Ela era uma mulher bonita, devia ter uns 35 anos. Loira, de olhos cor de mel e corpo violão que fez com aquela saia lápis lhe caísse como uma luva. Agora éramos só nós dois.
“Por favor, sente-se.” Ela aponta para a cadeira e sorri educadamente como se nada tivesse acontecido.
Ao nos aproximarmos pude sentir o cheiro do Miss Dior dela completar o ambiente.
Ela sentou-se na mesa, ao invés de sentar na cadeira e cruzou as pernas de modo que eu pude ver o que eu não queria ver: ela sem calcinha.
Sei que não estou namorando com a Dayane, mas não acho certo comer essa delegada para tentar sair daqui. Algo dentro de mim sente como se eu fosse traí-la, caso fizesse isso.
Tento parar com todos esses pensamentos profanos e trato logo de acalmar o gigante.
“Primeiramente, eu gostaria de agradecer a sua presença na minha humilde delegacia e dizer que é uma honra ter um magioso tão cheiroso na minha sala... digo, mafioso na minha sala. Agora me diz, quem foi o mandante?”
Permaneci mudo. Meus olhos estavam ardendo.
“Não vai me responder?”
“Posso usar o seu banheiro? Preciso tirar as lentes.”
“Claro. Fica á vontade. Só não entendo porque você usa isso.” Revirei os olhos em protesto e entrei no banheiro, mas ela me acompanhou.
“A porta tem que ficar aberta. Vai que você tenta fugir...”
Um sorriso malicioso brotou no meu rosto. O banheiro dela tinha uma janela que dava para a rua e ela sem querer acabou de me informar.
Terminei de lavar os meus olhos e ela repetiu a pergunta e eu continuei mudo tentando avaliar se valia a pena eu contar ou não. Até que...
“Christian, eu acho louvável o fato de você só ter sido pego aos 9 anos, sendo que agora você tem 26. Você é o homem mais procurado da Itália, nem o FBI conseguiu te capturar e agora nós conseguimos. Se quiser pode chamar um advogado seu para acompanhar a nossa conversa, mas sejamos francos: o seu último crime teve testemunhas policiais, você pratica crime desde que nasceu. Nenhum advogado, por melhor que seja, vai conseguir te salvar. Você vai para a cadeia, vai aguardar o julgamento, vai ser condenado e vai esperar mais alguns dias até que seja marcado o dia da sua morte. Então conta logo o que houve.” Diane dizia extremamente séria.
Ela estava certa. Pelo menos, eu encontrei o amor antes de morrer.
“Comecei a minha vida no crime muito cedo, com apenas 5 anos, mas não me arrependo porque isso é o que eu sou, é a minha vocação. 90% dos crimes que você investiga nessa delegacia fui eu ou alguém do meu bando. Pietro Bianchi queria que eu matasse o presidente, eu até iria, mas como só soube depois que a sobrinha do presidente estava no local onde eu tinha falado sobre o serviço tive que sequestrá-la. Me apaixonei por ela e matei o mandante para não mandarem me matar, mas de nada adiantou, já que se eu não morrer na cadeira elétrica, provavelmente vou morrer pelas mãos do meu ex bando porque não receberemos mais a grana e eu não sou mais mafioso porque salvei a vida da Dayane.”
“Obrigada pela explicação. Então quer dizer que magioso também ama, é?” Ela riu como de tivesse falado a piada do ano e de repente ficou extremamente séria, essa mulher só pode ser bipolar!
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O Sequestrador
Roman d'amourMatar o presidente, este era o plano. Para muitos soa como audacioso, mas não para quem aceitou o trabalho. Porém houve um pequeno acidente de percurso e o irmão do presidente poderá se tornar uma grande ameaça, ao menos que se possa impedir. Mas co...