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– Vivian! O que foi isso? – Nicolau me pergunta, balançando os meus ombros, chamando a minha atenção.

– Não seu... Eu escutei uma voz... Eu... Acho que mataram alguém do outro lado da linha...

– Como assim?

– A pessoa do outro lado da linha, chamou o meu nome, pediu minha ajuda, e depois, atiraram nela... – falo ainda querendo organizar os meus pensamentos e ter um plano de ação.

– Quem era Vivian?

– Não sei... A voz era masculina, era um pouco familiar, mas foi rápido demais, as palavras, foi tudo rápido demais... Eu...

– Fica calma meu amor. Vou pegar um copo de água pra você se acalmar, certo?

– Certo.

Nicolau fica de pé num pulo e abre a porta rapidamente para ir atrás de um copo de água. Eu abraço os meus joelhos e fico fazendo um exercício de respiração para me acalmar. Deu certo. Assim que o Nicolau volta ao quarto, com minha água, já estou bem mais calma e com a cabeça no lugar.

– Aqui meu amor, toma um gole.

Tomo um grande gole de água e o nó que estava em minha garganta dificulta um pouco a descida. Nicolau senta ao meu lado e não pergunta mais nada. Achei muito atencioso da parte dele me esperar ter forças para falar com ele.

– Recebi uma ligação – digo com uma nova calma, tentando analisar passo a passo o que tinha acabado de acontecer. – Desse número aqui – pego o meu celular e olho a última ligação recebida, era de um número que eu não tinha em minha agenda. Droga, não poderia contar com isso para me ajudar a conhecer a pessoa que tinha me ligado. – Só consegui escutar o barulho do mar e vozes abafadas. Então uma voz me pediu ajuda. Sinceramente não sei se consigo distinguir a voz agora... Talvez nem se eu escutasse a voz falando outra coisa. Ele me pediu ajuda. E então o barulho de três tiros. A ligação caiu e pronto.

– Quem será... – Nicolau pega o celular das minhas mãos e analisa o número. Pega o celular dele para ver se ele possuía o telefone, mas ele também não tinha.

– E se ligássemos para o número?

– Você quer se envolver nisso?

– Não sei se consigo ignorar um pedido de ajuda Nico... E outra, a pessoa me conhecia, sabia o número, eu conheço essa pessoa...

– Entendo... Você quer ligar do meu celular?

– Não faz muito sentido, vou ligar do meu mesmo...

Disco o telefone e não me surpreendo muito quando a operadora diz que o número está fora de área ou desligado. Bem, não sei ao certo o que eu esperava escutar ao ligar para ele.

Me vejo de mãos atadas agora. Não sei ao certo o que devo fazer nesse momento. Não sei ao certo o que dizer quando fizer a minha ligação para a polícia. Olá, acabaram de ligar para mim, um homem pedindo ajuda, ele está em algum lugar da costa da cidade... Bem, eu acho.

E se estiverem movendo o corpo dele nesse exato momento? Como eu posso dar uma descrição de um crime se tudo o que eu recebi foi um pedido de ajuda? Mas um pedido de ajuda é melhor do que nada.

Três tiros dados no lugar certo podem significar a morte ou uma dor muito intensa. Não sei se a pessoa que me ligou ainda esta viva, mas eu tenho que fazer alguma coisa. Mas aquele silêncio... Eu quase pude sentir a morte levando quem quer que seja.

– E agora? Ligamos para a polícia? – Nicolau me pergunta.

– Sim, mesmo não sabendo ao certo o que falar.

Principal SuspeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora