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Disparo após disparo, o barulho vai acumulando e ficando cada vez mais alto. Nicolau também tinha acordado e tinha feito eu me deitar junto dele no chão do quarto.

– Melhor no chão do que um bala perdida.

– Não acho que as balas passem o meu muro...

– Mas se estiverem mirando aqui dentro? – somente a possibilidade me faz gelar. Ele procura o seu celular e já vai discando o número da polícia. Ele escuta atentamente os disparos e mantém as nossas cabeças baixas.

Agora que estou escutando com mais atenção, consigo distinguir o barulho de pneus cantando, algum tipo de gritaria na rua e pancadas. Escuto o que parece ser o som de algo de madeira quebrando com um impacto alto.

– Exatamente... Você deve estar sendo capaz de escutar o barulho dos disparos mesmo pelo telefone... – depois de uma pequena pausa. – Sim. Obrigado.

– O que disseram?

– Tem uma viatura a menos de dois quarteirões daqui, eles vão mandá-la aqui para fazer um reconhecimento... Pediu que esperássemos alguns minutos...

Nem foi preciso. Em segundos começo a escutar o barulho da sirene do carro da polícia. Mas em vez de escutar o barulho de carros indo embora e mais pneus cantando, os disparos se intensificam e não sei o que devo fazer agora.

Nem sei quanto tempo se passa e eu fico naquela tensão dentro de casa. Só começo a me aliviar um pouco mais quando escuto mais sirenes... Ainda bem, chegaram reforços... E finalmente os tiros cessam.

Ficamos de pé e vejo as luzes da sirene pelo o quarto. Quero ir lá fora para ver o que aconteceu, mas Nicolau aconselha ficar mais um pouco ali dentro, olhar as câmeras, ver se realmente o perigo maior já tinha passado.

Ao ir olhar as imagens da minha câmera de segurança, descubro que não tenho mais uma câmera. Destruíram até mesmo uma mais interna, mais escondida.

Isso já passou dos limites!

° ° ° ° °

A cidade estava quase entrando em estado de calamidade. O prefeito insistia que estava tudo bem e que o cidadão não precisava se preocupar com nada. Podia continuar com a sua vida normalmente, que estava tudo na mais perfeita paz.

Ele só podia pensar que o povo daqui é idiota.

Como ele poderia pensar que a situação está na mais perfeita paz? Como então ele queria explicar a morte de várias pessoas na cidade? E não pessoas quaisquer, eu conseguia reconhecer o rosto deles daquele maldito clube da luta.

Cidadãos que eram considerados grandes pilares de moral e bons costumes de Capella sendo brutalmente assassinados. O padrão era o mesmo dos assassinos que eu estava investigando. Os mesmos detalhes.

A mídia não estava poupando nada e sempre acontecia um novo caso, sempre tinha um plantão, relatando todos os detalhes. A população estava muito amedrontada, e com razão...

Fazia pouco mais de uma semana que tudo começou a aparecer. Eu tentava criar uma rotina para mim. Nicolau andava cada vez mais ocupado com o seu trabalho, mas sempre que me via, dizia que tinha recarregado as baterias e que estava feliz por me ter por perto.

Me senti um pouco sufocada dentro de casa, e aproveitei que a minha despensa estava ficando escassa e resolvi fazer umas compras, andar um pouco e ver pessoas diferentes.

Tinha acabado de sair do supermercado, e quando estou guardando as comprar no meu porta-malas, um carro estaciona bem ao lado do meu. Fico em alerta, mas ao ver quem tinha saído do carro, passo a não me preocupar mais tanto assim.

Principal SuspeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora