Jantar a luz de velas

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Ela foi tomar banho e dessa vez eu que fui contemplar a beleza dela.

Vê-la completamente nua na minha frente era terrível porque eu queria tocá-la, queria fazer dela minha, mas eu não podia, então me contentava em só olhar.

"Parceiro, eu cheguei. Vou pegar o seu carregador aqui emprestado, ok?" Todos eles tem a chave desse lugar.

"Ok." Respondi.

"Dayane, fale o menos possível." Disse baixinho para que ele não pudesse ouvir e ela fez que "sim" com a cabeça.

Coloquei todos os aparatos nela e ela revirou os olhos em protesto, mas sabia que de nada adiantaria.

Coloquei as minhas lentes e sai de lá para falar com o Paolo. Ele não estava na sala, como imaginei e sim na cozinha estreando o microondas que ele acabou de comprar para mim.

"E aí, cara." Disse sorrindo.

"Estou esquentando as quentinhas que ela preparou." Paolo disse.

O "ela" era a Reclene, mas não podemos dizer o nome dela. Protegemos não somente o nosso bando, como quem está a nossa volta.

"Obrigada." Dayane disse em um tom baixo e deu um sorriso tímido para ele.

"Obrigado, parceiro."

"Eu tenho que ir. Tenho um serviço para executar agora."

"Complicado?" Perguntei.

"Não. Ela não deixa porque vocês dois estão fora. É simples: só vou matar uma pessoa, os rapazes vão me encontrar no local e eu não posso me atrasar." Ele está se referindo a mim e ao Salvatore.

Dayane colocou a mão na boca tentando segurar um grito. O que ele disse demais? Ele não falou em esquartejamento, nem nada que possa chocar uma pessoa desse jeito. Paolo percebeu o quão chocada ela ficou e piscou para ela, afim de provocá-la. Me contive para não socá-lo.

Mal o Paolo saiu de casa acabou a luz.

"Eu não acredito que acabou a luz! Justo agora que iríamos comer!"

Ela falou comigo após horas sem dizer uma única palavra. Sorri automaticamente porque não existe som tão lindo quanto a voz dela, principalmente quando ela está falando comigo. Ela cruzou os braços, começou a bater o pezinho e a fazer biquinho. O que ela quer que eu faça com relação a isso?

"Vou ver se tem alguma vela aqui." Eu disse, mas não obtive resposta.

Com a ajuda da lanterna do meu celular, comecei a procurar na mala preta que contém objetos de tortura.

"Você acha que vai achar uma vela aí?" Ela perguntou curiosa, mas ao mesmo tempo evitando olhar para ver o que tem dentro.

"Já queimei muita gente com vela." Eu disse. Quero que ela saiba o monstro que eu sou, não posso ficar com ela, não suportaria vê-la me odiando depois do que terei que fazer.

Ela se afastou de mim. Não achei vela na mala.

" Não tem na mala. Se não tiver na cozinha, ou a gente espera a luz voltar ou comemos com a lanterna do meu celular mesmo." Disse.

O SequestradorOnde histórias criam vida. Descubra agora