[concluída] Submersa pelo Desejo | Série Desejo - I |

#39

Antes do capítulo, ouçam esta música perfeita!! Foi a que ganhou a Eurovision por Portugal!!! Desculpem, mas eu estou muito orgulhosa e temos de admitir que a música é mesmo linda e mexe com o nosso emocional. Tinha mesmo de fazer propaganda, não resisti, os Tugas entender-me-ão kkkkkk  😂😂❤❤

Chama-se AMAR PELOS DOIS e é do Salvador Sobral. 

Agora vamos ao capítulo: 

Gabi

O espelho refletia o meu aspeto, péssimo aspeto, diga-se de passagem. Os meus olhos estavam inexpressivos, com olheiras demasiado profundas a condizer. Os meus cabelos estavam demasiado compridos e não tinha forças para os pentear. A minha barriga tinha uma liga branca que rodeava toda essa área. E o meu telemóvel estava cheio de mensagens, mas nenhuma dele...

Talvez fosse altura de seguir em frente, de perceber que o Lourenço não quer saber de mim para nada, não se preocupa minimamente para mandar uma mensagem a desejar as melhoras. Caralho, eu perdi o filho dele! Não merecia uma visita, pelo menos por isso?

Mas pensando bem, talvez ele achasse que foi melhor assim, talvez um bebé apenas lhe viesse complicar a vida. E pelos vistos, ele não queria mesmo ficar comigo...

Eu poderia facilmente entender que havia uma razão para aquele beijo com a vadia oxigenada, mas nunca para a sua ausência. E o que mais dói em mim, que me impede de dormir e me faz chorar é isso, o facto de ele não estar ao pé de mim.

A Catarina disse-me que ele ia todas as noites visitar-me, pois durante o dia o Miguel não o deixava entrar, mas fica muito difícil de acreditar nisso, quando nem sinal de fumo ele manda.

Eu amava-o tanto! Eu pensava que ele era diferente e que me poderia fazer feliz. Eu acreditei no Lourenço, confiei nele, dei-lhe uma oportunidade e ele simplesmente... desapareceu. Deixou de ser meu professor de matemática, disseram que ele se tinha despedido, e no lugar dele puseram um outro professor.

Não chegava nem aos pés do Lourenço, mas ouvi muitas meninas dizerem que o achavam bem bonito.

- A escola deve estar mesmo a por aprova à prova a nossa resistência a professores gatos... resisti ao outro, será que resisto a este? – a Marta comentou uma vez, enquanto o professor passava por nós no corredor.

Ele era normal, uma pessoa completamente normal, de vez em quando fazia umas piadas ridículas e machistas que dava vontade de lhe mandar com a cadeira na cabeça, mas era uma pessoa normal. Demasiado normal... Não tinha aquele olhar autoritário e intimidador do Lourenço, nem aquele sorriso provocador, nem os olhos azuis...

Era só aprender a superar, como dizia a Catarina.

Todas as noites sonhava com aqueles malditos olhos azuis e o seu sorriso divinal. Todas as malditas noites chorava pela ausência do Lourenço. Chorava até voltar a adormecer por exaustão, chorava até as minhas costas doerem por causa da minha respiração demasiado violenta. Mas não adiantava de nada, o Lourenço ainda não estava ao pé de mim, e aquela dor permanecia lá.

***

Já tinha passado tanto tempo... talvez fosse mesmo hora de seguir em frente. De voltar à minha vida rotineira, de sair deste buraco de depressão, de me dar uma oportunidade a mim mesma.