Lourenço
- Caralho! – gritei enquanto dava repetidos murros na parede.
Talvez a dor corporal aplacasse um pouco a dor que eu sentia no meu peito. Talvez aquela dor que eu estava a provocar a mim mesmo aliviasse um pouco aquele sufoco no meu peito e a dor na minha alma. Talvez atenuasse um pouco aquele sentimento de culpa e aquele vazio que a falta da Gabi me causava.
Mas a não estava a resultar. Tudo permanecia igual.
E a imagem da Gabi a chorar vinha-me à mente. A imagem em que ela chorava piedosamente, em que o sofrimento dela era tanto que passava às pessoa que a rodeavam. A imagem em que ela se agarrava à barriga, talvez numa tentativa vã de trazer de volta o bebé, o nosso bebé...
Não aguentei vê-la sofrer daquela maneira. Não aguentei ficar ali e saber que a culpa dela ter perdido o bebé era minha. Não aguentei ficar ali e ver a suas lágrimas rolarem pela sua face. Não aguentei com a culpa e fui embora, sem sequer lhe dizer nada...
A culpa era minha, não havia nada que aplacasse isso...
Apenas parei de esmurrar a parede quando senti o sangue jorrar da minha pele. Caminhei para a casa de banho e pus a minha mão debaixo de água. Eu estava péssimo, e o reflexo no espelho mostrava isso mesmo.
Os meus cabelos estavam completamente desgrenhados, a minha barba estava demasiado grande, o meu rosto denunciava os dias que eu passei sem conseguir dormir em condições, com olheiras demasiado fundas e negras, olhos inchados de chorar e um hematoma roxo mesmo debaixo do meu olho esquerdo...
E nem eu consegui me encarar. Até eu estava com ódio de mim mesmo e incapaz de me olhar parti o espelho apenas com um murro, soltando um urro de desespero.
Desespero por estar fodido. Por ter magoado a pessoa que mais amava nesta vida, por ter ferido a minha Gabi. Com certeza ela não voltaria a ser a minha Gabi, tampouco voltaria a ser minha.
E as palavras do Miguel ecoaram na minha mente. A culpa é tua, seu filho da puta! – ele gritava enraivecido, enquanto esmurrava o meu rosto – e se lhe acontece alguma coisa, eu mato-te!
E eu estava pronto para a morte. Porque já tinha acontecido "alguma coisa" à Gabi. Eu vi-a desfeita, dilacerada. E havia sido eu que a quebrara, que a mudara.
Arranquei um vidro que se pregara à minha pele e apenas senti a dor no meu peito. Aquela dor que estava sempre ali...
Verti um pouco de whisky num copo e bebi de uma só vez. Senti o álcool arder pela minha garganta abaixo, de uma forma pouco intensa e decidi que precisava de mais daquilo, muito mais. Sentei em frente à televisão, a olhar para o ecrã preto da mesma. E senti-me assim, vazio, desprovido de cor e imagem.
Ouvi alguém bater à porta, mas não arranjei as forças necessárias para ir abri-la. Não queria falar com ninguém, não queria ver ninguém!
- Lourenço, abre a porra da porta, sei muito bem que estás aí! – ouvia a voz da Micaela do outro lado.
Depois de muito insistir, finalmente as batidas cessaram e eu deixei que as lágrimas saíssem dos meus olhos.
O sorriso da Gabi vinha à minha mente o tempo todo e um e medo absurdo de nunca mais o poder ver aflorava dentro de mim como um tsunami. Eu só queria que nada daquilo tivesse acontecido e que tudo permanecesse como antes. Eu só queria amar a Gabi, como sempre fizera desde que a conheci e rezava a todas a divindades existentes para que ela me perdoasse, um dia.
*****
Olá meus amores!!!
Eu sei que este capítulo está bastante pequeno!! Mas amanhã sai a parte 2. Decidi dividir porque são narradas por pessoas diferentes. A 2ª parte é narrada por alguém que nunca narrou um capítulo por aqui! Quem adivinha quem é?
Espero que tenham gostado o suficiente para dar uma ⭐ e comentar tudo o que vos vai na alma!!! Eu já disse que amo ler os vossos comentários!!
Beijinhos, até amanhã!! ❤❤💛💛
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[concluída] Submersa pelo Desejo | Série Desejo - I |
Romance+18||Contém conteúdo considerado adulto. Personagens e acontecimentos são inteiramente da minha responsabilidade. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. ***** Já toda a gente teve aquela paixãozinha por um professor, certo? Aqu...