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As eleições se aproximam.

A cidade começa a ser tomada por propagandas políticas e o mau caráter do prefeito não economizou na verba para fazer a sua campanha. O que era ultrajante, devido à todos os cortes que ele tinha feito questão de fazer.

Por ser uma cidade pequena, o clima sempre esquentava nessa época. Lembro de estranhar muito a primeira corrida política que vi lá. Acostumada com política de cidade grande, aqui o negócio era completamente diferente. Os moradores ficavam alvoroçados e defendiam com unhas e dentes o candidato que simpatizavam. Eram capazes de brigar com amigos antigos e até mesmo família por conta disso.

Mesmo com todo esse rebuliço, nunca vi ninguém impor o seu voto a ninguém. Mas só por que eu nunca vi não quer dizer que não exista.

As opções de voto na cidade eram bem reduzidas. Se resumiam ao imundo do prefeito atual, e, para a minha total surpresa, o Coronel Barroso. A surpresa não foi somente minha, ele surpreendeu muita gente quando anunciou a sua candidatura.

Me lembro como se fosse ontem, ele fazendo um pronunciamento na rádio local, informando que ele entraria na briga política desse ano e que estava muito animado e tinha muitas ideias boas para a cidade, e como uma pessoa que sempre soube o que falar quando discursava, já foi fazendo promessas. E admito, ele tocou em pontos importantes e relevantes.

Desde o seu anúncio, algumas semanas tinham se passado e fiquei animada em perceber as opiniões dos eleitores bem divididas. As pesquisas indicavam uma disputa bem acirrada entre os dois. Muitos apoiavam a ideia de uma mudança na gerência da cidade, e eles confiavam na posição e índole do Barroso. Mas ainda via muitas pessoas com medo da mudança e já acomodados em seus muros altos, insegurança e completamente imersos em sua comodidade.

Só de pensar que o mau caráter poderia sair da prefeitura em breve, ficava imensamente feliz. O Coronel não tinha experiência alguma com política, mas qualquer pessoa seria melhor do que aquele crápula submisso!

Mas hoje não era dia de eleição, nem dia para que eu me preocupasse com isso. Hoje era um dia bem especial para a Vanessa. Leonardo tinha feito questão de fazer um jantar de noivado, queria comemorar com os amigos mais próximos e família o amor dos dois. Vanessa ficou um pouco triste por ter que contar a notícia pros meus pais pelo telefone, mas os dois estavam viajando e não poderiam vir. Vanessa tinha ficado um pouco chateada, mas quando a minha mãe disse que não perderia o dia de casamento, ela ficou um pouco mais conformada.

E hoje também seria um dia para matar a minha saudade do Nicolau. Ele tinha passado as duas últimas semanas longe, também viajando, resolvendo algumas pendências mais importantes nos negócios dele. Mesmo com a maravilha moderna que é sexo por skype, estava com saudade do cheiro bom dele e do seu calor perto de mim.

Tinha escolhido um dos meus vestidos favorito, um vinho bem escuro, com uns detalhes em prata. Me sentia bem nele, ele era um pouco mais colado no busto e o decote me fazia me sentir mais sexy e bonita. Tinha me perfumado toda e meus cabelos estavam presos num coque bem alto e chique. Meu batom era vinho e combinava perfeitamente com o meu vestido.

Estava colocando a minha calcinha quando escuto o Nicolau chamar o meu nome. Resolvo deixar a calcinha para depois e digo que estou no quarto. Segundos depois ele esta parado na porta, muito bem vestido, e numa gostosura que o perfeito exemplar masculino ficaria com inveja dele.

– Oi – minha voz sai baixa, rouca e desejosa.

– Oi – a resposta dele é igual e me deixa com um desejo num nível bem assustador. Me viro para pegar a minha bolsa e escuto os passos dele pelo quarto, seu cheiro me invade antes mesmo de sentir seu corpo perto do meu.

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