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- Então, o que ele queria? – o Sam perguntou assim que saí da sala.

- Acreditas que o filho da puta disse que me apanhou inúmeras vezes a conversar? – o Sam deu-me um cutucão, mandando-me calar.

Mas já era tarde, o professor tinha acabado de passar por nós, e provavelmente ouviu o meu insulto.

- Não acerto uma! – resmunguei. O que ele vai pensar agora de mim? Vai me achar uma insolente e vais passar a vida a implicar comigo, e provavelmente descer a minha nota.

- Tá feia, a coisa. A Maria Gabi a dizer asneiras!

Revirei os olhos, mas eu sabia que era verdade. Eu raramente, dizia asneiras. Nem quando estava zangada as dizia, por isso imaginem o meu estado de raiva.

- Afinal como é que ele se chama? – perguntei curiosa. Não sabia nada sobre ele, nada mesmo.

- Chama-se Lourenço Andrade, tem vinte e oito anos e não é casado. Pelo menos é o que eu acho pela falta de aliança.

Lourenço Andrade. Porra, até o nome é excitante!

Ok, eu vou dar em doida assim. Ele é meu professor! De matemática! Meu Deus, preciso urgentemente de me distrair com alguma coisa. E não, não vai ser dando o cu.

- Ei, Gabi! – o Sam abanou-me ligeiramente.

- Diz!

- Tava a falar contigo e tu não me respondias.

- Desculpa, estava a pensar nos treinos de volley – era mentira, mas ele não precisava de saber.

- E que foi aquilo com o Rui, ajudar-te no estudo? – ele ergueu as sobrancelhas e deu um sorriso malicioso.

Para quem estiver a se pergunta, a resposta é não. O Sam não é gay, somos amigos à demasiado tempo, desde sempre, e ajudamo-nos um ao outro em tudo, tudo mesmo.

É estranho, mas se eu tiver um problema tipicamente feminino eu sei que posso contar com ele. Ou vice-versa. Ás vezes ficamos sem saber o que dizer um ao outro quando o problema é completamente novo, mas o Google sempre serve para alguma coisa.

Nós somos como irmãos. O Sam é bonito, não posso discordar. Alto, cabelos loiros e um irresistível corpo atlético, mas não consigo sentir nenhuma atração por ele. Nem quando, sem querer, o vi completamente nu no seu quarto. Foi embaraçoso, mas foi como ver o meu irmão completamente despido.

E quando perdemos a virgindade também contamos um ao outro, prometemos que seríamos os primeiros a saber, e assim foi. Não temos absolutamente nenhum constrangimento em falar do que quer que sejas, e isso é maravilhoso.

Mas claro que não lhe vou contar que fiquei louquinha com o novo professor. Ele ia gozar com a minha cara para sempre. Dizer que era falta de sexo, que devia aproveitar mais os meus dezoito anos, e coisas afins, que não estava para ouvir naquele momento.

Logo tocou e fomos para a aula de inglês. Íamos ter duas horas seguidas, por causa de uma troca, mas eu não me queixei. A professora de inglês era muito fixe e completamente doida. Eu, a Marta, a Samara e a Sofia ficamos o intervalo todo a dar graxa e principalmente a falar do professor novo. Foi hilário!

E claro que elas me perguntaram porque ele quis falar comigo e eu disse a verdade.

- A professora acha que sou mal-educada? – perguntei enquanto saiamos da sala.

- Só nos teus sonhos, Gabi! És tão comportada nas aulas!

- E não falo muito, pois não? – perguntei outra vez.

[concluída] Submersa pelo Desejo | Série Desejo - I |Onde histórias criam vida. Descubra agora