Visitinha indesejada

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Cinco minutos depois a minha mãe chega sozinha com a mala e com o café da manhã.

“O enjôo já passou?” Ela chegou no banheiro já me perguntando. Minha mãe preocupada comigo? Vai chover!

“Oi, não.” Respondi meio sem graça, a verdade é que eu não estava preparado para isso.

“Toma.” Ela me deu o remédio.

“Obrigado.” Sorri.

Não consegui sair de lá. Algo me diz que não seria uma boa ideia deixar essas duas sozinhas.

“Eu fico com ela.” Meirieli falou ao perceber a minha dúvida.

Dayane fez menção de que ia falar algo, mas desistiu.

“O que você ia dizer, garota?” Meirieli perguntou em um tom ríspido.

Ela olhou para mim e eu apenas desviei o olhar porque eu sabia que aquilo não iria dar certo. Eu tinha que tomar o remédio, mas não conseguia me mover.

“ É que... eu fiquei surpresa em saber que o Dark aceita pessoas com a sua idade, com todo o respeito.” Ela disse com medo e envergonhada.

“O que você disse, sua vadia? Eu aparento ter 25 anos!” Meirieli disse com sangue nos olhos.

Eu devo confessar que senti vontade de rir do comentário dela. Ok, ela não aparenta ter 46 anos, por  duas questões:

1) Minha mãe é bonita para caralho! Não é porque é a minha mãe, mas é verdade. Vários homens entortam o pescoço quando ela passa e se eu matasse cada um que olhasse, não existiria homem a cima dos 38 anos na Itália!

2) Ela ainda se exercita. Ela se aposentou, mas malhar para quem é mafioso é como se fosse escovar o dentes ou matar alguém: natural. E ela mais do que ninguém, sabe que é sempre bom se manter em forma porque na nossa profissão tudo é possível.

Se ela falasse 40 anos eu nem ia ter vontade de rir. 38 eu ainda ia me controlar, mas porra: 25? Está forçando a barra.

Antes que eu pudesse esboçar qualquer tipo de reação, Meirieli deu um tapa muito forte no rosto dela, a fazendo soltar um grito.

O grito dela ecoou de modo agressivo no meu coração e sim, senti vontade  de matar a minha mãe pelo tapa, mas o nervosismo que eu senti foi o estopim para que eu saísse correndo do banheiro e saísse de casa.

Poderia muito bem ter vomitado no vaso, ao invés de vomitar no mato, mas não queria que elas vissem e nem queria ficar perto da minha mãe.

Quando coloquei tudo para fora, ouvi uma voz familiar.

“Cara, você está transparente!” Disse Paolo.

“Pois é, eu não suportei ver o sangue.” Sorri sem graça.

“Estou aqui para não terminar como você, parceiro!”

Sorri e o abracei rapidamente. “Foi muito bom te ver, cara! Mas eu vou voltar, antes que a Meirieli mate a Dayane.”

“Pelo tempo? Já está morta!” Paolo olhou para o relógio e deu um sorriso maledicente.

“Vejo que andou conversando muito com o Lorenzo, acertei?” Nós dois rimos e eu dei três tapinhas nas costas dele.

Logo que eu entrei na casa, se é que pode se chamar de casa, me deparo com uma Dayane amordaçada, de cachos, com um olhar amedrontado e com uma roupa que não condiz com o inverno que estamos passando: um top preto e um short jeans desses que mostram a poupa da bunda.

Comecei a pensar em velho sem dentadura e várias situações brochantes para não deixar com que o gigante acorde na presença da minha mãe.

“Chefe, já melhorou? Precisa de mais alguma coisa?” Perguntou Meirieli.

Acho estranho a minha mãe me chamando assim, mas eu sei que é para que a Dayane não descubra nada. De qualquer modo eu gosto da sensação de ter a minha mãe subordinada a mim.

Sorri. “Não. Obrigado!” Apontei para a porta para que ela saia porque se ela fizer qualquer coisa com a Dayane na minha frente eu não sei se eu vou conseguir controlar e eu não quero matá-la.

Meirieli ignorou o meu gesto. “Deseja me falar algo ou pedir?” Perguntei. Na verdade, a palavra – pedir- seria o mesmo para ela que mandar, mas eu não podia falar usando esse termo com a  Dayane presente.

“Aquelas ferramentas de tortura são para serem usadas. Ela está muito tranquila para quem foi sequestrada. É só um sábio conselho, chefe.” Meirieli apontou para uma mala preta que estava fechada, arrancando lágrimas da Dayane.

“Sábio conselho. Algo a mais?” Falei friamente. A minha paciência estava chegando ao fim e novamente eu apontei para a porta, mas ela continuou no mesmo lugar.

“É só uma consideração final, chefe. Não tire a mordaça dela, ela fala de mais. Eu estou reparando que você está olhando muito para... os trajes dela. Só tem roupa de verão na mala.”

Minha mãe parece que tem pacto ou que trabalha para o FBI! Ela sempre sabe de tudo. Sempre. O engraçado é ouvir ela enfatizando o – chefe -, eu sei que se ela pudesse matava a Dayane por essa humilhação.

“Tchau, chefe. Precisando de mais alguma coisa é só chamar.” Meirieli disse.

“Tchau.” Sorri e a vi entrando dentro do meu amado carro.
Tranquei a porta.

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Boa noite, meus amores!

Ufaaa, que encontro foi esse???
O relacionamento dessas duas promete!!!

Dedicado á:

ciganaSheri

merieli123

O SequestradorOnde histórias criam vida. Descubra agora