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O dia estava tedioso. Nenhuma pista nova, nenhuma ocorrência. Eu só estava aqui sentada, matando o tempo, tentando fechar casos antigos. Até que eu recebo uma ligação direta do Coronel. É urgente e ele precisa me ver na sua sala agora. Meu queixo quase cai quando ele me disse a notícia tão urgente.

– Isso é sério Coronel? – não consigo acreditar no que eu acabei de escutar.

– Sim Tenente, você escutou muito bem. Vamos ter que cortar 60% da força policial de Capella.

– Não pode ser... – desabo na cadeira atrás de mim e solto um longo suspiro. – Não há nada que possamos fazer Coronel?

– A ordem veio do vice prefeito... Creio que não há muito o que fazer...

Aquilo era muito suspeito. O prefeito é assassinado e uma das primeiras coisas que o vice faz quando assume é reduzir a força policial? Será que tem algo por trás isso.

– Reconheço esse olhar Vivian. Você está achando isso esquisito também não é? – o Coronel fala, me tirando dos meus pensamentos.

– Não posso mentir é muito estranho isso. Uma das coisas que ele sempre apoiou foi a segurança da cidade e agora faz isso? Tem algo errado.

– Na realidade não tem... – ele joga um arquivo grosso e pesado em cima de sua mesa. – Esses daqui são os registros da prefeitura. Estávamos trabalhando no vermelho há um bom tempo... Acho que o Vice só quer tentar fazer as coisas certas agora.

Mesmo com aquele arquivo eu não consigo me dar por satisfeita. Ando escutando muitos rumores sobre a nova gestão e estou muito tendenciosa a acreditar neles. Mas antes eu tenho que dar uma palavrinha com o Vice. Quem sabe tudo não vai passar de um grande mal entendido e o Coronel tem razão?

Deixo de lado os arquivos sem solução e entro de cabeça nas finanças da cidade. Algo não está batendo aqui... Precisava tirar aquilo à limpo, e quanto antes melhor, quem sabe eu não poderia impedir aqueles cortes...

Estava na frente do escritório do prefeito, mas agora já não estava tão certa sobre o que eu estava fazendo. Sei que a minha presença ali não iria influenciar em nada as decisões do vice, afinal elas já foram tomadas. E eu não podia apenas me basear naquele arquivo velho. Tinha que ter me informado mais.

A secretária simpática me informa que o vice já está me esperando e fico sem jeito de dizer para ela que mudei de ideia, então entro na sala e ele já está me esperando, com um sorriso falso no rosto, sentado em sua cadeira.

– Tenente Varela! Que honra é tê-la aqui no escritório! – ele saúda e levanta da pomposa cadeira.

E em menos de uma semana parecia que eu estava em um lugar completamente diferente. Ele tinha mudado tudo, a cor das paredes, a decoração, a mesa, tudo estava novo e parecia ser bem caro. Tive que controlar as minhas próximas palavras.

– O prazer é meu senhor prefeito.

– Olhe, deixe de coisa! Você pode me chamar de Roberto Tenente! Afinal nos conhecemos desde o momento que você chegou a nossa bela cidade... Mas a que eu devo essa inesperada visita? – ele me indica a cadeira em frente a sua mesa para que eu possa sentar.

– Na realidade Roberto, o motivo não é de um todo agradável... É que eu vim conversar com você sobre os cortes que você vai dar na segurança da cidade.

– Oh, isso – o bom humor e o sorriso que ele tinha no rosto vão embora e ele desvia o seu olhar do meu, se sentando novamente em sua cadeira.

– Não acho uma boa hora para isso... A cidade passará por mudanças e estamos passando por momentos difíceis com a nossa segurança. Não acho certo retirar a sensação de segurança da população cortando o número da nossa força...

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