz a Gabriela e todos concordaram.

       Em silêncio nós conseguimos sair da escola sem ser pegos, e fomos na direção da soverteria ali perto. Entrando lá dentro, não pude de deixar de pensar que aqui seria a primeira vez que eu entrava em uma soverteria da alcateia. 
    

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