#7

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- Menina Gabi, espere um pouco antes de sair – o professor Lourenço Gostosão pediu.

Ele esperou que toda a gente saísse da sala para se levantar da sua cadeira e caminhar até mim. Não estava a entender porque ele me mandou ficar, tinha sido uma menina exemplar, em todas as aulas.

Ah, claro! Só podia ser para acabar com o pouco que restava da minha sanidade mental. Tão perto e mim, o seu cheiro inebriante chegou até ás minhas narinas. Os seus lábios cheios eram uma tentação e aqueles olhos azulados hipnotizavam-me.

Ele pigarreou e começou a falar.

- Eu estive a corrigir os testes da tua turma. Vi que as tuas notas têm sido excelentes, mas desceste bastante.

Pudera! Com um professor que me faz perder o foco e para piorar tudo estava super mal naquele dia, com cólicas menstruais, uma dor de cabeça terrível e não parava de tossir, espirrar e assuar o nariz. Muitos dos meus colegas mandaram-me fazer menos barulho, dizendo que os estava a incomodar, e tudo! Como poderia ter tirado uma boa nota nestas circunstâncias?

- Não quero que me interpretes mal, mas eu aconselho-te a procurar um explicador privado. – A sua voz super profissional e séria fez-me subir um calor por todo o meu corpo, Deus!

Remexi-me desconfortável. O silêncio instalou-se. Focamo-nos um no rosto do outro. Ele era mesmo divino, com aquela barba rala e aquela covinha no queixo. Ele estava demasiado próximo, bastava meio passo para estarmos coladinhos e parecia que a distância estava a diminuir...

Ele afastou-se repentinamente e voltou a sentar-se. Eu estava a alucinar, era isso, eu não estava prestes a beijar o meu professor, era tudo efeito da minha cabeça! O meu coração batia descompassado no meu peito e senti as minhas bochechas queimarem.

- Eu não estava muito bem nesse dia – a minha voz saiu meio rouca. – Mas vou tratar de arranjar um explicador – dei um sorriso e sai logo de seguida.

As minhas pernas pareciam varas verdes de tão bambas que estavam. Meu Jesus Cristinho, aquele homem tinha um íman que me atraia. Ele era a luz e eu a estúpida traça.

Que é isso, Maria Gabi?! Tu não podes sentir atração nenhuma por um professor teu! Mas eu sentia, uma atração sexual muito forte.

Quando estava a sair da escola cruzei-me com o Rui. Ele deu aquele sorriso engatador, que não funcionava comigo.

- Então, o que o professor Lourenção queria? – ele perguntou.

- Basicamente disse que a minha nota foi um desastre e que deveria procurar um explicador – dei de ombros desanimada.

O Rui era uma pessoa muito estranha. Era o engatador da escola, com cabelos e olhos acobreados, e ao mesmo tempo o melhor aluno, praticamente. Simplesmente não entendia como ele conseguia arranjar tempo para tudo, pois ainda tinha o facto de ele fazer um monte de desportos.

Até irritava o facto de ele ser tão perfeito!

- Mas se quiseres eu posso ajudar-te, e não cobro nada – os olhos dele brilharam de entusiamo.

- Não quero dar trabalho, Rui.

- Não dás trabalho nenhum, Gabi! – e insistiu.

- Ok, quando te dá mais jeito? – cedi por fim.

Já que ele não cobrava nada, porque não?

- Por mim pode ser já hoje. Não podemos perder tempo – ele falou calmamente finalizando com um sorriso de dentes brancos.

- Hoje?!

- Sim, após o almoço. – Tipo, não era muito em cima da hora? Nem deu tempo de interiorizar que iria ter explicações com ele. Nem me preparar para possíveis flertes! – Bem, tenho que ir. Estou em tua casa ás três.

Ele deu um beijo na minha bochecha e entrou num carro todo preto. Um beijo na minha bochecha...

Estava prestes a ter uma coisinha má! Eu e o Rui nunca tivemos muita intimidade, por acaso, N-U-N-C-A tivemos intimidade. De repente vou tê-lo em minha casa!

