Capítulo 54

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    Jorge:

     Não...

            Não importava como, eu não podia acreditar. Essa guerra pode ser simplesmente uma imaginação. Sem duvidas foi uma exagero da minha parte em pensar que isso estaria relacionado com o poder da Ana....

    Mas...

        Mesmo assim eu não podia enganar a mim mesmo. O dom de Ana é o mesmo que da sua mãe, e com isso haverá o mesmo destino. A Kinbble nasceu para trazer a paz da nossa raça e terminar com a guerra, mas acabou morrendo antes mesmo de conseguir concluir o que era para ser feito. E agora será a vez de Ana...

        Por que isso está acontecendo? Finalmente depois de tantos anos, conseguido ter a minha pequena filha ao meu lado descubro que a deusa da lua já quer tirá-la de mim. Como eu posso suportar uma coisas dessas? Eu não quero, não posso aceitar que Ana terá que carregar esta maldita maldição. Não quero aceitar que devo deixá-la ir embora e se entregar a um destino cruel que não poderá ter volta. Não quero acreditar que eu não poderei fazer nada para impedir que isso aconteça...

-Jorge!! _ quando ouço a voz acabei saindo daquele conflito que me perturbava e olhei na direção da Sueli.

          Ela me olhava nos olhos preocupada e estendeu a sua mão colocando na minha. Sinto uma leve picada naquele momento, quando olhei vi que a xícara que antes eu nem ao menos sabia quando foi entrega a mim, estava todo quebrado e os pedaços acabaram cortando a minha mão deixando todo ensanguentado. Olhei novamente para a Sueli sussurrando um desculpa e a deixando limpasse o machucado.

-O que aconteceu Jorge? _ perguntou a Sueli acabando com a tensão que se formou. Suspirando pesadamente, desejei em não pensar mais nisso, no entanto, era impossível para que escondesse alguma coisa da Sueli, principalmente quando o assunto era sobre Ana.

       Hesitei por alguns instantes antes de começar aos poucos a lhe contar tudo o que eu acreditava sobre o dom de Ana e a guerra. A cada palavra que eu dizia mas pálida ela se tornava, até que chegou um momento quando terminei de falar, me levantei e fui até na cozinha pegando um copo com água a entregando.

-Eu não sei se isso é verdade Sueli. Quem sabe que foi apenas engano não é mesmo? _ tentei sorrir mas tenho certeza que acabou aparecendo mais como uma careta.

-Não... _ disse ela enquanto sacudia a cabeça em negação. -Não pode ser um engano Jorge, só não entendo como eu não pensei nisso antes. Estava bem na minha frente os sinais mas mesmo assim eu acabei não enxergando...

        Enquanto ela falava a sua voz ficava cada vez mais fraca e seu olhos começaram a ficar brilhantes por causa das lágrimas.
-Sueli... _ senti o meu coração se apertar, esta era a primeira vez que eu a via naquele estado. Ela é como uma segunda mãe para mim, e me doía ver ela daquele jeito e não saber como eu poderia ajudá-la.

-Por que isso teve que acontecer Jorge? _ ela perguntou em tom quase de desespero enquanto voltava a me olhar nos olhos com súplica.

-Por favor não fica assim Sueli, você verá que nós conseguiremos dar um jeito nisso. _ falei para ela tentando parecer positivo, porem nem eu mesmo estava acreditando verdadeiramente nessas palavras.

-Você não entende Jorge! _ respondeu colocando as suas mãos trémulas em cada lado do meu rosto. -Você não viu o que eu vi, você não sabe o que essa maldita maldição fez com a vida de Kinbble.

-Você não pode dizer isso Sueli. Eu sei muito bem o que essa maldição fez com a Kinbble. Eu também sofri muito por causa disso e a dor das consequências é algo que eu nunca poderei esquecer.

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