POV - Nicolau

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– Ainda acho que essa é uma péssima ideia Nicolau... – Carlos fala mais uma vez passando as mãos pela cabeça enquanto andava impacientemente pelo meu quarto.

– Deixa de besteira Carlos,você sabe que eu vou, e você sabe também que vai ficar bem pior se você não for, então porque não me poupa o seu sermão e simplesmente me ajuda a colocar logo essas bandagens?

– Não é necessário Nicolau, lá você teria que trocar do mesmo jeito.

– Sério isso?

– Claro que sim, mesmo parecendo uma coisa totalmente desorganizada, eles tem um fundo bem legal. Afinal, de onde você acha que eles tiraram o dinheiro para o vencedor da noite?

– Tenho certeza que eu contribuí um bocado Carlos, você não conseguiu me por na lista por causa das minhas habilidades na luta.

– Vendo por esse lado...

– Mas Carlos, como é que você tem certeza que essa merda de peruca não vai voar no primeiro soco que eu levar.

– Pensava que o senhor era mais confiante nas suas habilidades...

– E eu confio... Até nessa sua ideia maluca de me maquiar que nem uma menina...

– Mas o senhor tem que admitir, que os resultados ficaram fantásticos.

Nisso não posso discordar dele. A mulher que Carlos tinha contratado tinha feito um trabalho excepcional. Eu sabia que estava me olhando no espelho, mas ela tinha mudado pequenas coisas no meu rosto, que por resultado final eu tinha um rosto bem distinto do meu original. E ainda mais com essa peruca meio loira, consegui me disfarçar muito bem.

– Só quero saber se a minha cara não vai derreter no meio da luta, que nem acontece com algumas mulheres quando chove.

– Eu me certifiquei disso senhor, tudo vai ficar no seu devido lugar por um bom tempo. Não se preocupe com isso, só se preocupe em não apanhar demais e desfigurar o seu rosto de verdade...

– Muito engraçado Carlos, até aprece que eu vou deixar alguém desfigurar o meu rosto.

– Ninguém sabe o que você vai encontrar por lá...

– Eu sei. Mas deveria ter colocado você no meu lugar somente para que você não ficasse se preocupando com o meu rosto – brinco.

– Talvez assim eu ficasse mais tranquilo.

– Acredito que não, como você explicaria a sua filha o fato que você teve que perder dois dentes?

– Acredito que perderia menos que o senhor... – ele diz em tom de brincadeira também.

– Então acho que você ganharia mais um dente, porque eu não planejo perder nenhum dos meus dentes essa noite.

– Mas aí é que está senhor, ninguém planeja perder – ele ri sozinho da sua própria piada.

Com tudo o que eu precisava numa pequena bolsa de ginástica, Carlos e eu vamos até o armazém. Vamos no meu carro mesmo. E vou dirigindo com calma. Quando vamos nos aproximando do armazém, vejo mais carros e muitas pessoas passam por nós, sorrindo e descontraídas.

Estacionamos o carro próximo do armazém e fomos andando. Meus olhos passavam pelo rosto de todos. Tentava encontrar o meu irmão em cada rosto que eu olhava, mas não o encontrei. Quem sabe ele já não está lá dentro?

Umas lâmpadas artesanais iluminavam as redondezas. Já conseguia escutar um barulho abafado que vinha do armazém. A iluminação lá de dentro parecia ser bem melhor. Um cara fazia a segurança da entrada.

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