#13

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Fica difícil ignorar uma pessoa que está constantemente ao pé de ti. Pensei que ao fim do filme ele se fosse embora, mas não, ele adormeceu no sofá...

Ele ficava tão lindo a dormir, super sereno, parecia um anjo, mas em vez de loiro era moreno. Foi impossível não ficar a olhar para ele como se fosse a oitava maravilha do mundo. Com certeza ele era a oitava maravilha do mundo perdida. Até ficou um pouco difícil prestar atenção no que a Margarida dizia, os meus olhos eram atraídos para ele, como se ele tivesse íman ou qualquer coisa assim.

O pior foi quando acordou. A minha mente estava constantemente a relembrar os beijos, como se fosse uma coisa boa. Realmente era uma coisa boa, mas apenas física, algo momentâneo.

"E também não é como se eu e a Gabi nos fôssemos casar." Estúpido, até parece que eu me quero casar com ele! Mesmo assim fica estranho saber que nem sequer és opção, como se não servisses.

Volto a repetir, não quero nada com ele, o Lourenço é meu professor de matemática, apenas isso. Mas deixou-me com o fogo nas bentas. Ele pensa que deve ser o melhor à face da terra!

Cheguei à conclusão, acertada, de que o melhor era ignorá-lo, fingir que nada acontecera. Era o melhor para a minha saúde mental, pelo menos eu achava isso. Cheguei a pensar que conseguira fazê-lo. Sou tão parva que nem ignorar uma pessoa consigo. Dava por mim a olhar para ele, a ver a forma de como o seu maxilar se mexia ao trincar a comida ou como sorria ao ouvir a Megui.

Burra, para de olhar para ele! Reprimi-me milhares de vezes.

Até que ele se foi embora e tudo voltou ao normal. E o meu normal é estar a pensar constantemente nele. E a rever tudo, como se fosse um disco riscado. Até irrita!

Quando fiquei sozinha em casa fui para a cama. Estava extremamente cansada. Demorei séculos para adormecer e quando adormeci acordei completamente desidratada.

Levantei-me e fui até à cozinha beber um copo de água. Aproveitei para ver se tinha alguma chamada ou mensagem no meu telemóvel. As minhas pantufas com coelhos arrastavam-se no chão e os meus olhos estavam semicerrados por conta do sonho.

Mas de repente vejo a porta do quarto do Miguel a abrir-se e o Bruce a sair de lá. Ele começou a caminha na minha direção, com aquela cara de assassino que dizia: "Corre ou morres!".

E eu corri, para a casa de banho ou melhor, saltei ao pé-coxinho até à casa de banho. Fechei-me lá dentro. Agora, tinha dois problemas: 1. Não queria sair de lá e dar de caras com o cão assassino; 2. Não queria dormir na casa de banho.

Acabei por ligar à Caty, em última hipótese. Tenteu para aí uma dez vezes, e ela nem uma atendeu! Só restava o Miguelito, que decidiu atender só à terceira.

- Bem que podia estar a morrer que tu nem sequer querias saber de mim... - falei assim que ele atendeu.

- Desculpa, estava em silêncio.

- Humhum. – Ele devia achar que eu sou parva, não?! – Isso não interessa. Estou trancada na casa de banho.

Fez-se silêncio do outro lado da linha. Um silêncio irritantemente extensivo.

- Miguel Duarte!

- Eu ouvi, só estava à espera de que dissesses que era brincadeira.

- Mas não é brincadeira. O teu cão está sentado à porta da casa de banho, à espera que eu saia, para poder me matar! – E o pior é que eu acabara de espreitar no buraquinho da fechadura e ver que era mesmo verdade.

[concluída] Submersa pelo Desejo | Série Desejo - I |Onde histórias criam vida. Descubra agora