Quando cheguei a casa aqueci o que tinha restado do jantar no micro-ondas e dei comida ao T'Challa. Depois dei um jeitinho na cozinha e fui para o meu quarto, seguida do gato.

Arrumei-o muito bem arrumadinho e deitei-me na cama, a pensar em nada especifico. Na verdade, estava a morrer de invejas, os meus pais em Paris e eu em casa, prestes a receber a visita de um engatador nato que me iria dar explicações de matemática.

Acabei por adormecer, acordando somente com o barulho da campainha. Merda!

O T'Challa também dormia ao meu lado. Raça do gato que se habituou com uma rapidez supersónica. Eu suspeitava que ele não tinha nascido numa ninhada de gatos vadios, mas alguém o tinha abandonado. Ou seja, ele já tinha tido um dono e por isso estava habituado com pessoas.

A campainha não parava de tocar, o que me fez levantar de repente, acordando o gato. Corri para as escadas e quando ia a descer, o T'Challa meteu-se entre as minhas pernas. Com medo de o pisar acabei por pisar na bordinha de um degrau e rolar escadaria abaixo.

- Merda! – gritei de dores.

- Está aí alguém? – o Rui gritou do lado de fora. – Gabi, estás bem?

Tentei levantar-me, mas doía-me muito a perna.

- Está uma chave atrás do jarro da planta – gritei para que ele me ouvisse.

A porta foi aberta e o Rui olhou-me espantado. Que merda! Ele tinha mesmo que me encontrar estendida no chão?

- Ajuda-me!

Ele correu até mim e tentou levantar-me.

- Tem cuidado! – gritei com lágrimas nos olhos. Aquilo doía como a merda! O meu tornozelo doía pra caralho! – Deixa-me deitada, já passa.

Estava prestes a chorar que nem um bebé. Doía tudo, as costas, a cabeça, e o tornozelo.

- Vou chamar uma ambulância – ele disse pegando no telemóvel. Não o impedi, afinal só me apetecia era fechar os olhos e dormir, para não ter de sentir a merda da dor.

A ambulância chegou. Demorou uma eternidade, mas chegou. No hospital disseram que tinha torcido o tornozelo, que provavelmente incharia um pouco e ficaria vermelho.

Enfaixaram-no numa liga e receitaram-me uma pomada qualquer. O médico também disse que era melhor não fazer qualquer esforço sobre a perna direita, a do tornozelo torcido e recomendou-me que andasse de moletas pelo menos nos primeiros dias.

Como se isso não fosse mau o suficiente, ainda fiquei com o queixo roxo!

O meu irmão chegou pouco depois a mim.

- Olá! – ele saudou acariciando os meus cabelos.

- Oi – sussurrei. - E agora? – perguntei.

O Miguel deu de ombros.

- Para de ser dramática, Maria Gabi! Só troces-te o tornozelo!

- Só?! – perguntei ofendida. – Queria ver se fosses tu...

- Já avisei os pais. Eles obrigaram-me a levar-te lá para casa, porque não tem escadas e tens a Nina, a cozinheira, pelo menos de manhã.

- Nem penses que vou para tua casa!

- Não te preocupes, Gabi. Vou deixar o Bruce com o vizinho do andar de baixo, ele é meu amigo. Quando os pais voltarem, voltas para casa.

- Ok, já que não tenho escolha.

Por acaso achei isso tudo muito fixe. Sempre gostei muito do apartamento do meu irmão. É todo chique, e para não falar que vou ter todas as minhas vontades atendidas. A Nina é muito simpática, já tive a oportunidade de a conhecer.

Para além do mais, odeio ficar sozinha em minha casa.

*****

Olá minhas Amorinhas!!!🍇🍇🍇

Eis o nosso 7º capítulo. Espero que gostem e por favor, não se esqueçam de votar e comentar!!

Até á próxima.😘😘❤❤💜💜 

[concluída] Submersa pelo Desejo | Série Desejo - I |Onde histórias criam vida. Descubra agora