Como tudo começou

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         Sicília, Itália, 1990

Giuseppe Ferrandini se encontrava em casa numa sexta-feira á noite. Ele estava deitado em sua cama ao lado de sua bela esposa, Meirieli Ferrandini, tentando consolá-la pela morte de seu filho Christian.

Já tinha uma semana que ele havia falecido, mas a mãe que perde um filho consegue compreender a dor que é, principalmente sabendo-se que ele  era o seu primeiro filho e falecera no dia em que nasceu.

Meirieli só teve tempo de olhar para aquele bebê, sorrir ao vê-lo, escutar o seu choro e chorar a sua morte.

Giuseppe era o mafioso mais temido daquela época e ainda é, mas agora de uma forma um pouco diferente que em breve explicarei á vocês.

Ele estava de luto e por isso recusava todos os “ serviços" que lhe pediam para executar, mas naquela noite Giuseppe resolveu aceitar, graças á Meirieli que o tirara do luto.

O telefone tocou, mas Giuseppe ignorou.

Meirieli  disse:  " Meu amor, não pare a sua vida por causa de mim. Seja forte e volte a trabalhar. Volte a ser o mesmo Giuseppe que eu um dia me apaixonei."

Ele sorriu para a sua amada e a deu um beijo carregado de amor e ternura.

O telefone tocou novamente, ele olhou para a bela Meirieli e resolveu atender.

" Oi." Um homem falou.

" Oi." Giuseppe respondeu.

"  Tenho um servicinho para você. Aceita?"

" Depende do quanto irá me pagar."

" Me encontra hoje á meia noite. Anote o endereço."

Giuseppe anotou o endereço, informou aonde iria para a Meirieli e chamou os mafiosos que trabalhavam para ele para irem juntos.

O homem marcou num beco, onde raramente passava alguém, mesmo de manhã, por  ser um lugar considerado perigoso.

Os homens de Giuseppe ficaram em pontos estratégicos, devidamente armados, enquanto ele iria ao encontro.

Trabalhar como mafioso significava viver cada dia intensamente porque   em um segundo pode se estar vivo, mas no outro já não mais.

Poderia ser uma emboscada, sempre pode ser uma emboscada. Um mafioso deve sempre estar preparado para tudo.

Giuseppe esperou o homem por uns cinco minutos até que o viu.
O homem sorriu e disse: " Antes que me peça." Então ele começou a esvaziar os bolsos para mostrar que não trouxe armas e nem nada que pudesse ameaçar a vida de Giuseppe.

Giuseppe ficou mais tranquilo, mas não por completo porque ele sabia que na profissão dele tudo poderia acontecer.

" Eu quero que você mate a vagabunda da minha mulher e o meu filho. Pago bem!” O homem disse.

Giuseppe aprendeu a ser frio em sua profissão, mas aquilo o atingiu de certa forma porque tinha acabado de perder um filho. Ele iria recusar, mas lembrou das palavras de sua amada e aceitou.

O serviço ficou para ser realizado no dia seguinte. Ele saiu do local nervoso por saber o que faria, mas preferiu pensar que todos nós somos filhos de alguém e que pensando dessa forma ele já havia matado muitos filhos por aí.

O  carro dele estava estacionado na esquina daquela rua, mas quando ele estava chegando próximo ao carro, um som o fez mudar de trajeto.

Deitado no chão da rua, completamente sozinho, assustado e roxo de frio havia uma criança. O som que fez Giuseppe mudar o seu trajeto era o choro daquela criança.

Giuseppe olhou para o menino emocionado, pensou em tirá-lo de lá para cuidar dele, mas  por um instante temeu pela reação de sua mulher.

Depois de alguns minutos observando a criança e pensando no que iria fazer, Giuseppe resolver pegar a criança no colo.

" Um menino, um menino! É um presente que o céu tirou, mas está devolvendo para a minha Meirieli  e para mim!” Ele disse em voz alta, completamente emocionado, tão perdido em seus sentimentos que nem ao menos percebeu que estava falando sozinho.

O que o chamou a atenção foi o fato do menino ter sido abandonado a pouco tempo, porque havia uma marca de batom vermelho no rosto do menino. Não poderia ser ninguém que tivesse passado e dado um beijo no menino por pena porque nenhuma mulher em sã consciência deixaria um menino que encontrou desamparado no frio e nem tão pouco passaria por aquele lugar. Sem duvidas, ele tinha sido abandonado por essa mulher.

Meirieli ficou extremamente feliz ao se deparar com aquele menino e resolveu dar o mesmo nome que havia dado para aquele que faleceu :Christian Ferrandini.

O que a desapontou um pouco é que o menino aparentava ter um ou dois anos. Se ele tivesse dias, como o seu filho, ela provavelmente ficaria mais feliz.

No dia seguinte, enquanto Meirieli cuidava do menino, Giuseppe foi executar o trabalho, mas só recebeu a metade do  dinheiro porque não havia encontrado a criança. Foi o único serviço não tão bem executado por Giuseppe.

Agora estamos em 2016. Giuseppe e Meirieli continuam vivos. Giuseppe com 50 anos e Meirieli com 46.

Quem sou eu? Christian Ferrandini, o mafioso mais temido por toda a Itália. Os meus pais estão "aposentados", mas estão por dentro de todos os serviços que eu executo e a opinião deles e ajuda são e sempre serão bem-vindos.Eles  são carinhosamente chamados de mãe e pai da máfia.

Por que eu sou um mafioso? Simplesmente porque eles me salvaram e por isso eu devo tudo á eles.

Como eu sei de tudo que eu contei agora se eu era um bebê? Simples, meus pais me contaram.

Agora sim vocês estão prontos para conhecerem o meu presente.

Dedicado á:

ciganaSheri

merieli123

O SequestradorOnde histórias criam vida. Descubra agora