O rosto do Lourenço transparecia todo o seu desespero e as lágrimas também molhavam as suas faces.
- Tudo bem – ele falou perante o meu silêncio. – Nós podemos começar de novo. Fazer tudo bem desta vez! Não temos de nos preocupar com nada. Tu podes odiar-me agora, mas eu não vou desistir de ti, Gabi! Não outra vez! Vou mostrar-te o quão te amo e que mereço o teu amor!
Ele já tinha feito aquela promessa, por isso eu tinha todo o direito de ficar temerosa e não acreditar nele instantaneamente.
O Lourenço passou o seu polegar no meu lábio ferido e olhava-me intensamente, com os seus olhões azuis focados nos meus. Parecia que estava numa luta interna, mas optou por beijar a minha testa.
E eu quis que ele beijasse os meus lábios. Tinha saudades do sabor do Lourenço, de ter a sua língua enroscada na minha...
***
Eu estava um caco. O meu corpo vestia uma roupa que ficara na casa do Miguel e o Lourenço levava-me para minha casa.
- Ele pode apresentar queixa contra ti, não pode? – perguntei temerosa. – Por agressão ou assim qualquer coisa...
- Sim, acho que sim – o Lourenço murmurou concentrado nos seus pensamentos. – Mas eu não me arrependo de nada, devia era ter matado o desgraçado!
Os nós dos seus dedos esbranquiçaram com a força com que ele agarrava o volante. E eu tive aquela necessidade de o consular, passando a minha mão pelo seu braço.
- Já passou, tu mesmo o disseste. Vamos falar com o meu pai e ele orientar-nos-à.
Aquela era vantagem de ter um pai advogado.
Ele assentiu e logo estava a estacionar o seu carro em frente à casa dos meus pais. Bati à porta e quem veio atender foi a minha mãe.
- Onde te meteste, Gabi? Não sabes nem avisar? – ele perguntou com o seu tom de reprovação, mas preocupada ao mesmo tempo. E só depois é que viu o Lourenço. – Tu não aprendes mesmo, não é, Maria Gabi!?
- Não é nada disso, mãe! – disse entrando em casa. Olhei para trás e vi o Lourenço no mesmo sítio e a minha mãe a olhá-lo com uma cara nada amigável. – Mãe, para com isso! O assunto é sério. O pai está?
- Oh, Alfredo! – a minha mãe gritou sem tirar os olhos do Lourenço.
O meu pai apareceu na sala, vestindo uma roupa casual. Ele sorriu-me, mas fechou logo a cara quando viu o Lourenço à porta.
- O que é que ele está aqui a fazer? – o meu pai perguntou desdenhosamente, apontando na direção do Lourenço com a cabeça.
- Vocês importam-se de par com isso e de o deixar entrar?! O assunto é sério! – não gritei, pois estava a falar com os meus pais, mas o meu tom de voz não era nada amigável.
Os meus pais entreolharam-se, mas logo a minha a minha mãe deu passagem para que o Lourenço entrasse em casa. Eu odiava aquela coisa que eles faziam, parecia que liam a mente um do outro...
- Que vasqueiro, mano! Já nem se pode dormir em paz – a Catarina resmungou descendo as escadas que separava o rés-do-chão dos outros andares. – O que esse traidor está aqui a fazer? – perguntou parando no mesmo sítio e semicerrando o olhar na direção do Lourenço.
Sentei-me pesadamente no sofá e respirei fundo para não desatar aos berros. A minha paciência era nula e ouvir sempre o mesmo estava a dar-me nos nervos. Eu agradecia a preocupação da minha família em relação ao Lourenço, mas neste momento não era ele o problema.
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[concluída] Submersa pelo Desejo | Série Desejo - I |
Romance+18||Contém conteúdo considerado adulto. Personagens e acontecimentos são inteiramente da minha responsabilidade. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. ***** Já toda a gente teve aquela paixãozinha por um professor, certo? Aqu...