- 62 -

1.8K 219 8
                                    

Lisa se aproxima de mim e consigo bloquear dois de seus socos e ainda acerto um soco meio torto em seu queixo. Minha mão reclama de dor mais uma vez, mas não posso me dar ao luxo de ver o que aconteceu com ela dessa vez.

— Essa sua direita é realmente um perigo — Lisa diz alisando o seu queixo e cuspindo mais uma boa quantidade de sangue. — Se você não fosse tão comprometida com a verdade e com a justiça, já teríamos tentado trazer para o nosso lado há tempos!

— Como é que é?

— Isso mesmo que você ouviu. Quando estávamos vindo para a cidade, estávamos procurando possíveis aliados. Seu nome apareceu na lista, mas esse seu jeitinho correto nos fez te descartamos da lista, e eventualmente, tivemos até que te tirar do jogo. Uma pena, pois você seria uma ótima adesão para nós, caso fosse um pouquinho mais fácil de se lidar.

— Eu nunca me uniria a vocês.

— Nunca é uma palavra forte demais Vivian Darela. Eu mesma aprendi que as ideias são tão voláteis e mutáveis quanto o vento.

— Precisaria passar por muitos furacões na minha vida para que eu pensasse numa possibilidade que seria aceitável me juntar à pessoas como você.

— Ainda bem que você vê a possibilidade. Agora essa possibilidade ficou bem reduzida. Você já sabe coisas demais sobre nós, sobre o que fazemos... Não teria como você ter um pensamento imparcial sobre o que fazemos.

— Vocês são assassinos!

— É um modo de colocar o que fazemos, mas não saímos por aí matando pessoas sem um propósito... Temos os nossos princípios também.

— Não me interessam esses princípios que você fala.

— Poderiam até interessar se você desse uma chance — ela sorri e eu não preciso mais controlar a minha vontade de afundar todos os dentes dela. Agora tenho a minha chance de realizar esse desejo.

— Tudo o que você faz não me é interessante. Não quero saber os motivos que vocês tem para fazer o que fazem. Eu poderia até entender os motivos, mas não quero.

— E que tal se deixarmos as coisas um pouco mais interessantes? — ela diz com um sorriso perigoso e nem me dá tempo de responder.

Do bolso da sua calça ela retira um pequeno retângulo de metal polido e brilhante. Apertando um pequeno botão ao lado do retângulo, uma lâmina imaculada aparece.

Merda, ela tinha uma faca.

Tenho vontade de perguntar onde estava a chances iguais que ela tinha dito mais cedo, mas preferi não abusar da minha sorte. Só pelo modo como ela segurava a faca e ficava trocando a lâmina de mão em mão, dava para saber que ela tinha afinidade com o objeto.

Ela se aproxima rapidamente de mim, e como estava muito perto da parede, não pude me afastar como gostaria. Minhas costas se chocam contra a parede com força e Lisa tenta cravar a lâmina em meu braço.

Consigo deslocar a sua mão e em vez dela acertar em cheio o meu braço, sua mão desliza e a faca passa a poucos centímetros do meu tronco, a ponta ainda acerta minha camisa, rasgando um pouco.

Tento bater em seu pulso, para que o aperto em torno do cabo da faca enfraqueça, mas nem assim ela solta a maldita arma. Ficamos ali numa briga de forças, cada uma tentando apontar a lâmina para a outra.

— Você é bem mais forte do que eu imaginei — Lisa fala entre dentes cerrados.

— Posso dizer o mesmo de você.

— Pensei que os momentos atrás da mesa, só cuidando das burocracias pudessem ter te amolecido um pouco, mas pelo visto não.

— Certas coisas nunca esquecemos, não importa quanto o tempo passe.

Principal SuspeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora