#18

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Sentamo-nos todos no sofá, enquanto a televisão exibia "Zootopia". O Lourenço estava entre mim e a Megui.

Não sei bem se foi no início ou no fim, mas a qualquer momento encostei a minha cabeça no ombro dele e senti a sua mão invadir os meus cabelos e começar a mexer nos mesmos. E instalou-se uma sensação tão boa dentro de mim, como se o meu lugar fosse ali, no ombro dele, perto dele.

Com aquela tranquilidade toda, acabei por adormecer. Despertei apenas quando o Lourenço pousava com cuidado a minha cabeça no sofá.

Abri os olhos e encarei-o. No escuro os olhos dele tornavam-se completamente cinza.

- Vou deitar a Megui – ele informou, pegando na sobrinha ao colo e desaparecendo no corredor.

Fiquei mais uns segundos de olhos fechados, despertando por completo de seguida. Não estava no apartamento do Miguel Duarte.

Pouco depois o Lourenço voltou a aparecer na sala.

- Acho melhor eu ir... - murmurei apontando para a porta.

- Tens a certeza?

Ele aproximou-se de mim e agarrou na minha mão. 

Claro que eu não tinha a certeza! Na verdade, eu queria ficar

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Claro que eu não tinha a certeza! Na verdade, eu queria ficar.

- Sim, é melhor.

- E se eu te pedir para ficares?

- Lourenço...

- Por favor! – ele sussurrou ao meu ouvido, num tom suplicante, necessitado.

Ficamos a olhar-nos nos olhos. Ele à espera da minha resposta e eu a preparar-me para ir embora.

Pousei uma mão no seu peito e coloquei-me em bicos de pés, para lhe conseguir dar um beijo na bochecha.

- Até amanhã, Lourenço – sussurrei na escuridão.

Sentia um aperto enorme dentro de mim. Como se aquele adeus fosse para sempre, como se me estivesse a despedir de uma pessoa fundamental na minha vida, de uma parte de mim.

- Vais ser assim? Vais fazer mesmo isso? – ele perguntou agarrando na minha mão. – Sabes tão bem como eu o que queres realmente.

- Lourenço – falei seriamente, mantendo o tom baixo. – Sabes que isto está errado. Tu és meu professor, devias saber melhor que eu o que é errado ou não.

Ele assentiu com a cabeça e largou a minha mão. Peguei no meu casaco e encaminhei-me até à porta.

- Não consigo deixar-te ir assim – o Lourenço falou impedindo-me de abrir a porta.

Eu só posso ser bipolar. Os meus sentimentos em relação ao Lourenço estavam sempre a mudar. Há umas horas atrás só conseguia sentir raiva, e naquele momento era mais como uma necessidade.

[concluída] Submersa pelo Desejo | Série Desejo - I |Onde histórias criam vida. Descubra agora