#16

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Acabei por saber que a Loira era uma velha amiga do Lourenço Gostosão, e com amiga, claro que estão implícitos todos os benefícios, e que seria uma nova professora lá na escola. Porque a antiga tinha entrado em baixa por estar no fim da gravidez.

A raiva que se apossou de mim ao saber que aquela mulher ia estar quase todos os dias ao pé do meu professor, foi sem limites. Até deu vontade de vomitar.

Que merda, tantas professoras tinham mesmo de mandar uma que já conhecesse o Lourenço!? Era necessário?

Fomos até a tal pastelaria, fui obrigada a ir, pois não tinha como ir para casa, mas não consegui comer nada. Primeiro havia aquela promessa do Lourenço, mas isso resolvesse quando voltarmos a casa, e depois tinha aquele raiva toda instala a garganta, que impossibilitava que a comida passasse.

Para distrair a minha mente acabei por perguntar o que tinham achado do filme.

- Foi muito fixe! – a Megui respondeu.

- Só acho que deverias ter ganho um prémio, Mariazita. O prémio "A Gargalhada Mais Alta" – o Lourenço falou com um sorriso zombeteiro nos lábios.

- Sim também acho! – a Megui concordou com o tio. – Rias mais alto que a menina que estava á nossa frente. Acho que toda a gente te ouvia.

- Oh, vocês estão a gozar comigo.

- É verdade! Parecias uma criancinha a rir. Aposto que te sentiste com cinco anos, dentro daquela sala de cinema.

- Tens de admitir que o filme era engraçado.

- Mas tua a rir ainda mete mais piada!

Mordi o lábio para não rir e olhei para outro sítio que não fosse os olhos do Lourenço.

- Por favor, não mordas o lábio – ele sussurrou ao meu lado.

- E porque não?

- Porque assim também fico com vontade de o morder – ele disse olhado diretamente para os meus lábios.

- Então morde, ninguém te impede... – continuei a morde-los, só para o provocar. E quem estava no comando era a minha Maria Gabi safada, aquela que gosta de provocar e receber em trocar algo bem gostoso.

- A sociedade impede-me – ele falou simplesmente, voltando a olhar em frente.

A sociedade impede-nos de muita coisa. Se fossemos a agir simplesmente pelo que a sociedade nos permite fazer, a noite anterior nunca teria acontecido e neste momento não estaríamos aqui. Se fossemos fazer apenas o que a sociedade quer que façamos, não seriamos felizes! – apeteceu-me dizer, mas permaneci calada, a sorrir que nem parva.

Era por volta das sete da tarde quando chegamos a casa. O apartamento do Duarte estava desértico e demasiado silencioso.

Ponderei em fazer o jantar, mas depois mudei de ideias. Comeria apenas uma sandes rápida, quando tivesse fome.

Fui para o meu quarto e tentei abstrair a minha mente com qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. Até estudar eu tentei, e era a última coisa que me apetecia fazer, mas a minha mente teimava em voar para os acontecimentos mais recentes.

Talvez aquela noite tenha sido apenas uma forma de irritar o Miguel Duarte – a minha mete opinou. E o pior era que eu acreditava seriamente nessa hipótese.

Que mais ele quereria de mim, com tantas outras meninas mais bonitas que eu? Com loiras que mais parecem supermodelos disponíveis ou uma infinidade de mulheres? Porquê eu?

[concluída] Submersa pelo Desejo | Série Desejo - I |Onde histórias criam vida. Descubra agora