– Não precisava ter vindo comigo Nicolau. Tenho certeza que o Coronel entenderia se eu explicasse para ele.
– Não vou parar a minha vida só porque o meu irmão resolveu me matar... E outra, o Tadeu pediu para ver nós dois – Nicolau desliga o carro e já está descendo.
Claro que ele já vindo em direção a minha porta, abrindo e me ajudando a descer. Hoje era o meu terceiro dia com esse gesso maldito e agora eu já estava começando a me movimentar melhor, já sabia como andar com aquele incômodo sem ajuda.
Quando soube do incêndio, o Coronel nos deu mais uns dias para descansar um pouco e colocar as ideias no lugar. Mas nem assim ele dispensou a nossa presença na delegacia. Deveria ser algo bem sério.
Vários sorrisos se abrem a me ver ali na delegacia. É verdade, fazia um bom tempo que eu não aparecia por lá, para quem tinha uma presença diária e constante lá... Qualquer ausência é notada. Vou cumprimentando todos que vem falar comigo, por isso demoro um pouco até chegar a sala do Coronel.
– Não sabia que você era tão amada aqui dentro... Erro meu por não perceber isso.
– Ah, acho que eles só gostavam do trabalho que eu fazia, nada demais. Não acho que eu sou tão amada assim aqui dentro. Respeito sei que eu tinha, mas esse amor aí, tenho minhas dúvidas...
– Eu não. Mas vamos entrar logo não é? Quero saber o que ele tem para falar conosco.
Nicolau bate na porta e escutamos uma voz provinda lá de dentro, liberando a nossa entrada. A mesa do Coronel estava tomada de papéis e imagino como boa parte do serviço burocrático deve ter sido repassada para ele.
– Tenente Darela, senhor Castilho! – ele nos cumprimenta e nos indica um lugar para sentar. Não podia ser coisa boa, pedindo para sentar, querendo conversar cara a cara...
– Bom dia Coronel... – cumprimento o homem com um aspecto bem cansado. Nicolau não fala nada, mas dá um aceno respeitoso de cabeça.
– Não vou enrolar muito vocês. Eu queria conversar com vocês por causa disso – ele fica de pé e retira um pen drive de dentro do bolso. – Recebemos esse pen drive há uns dias, e no envelope que ele veio, estava escrito somente uma data. A data era a do dia do assassinato do prefeito.
– E o conteúdo dele te alguma coisa haver conosco Coronel? – pergunto.
– Quase.
– Como assim quase? – agora é a vez do Nicolau se intrometer na conversa.
– É melhor vocês verem...
Ele conecta o pen drive e começa a rodar um arquivo de vídeo. Reconheço de imediato o lugar, estávamos novamente na festa da polícia. Meus olhos estão atentos e procuram por qualquer coisa fora do comum. Mas não vejo nada demais, somente pessoas passando, bebendo, e rindo de coisas que na hora deveriam ser hilárias.
Me vejo passando na frente da câmera algumas poucas de vezes. Não tínhamos tido acesso à essas imagens. Supostamente todas as filmagens do evento tinham sido comprometidas. Pelo menos era o que nos tinham dito.
Não acontece nada. Tudo é tedioso e eu começo a me perguntar o motivo de estar vendo aquilo. é então que as coisas ficam interessantes. A perspectiva muda completamente, as imagens ficam mais nítidas e agora podemos ver melhor o movimento.Não sei ao certo o motivo, mas a câmera começa a me acompanhar. As imagens começam a mostrar onde eu ia, com quem eu conversava. Mostrou o momento que eu dançava com o Coronel, o momento que o Nicolau apareceu, mostrou quando sai do salão para espairecer e acabei encontrando o Nicolau.
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Principal Suspeito
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